Papo Dichavado #1: Lombra ou Procrastinação?

Prensado Pensado
Prensado Pensado
5 min readMar 1, 2020

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Vamos lá,

Já faz muito tempo que quero escrever aqui para o Prensado Pensado e o espírito da lombra me assombrava, eu não levantava mais da cama e só ficava “marolando” na ideia de escrever todos os pensamentos que se passam pela minha cabeça quando eu estou chapada. Ainda não sei qual será o nome dessa coluna mas com certeza receberei muitos directs no Instagram de psiquiatras querendo me avaliar, brincadeiras à parte acho que isso aqui será bem legal.

Bom, antes de começar a escrever sobre essa lombra que sinto e sobre os motivos os porquês de não ter escrito antes, venho me apresentar para vocês. Me chamo Carolina, tenho 21 anos e sempre escrevi, desde menina, e mesmo sendo super extrovertida, colocava nos meus textos somente meus pensamentos ou vivências minhas que sempre me marcaram ou me divertiram naquele momento. É bom enfatizar e deixar claro que esse texto não tem base científica e é escrito com base em experiências pessoais minhas.

A primeira vez que pensei em escrever aqui pro Prensado foi depois de passar um dia inteiro me sentindo completamente inútil e zero à esquerda em relação à minha vida, ao Prensado e ao meu relacionamento, depois de ter tentado voltar a pintar durante uma segunda-feira de recuperação, onde ainda estava de atestado médico do trabalho e me recuperava de uma cirurgia, tentado criar arte com as mãos e a pele, não consegui ser produtiva e nem realizada como artista ou como eu mesma.

Depois desse dia todo, sentei no fim da tarde com o Jonatas e depois de chapar o coco, começamos a discutir sobre a nova identidade visual dos posts do Prensado e, no meio de muita conversa e criação, surgiu um novo conceito de arte na minha vida: as colagens. Eu gastei a onda seríssimo em criar uma arte que fosse totalmente diferente do que eu estava acostumada à criar e ainda me permiti aprender e estudar mais sobre as técnicas além de, praticar o que eu sabia de design. Para se ter uma ideia, eu fui dormir pensando em coisas que eu poderia fazer colagens e sonhei com um monte de temas (ok, agora é que os psicólogos ficam alertas).

Foi a primeira vez que, quando a onda passou, eu me vi realizada, esgotada, emotiva e tendo um orgasmo criativo por criar algo meu, algo que me agradasse e que fosse diferente. Eu quis muito escrever algo mas não sabíamos como entraria no Prensado e se isso agregaria algo. O assunto ficou no ar mas sem muita base.

A segunda vez que senti vontade de escrever, bom, eu realmente não me lembro, e o jonatas também não lembra. Mas isso também é um motivo para eu estar escrevendo, tenho medo de esquecer essas histórias e pensamentos que passam pela minha cabeça chapada e eu queria muito pensar que não sou a única que viaja na maionese quando chapa o coco e decide queimar a mufa com várias ideias.

A terceira vez que pensei em escrever foi exatamente agora. Jonatas está jogando e de novo pensei em como eu estava procrastinando firme sem fazer nada. Eu não ia fazer arte pro Pensado por que estava muito cansada pro computador, eu não queria ver nada na Tv e meu celular estava carregando bem longe e bem zerado. De repente, me vi deitada no meio da bagunça da cama, que eu não queria arrumar, olhando pro teto branco e pensando em tudo isso. Pensando em todos os meus passos que fizeram estar ali onde eu estava e pensando em como eu procrastinava ao invés de fazer muitas atividades, talvez prazerosas, por causa da lombra. Ou talvez, eu só colocasse a culpa na lombra e não admitia que sou uma preguiçosa ou que só estou cansada e ás vezes não é tão ruim assim não fazer nada e só ficar de bobeira.

Mesmo sendo relativamente tarde, eu não queria dormir, eu estava incomodada em ter tantas boas histórias e pensamentos ocorrendo o tempo todo e eu procrastinando todo tempo livre que tinha para escrever ou estudar, fazendo ABSOLUTAMENTE nada. E não era culpa do Jonatas por não me dar espaço ou tempo mesmo morando juntos, não era a rotina de trabalho por que até que eu estava bem dando aula de novo pras crianças. A culpa era minha por procrastinar.

Resolvi correr para pegar o laptop e começar a escrever, o tempo que ele levava para ligar estava mais rápido e mesmo sem word, vai no wordpad mesmo e será editado no Medium kkk, o texto foi indo devagar e fluindo.

Fico triste por não lembrar mesmo o segundo motivo, e se eu lembrar vou colocar como nota de observação no final do texto, mas fico feliz de ter saído algo como esse texto.

Sei que muitas pessoas também se sentem assim, essa lombra, essa procrastinação, essa vontade e ideia de fazer algo mas nunca tem a ação de colocar em prática. Bom, posso afirmar que é bem difícil vencer a lombra, de forçar seu corpo à tomar uma iniciativa e parar de se sentir morgado e agir, mas acho que a “adrenalina” que sinto quando venço a lombra e começo a fazer alguma atividade é muito gratificante, e acho que qualquer um deveria se propor à fazer isso mais vezes, não se deixar vencer pela lombra e literalmente, gastar a onda fazendo algo que se gosta ou que precisa fazer.

Não devemos alimentar o esteriótipo de que a maconha nos deixa improdutivo e morgado, temos que ser a diferença no meio de tanto preconceito. Mostrar que tem dias que não queremos fazer nada mesmo e só curtir a onda, e que está tudo bem ficar assim também, mas que conseguimos agir e ser sempre extraordinários e produtivos naquilo que começamos a fazer.

Espero conseguir escrever mais e trazer boas conversas por aqui. O direct do Instagram estará sempre aberto para conversas, ideias de texto e também críticas.

“No ápice do cansaço, surge um despertar de euforia.” criei agora, doideira de maconheira.

Valeu galera, até a próxima.

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Antiproibicionistas à favor da liberdade de expressão. Coletivo de informação sobre educação de drogas e redução de danos.