Qual campo usar?
Quais foram os critérios usados para a escolha do campo e quem tomou a decisão?
Com o anúncio do retorno do golfe como modalidade olímpica, após 112 anos, na edição dos Jogos de 2016, o Comitê Organizador Rio 2016 e a Federação Internacional de Golfe (IGF) — organização esportiva detentora do conhecimento técnico-esportivo e responsável por aprovar ou vetar as instalações propostas pelo Comitê Organizador, além de dirigir as competições durante os Jogos Olímpicos — começaram a busca por um local para as competições, considerando os existentes e outros terrenos que cumprissem as condições de torneio exigidas pela Federação.
Entre os dias 18 e 25 de maio de 2011, o Comitê Rio 2016 e a IGF realizaram visitas técnicas nos potenciais locais de competição: no Riserva Uno (Riserva) e no ltanhangá Golf Club (ltanhangá). O Gávea Golf Club não foi cogitado como opção por não haver sequer solução técnica nem operacional devido às dimensões do espaço, bem menor que o Itanhangá e sem possibilidade de expansão.
Após análise detalhada dos campos existentes, que levou em consideração logística, acesso, terreno, licenciamento e demais parâmetros esportivos considerados imprescindíveis, o estudo técnico da IGF concluiu que não se justificaria usar o campo de golfe do Itanhangá. O estudo apontou ainda que a readequação seria quase tão custosa quanto a construção de um novo campo de golfe e não resultaria em legado para a cidade-sede. Por isso, com base no estudo técnico da IGF, o Comitê Rio 2016, no Ofício 0263/2011, de 31 de maio de 2011, oficializou à Prefeitura do Rio de Janeiro a escolha do terreno Riserva como o melhor local para a instalação que abrigará as competições de golfe.
Por que não usar o Itanhangá Golf Club?
O Itanhangá é um clube de golfe privado localizado em um vale na zona leste da Barra da Tijuca. O campo, originalmente construído na década de 30, possui 18 buracos com a extensão total de aproximadamente seis quilômetros, além de um campo contíguo, com menor dimensão (nove buracos). De acordo com estudo técnico da IGF, o Itanhangá foi considerado uma opção inviável do ponto de vista operacional. Sob uma perspectiva de competição e de infraestrutura, o campo também não foi avaliado como adequado para receber competições olímpicas, uma vez que não possui a extensão suficiente, não disponibiliza as condições agronômicas necessárias, tem um sistema de drenagem deficiente e problemas de inundação. Em condições meteorológicas desfavoráveis, como em dias de chuva, as competições poderiam ser canceladas.
Além disso, uma renovação de grande dimensão seria necessária numa escala que se assemelharia à criação de um novo campo. Há também a topografia desfavorável do vale onde está localizado, que resulta em acesso limitado através de uma rua estreita, e o espaço insuficiente de suas instalações. Por ser um clube privado e não possibilitar acesso público após os Jogos, a instalação não seria um legado para a população do Rio de Janeiro.
Entre as modificações, a IGF recomendou que a área de localização do terceiro circuito de nove buracos fosse utilizada para a construção de três buracos “de torneio”, para ampliar outros 15 buracos modificados no campo existente. Com a renovação proposta do campo e utilização de três novos buracos, o campo poderia ter a extensão de quase 7 quilômetros, o que pode ser adequado para uma competição olímpica masculina. Também foram sugeridas a reconstrução do sistema de drenagem, instalação de novos sistemas de irrigação e retirada de árvores próximas aos buracos.
O estudo técnico constatou ainda que os custos para reformar o Itanhangá Golf Clube seriam quase tão elevados quanto a construção de um novo campo de golfe de padrão olímpico.
Para a possível reforma do Itanhangá Golf Club e a realização das competições de golfe, o relatório da IGF destacava que isso implicaria a paralisação das atividades do clube para reforma total do campo de golfe e sede, em um primeiro momento, no período de outubro de 2011 a janeiro de 2014, e, posteriormente, para a realização do evento-teste em 2015 e dos Jogos Olímpicos em 2016.
Por que construir no Riserva Uno?
A escolha da área de 97 hectares no Riserva Uno, na Barra da Tijuca, pela IGF e Comitê Rio 2016, levou em consideração:
Localização: A proximidade da Vila dos Atletas;
Licenciamento: A existência de licença ambiental (LMP nº 000146/2008 do processo 14/001.947/2005) concedida em 30 de julho de 2008 pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e de licença de obras pela Secretaria Municipal de Urbanismo (nº 24/0798/2009 do processo 02/371.374/2008), que data de 10 de setembro de 2009, para implantação de um campo de golfe no local, sob a premissa de que a atividade poderia ser a indutora da recuperação ambiental da área, então bastante degradada. Ou seja, as licenças já existiam antes de o Rio se tornar cidade-sede, o que indica que ali já poderia haver um campo de golfe;
Aspectos Técnicos: Em relatório, a IGF também considerou que o terreno seria a melhor opção para atender aos requisitos esportivos, operacionais, logísticos e de abertura ao público em geral, uma das premissas do projeto. O Riserva apresentava ainda solo e fonte de irrigação adequados. O local foi considerado plano e arenoso na sua generalidade, o que o torna ideal para a construção de um campo de golfe;
Legado: Por ser um projeto de instalação esportiva de acesso público, com área de ensino para a prática, o legado que ficará para a população também foi um diferencial na escolha do local. Será o primeiro campo de golfe do Rio de Janeiro com enfoque na promoção do esporte na cidade e potencial facilitador de turismo direcionado ao golfe. Após os Jogos Olímpicos, o espaço será público por 20 anos. Este fato não seria possível com a utilização dos campos existentes na cidade, que são privados e possuem estatutos que restringem o uso das instalações a sócios e convidados. As características olímpicas do campo de golfe ainda permitirão que, após os Jogos, sejam realizadas competições de nível internacional na nova instalação;
Logística: O acesso ao local também pesou na escolha do terreno, por haver área suficiente para os raios mínimos de giro para carga e descarga, disponibilidade de acesso de ônibus e caminhões e, com o BRT Transoeste próximo, o público poderá chegar à instalação a pé.