Redução de danos: uma abordagem necessária

Jonatas Reis
Prensado Pensado
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2 min readJan 13, 2020

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Após o proibicionismo o uso de drogas foi um tema demonizado pela mídia e cada vez mais se tornou nebuloso. Com a tentativa de deixar as pessoas longe das drogas as informações foram ocultadas, manipuladas e até falsificadas, criando um conceito mundial de que as drogas são o pior mal da humanidade. Mas afinal, drogas são ruins ou não?

Primeiramente devemos saber o que são drogas. Segundo a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS, 2006), droga nada mais é do que qualquer substância não produzida pelo organismo que tem a propriedade de atuar sobre um ou mais de seus sistemas, produzindo alterações em seu funcionamento. Baseando-se nessa definição, podemos dizer que desde produtos alimentícios, como café e açúcar, até as famosas substâncias ilícitas estão inclusas nesse grupo.

As drogas ilícitas que conhecemos, como maconha, cocaína e crack por exemplo, são amplamente utilizadas na sociedade e a impressão que temos é que a guerra às drogas não está levando a nenhum resultado. Os usuários continuam consumindo e sofrendo repressão pelo fato de escolherem utilizar alguma substância, transformando uma questão de saúde pública em caso de polícia.

Com a experiência adquirida em campanhas improdutivas como “Diga não às drogas”, profissionais da saúde começaram a adotar outro modelo de educação de drogas, o famoso redução de danos, definida pela IHRA (International Harm Reduction Association) como um conjunto de políticas e práticas cujo objetivo é reduzir os danos associados ao uso de drogas psicoativas em pessoas que não podem ou não querem parar de usá-las. Logo, a redução de danos foca na prevenção aos danos ao usuário, ao invés da prevenção do uso de drogas; bem como foca em pessoas que continuam a utilizá-la.

A redução de danos, busca trazer uma abordagem mais honesta ao usuário, não induzindo ao fim do uso, mas sim informando sobre o uso consciente, de forma que os danos à saúde sejam menores educando sobre os riscos e consequências das drogas (baseado em evidências e não em fake news), e orientando principalmente como reduzir os riscos à saúde.

O profissional redutor de danos não tem somente um compromisso com a saúde pública, mas também social, beneficiando o usuário e as pessoas próximas a ele, pois o trabalho transparente e informativo é sempre recompensado pelo ganho de confiança da população alvo. Seu papel é de ajudar pessoas que tem problemas com drogas, podendo ela desejar parar ou não o consumo, trazendo dignidade e voz para pessoas que são estigmatizadas pela sociedade.

Afinal, drogas são ruins? A resposta é clássica, não tem firulas, nem enrolação, aos poucos a ciência nos ensina que simplesmente, é uma questão de dosagem.

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Jonatas Reis
Prensado Pensado

Farmacêutico e antiprobicionista. Faze o que tu queres há de ser todo da lei.