Números confirmam problema silencioso no Rio Grande do Sul

Karoline Milbradt
Precisamos falar sobre a vida
4 min readNov 16, 2017

Das dez cidades com maiores índices de suicídio, quatro estão localizadas no estado.

Mapa da violência de 2014 apontou que entre 1980 e 2012 as taxas de suicídio no Brasil cresceram 62,5%. Foto: Arquivo internet

Na atualidade, o suicídio é uma das pautas mais discutidas na sociedade devido ao aumento no número de vítimas. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 800 mil pessoas atentam contra a própria vida todos os anos, sendo a segunda maior causa de morte entre jovens de 15 e 29 anos.

O Brasil é o oitavo país em números de suicídios, registrando 11.821 mortes em 2012 e é a quarta maior causa de mortes entre os jovens. O mapa da violência de 2014 apontou que entre 1980 e 2012 as taxas de suicídio no Brasil cresceram 62,5%.

Conforme dados do Mapa da Violência de 2014 (info 1), a cidade de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, foi a que registrou o maior índice — cerca 10 mortes a cada 20 mil habitantes.

O que chama a atenção é que das 10 cidades citadas no gráfico (info 1), quatro estão localizadas no Rio Grande do Sul: Três Passos, Três de Maio, Nova Prata e Santa Cruz do Sul.

Infográfico 1

Dados da OMS e da Comissão de Assuntos Sociais (CAS), apontam que um suicídio acontece a cada 40 segundos no mundo e a cada 45 minutos no Brasil. Se estima que, se nada for feito, em 2020 haverá um aumento de 50% no número de mortes.

Infográfico 2

Na cidade de Três Passos, no RS, por exemplo, a cada 20 mil pessoas, oito atentam contra a própria vida (info 2). Para o CAS, essa informação é alarmante, pois a média brasileira é de seis suicídios a cada 100 mil pessoas. A reportagem entrou em contato com as prefeituras de Três Passos, Três de Maio e Nova Prata e não obteve resposta até o momento.

É necessário que a população fique atenta aos possíveis sinais de pensamentos suicidas, sejam em si ou em indivíduos próximos. Conforme pesquisas feitas pela revista “Galileu”, as vítimas costumam recitar frases de alarme como um pedido de ajuda, para chamar a atenção (info 3).

Os outros sintomas estão relacionados a mudanças inesperadas de comportamento, tornando atividades que antes eram corriqueiras em esquecimento. A depressão e o consumo de drogas também estão ligados aos principais sinais de uma futura tentativa de suicídio, já que deixam a vítima vulnerável e a alteram psicologicamente.

Conforme a doutora Raquel Lacerda Paiani, psicóloga clínica no Hospital do Câncer Mãe de Deus, há uma média de 10 tentativas até o suicídio:

“É importante estarmos atentos a alguns comportamentos, como sintomas de depressão, de tristeza frequente, alteração de sono, apetite, e os mais importantes, que são diminuição de prazer e interesse, sentimento de culpa, desesperança e ideação suicida, principalmente, se essa pessoa já teve alguma tentativa de suicídio prévia”, destaca.

Existem outros fatores que desencadeiam a intenção suicida, como diagnósticos psiquiátricos e uso de substâncias químicas:

“Situações de crise econômica e desemprego podem levar ao aumento do uso de álcool e drogas, problemas no relacionamento familiar, e sintomas depressivos, o que poderia estar associado com a maior ocorrência de suicídio”, salienta Raquel.

A prevenção e o tratamento são muito importantes nesses casos. Procurar um profissional especializado para ter uma avaliação é fundamental, bem como o acesso universal aos serviços de saúde e assistência médica e psicológica, social, integral e apropriada. “Falar sobre o assunto sempre de forma natural e sem preconceitos auxilia a pessoa a se sentir à vontade para solicitar ajuda”, destaca a psicóloga.

Infográfico 3

Em caso de auxílio:
CVV (Centro de Valorização da Vida) — telefone 188 (ligação gratuita) para o Estado do Rio Grande do Sul e 141 (custo de uma ligação local) para todo o território nacional. Pelo site www.cvv.org.br, via chat ou Skype.
O atendimento pessoal é realizado nas unidades do CVV em horário comercial.
CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) mais próximo.

Emergência:
Unidades Básicas de Saúde, Unidades de Pronto Atendimento, Pronto Socorros, Hospitais, SAMU (Serviço de Atendimento Móvel de Emergência) pelo telefone 192.

Produção: Josiele Rangel, Karoline Milbradt, Liliane Pazzini e Renata Ramos

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