Maconha x Cannabis Medicinal, Toda maconha é medicinal!

Afinal existe diferença entre a m4conha e a C4nnabis medicinal?

Talvez você já tenha visto essas palavras e as use em diferentes conotações, mas já adianto que não existe diferença entre os termos, sim, isso mesmo! Os dois são utilizados para designar o mesmo objeto, a planta Cannabis Sativa L., que possui muitas variedades genéticas com perfis químicos diferentes (sativa, indica, ruderalis e etc.), mas todas são a mesma planta, vulgarmente conhecida como maconha.

Para entender a origem do conflito é preciso analisar o contexto histórico da planta e seus usos. Acredita-se que a cannabis foi trazida para o Brasil por escravos negros por volta de 1549, e até hoje temos marcado em nossa história toda a opressão e criminalização da cultura negra. Não se sabe ao certo a origem da palavra maconha, mas temos no Quimbundo a palavra Makana, que significa “erva mágica”, coincidentemente ela possui uma fonética muito parecida com a nossa “maconha” sendo essa uma das possíveis origens para a mesma.

O termo Cannabis medicinal soa como uma tentativa de resgate à confiabilidade no potencial farmacológico após séculos de estigmatização de uma planta, assim como de seus usuários. A alternativa da mídia, de acadêmicos e de profissionais da saúde foi literalmente mudar a forma como a chamavam, não porque exista algum problema nos termos, mas sim para recuperar a imagem medicinal da planta. Logo, essa distinção acabou se tornando um fator que contribuiu para a ideia de que m4conha e c4nnabis seriam substâncias diferentes com propósitos diversos.

“Se torna estranho e até redundante dizermos maconha medicinal ou cannabis medicinal, afinal toda maconha é medicinal…”

Não há erro em utilizar qualquer um dos termos apresentados, porém é necessário esclarecer que a droga de abuso encontrada em posse de traficantes é a mesma planta utilizada em medicamentos. Mesmo que haja entre esses dois polos um abismo de qualidade em sua produção, devemos entender que confiar a sua saúde à uma substância de origem e qualidade desconhecida, é diferente de receber um tratamento individualizado com produtos derivados da maconha ou in natura que devem passar por uma cadeia de produção sujeita a normas e regulamentações.

Se torna estranho e até redundante dizermos maconha medicinal ou cannabis medicinal, afinal toda maconha é medicinal assim como o seu uso adulto (recreativo) também pode ser terapêutico. Os únicos elementos que diferenciam o uso medicinal do seu potencial de abuso são: o acompanhamento terapêutico realizado por profissionais e o esclarecimento do potencial farmacológico que o indivíduo busca para si. Sendo assim, como farmacêutico meu conselho para usuários e pacientes, é sempre estarem cientes do que estão utilizando, seja de forma terapêutica ou adulta.