Liderança saudita é posta à prova: quem realmente comanda a Renewal Of Hope?

Comandantes emiradenses do gabinete falham em missão não autorizada pelo comandante da Coalizão e aliados locais são mortos.

Greg SoFre
PRESS UFRGSMUN
3 min readNov 2, 2018

--

Al-Jazeera

Fonte: Al-Jazeera.

Uma ação autorizada por dois comandantes do gabinete da Operação Renewal Of Hope (ORH) causou bastante consternação aos outros membros presentes. Os tenentes-generais Ighor Belém, comandante das Forças Especiais, e Henrique Rael, comandante do Comando Terrestre da Coalizão, chefiaram uma missão para capturar um terrorista ligado à Al-Qaeda no governorado de Abyan, no sul do Iêmen.

Segundo fontes, um número não estimado de aliados locais da Coalizão foram mortos no confronto com terroristas. O alvo da missão conseguiu escapar do local, e até o momento, não há notícias do paradeiro do terrorista procurado. No gabinete da ORH, os comandantes em questão, ambos emiradenses, alegaram que receberam uma informação falsa de uma general de infantaria dos Emirados Árabes acerca da localização do alvo, e depois da realização da missão, foi confirmado que na verdade o suposto terrorista morto era um aliado. Até o momento, nenhuma punição aos comandantes foi feita da parte do comandante da ORH, Matheus de Rose.

Protestos em Aden tem 137 pessoas mortas

Protestos eclodem por toda a cidade de Aden, cidade portuária no sul do Iêmen, contra a situação de pobreza e insegurança dos civis. Em resposta, o governo de Abdrabbuh Mansur Hadi — defendido pela Coalizão Saudita — reprimiu as manifestações com violência. Cerca de 137 pessoas foram mortas.

A Coalizão Saudita liberou uma declaração na qual afirma que “considera legítima as formas de manifestações pacíficas” e “repudia a repressão destas”. A Coalizão também lamenta as mortes e oferece condolências às famílias. Fontes afirmam que o governo Hadi recebeu apoio externo ao seu governo na repressão dos protestos. Até o momento, a Al-Jazeera não pode confirmar essa informação.

Liderança saudita? Nunca nem vi.

A liderança da Coalizão pela Arábia Saudita parece estar ruindo, e isso é extremamente prejudicial à busca pela estabilidade política do Iêmen. É dever do comandante da ORH Matheus De Rose manter a organização e a coordenação das missões realizadas pela Coalizão. No entanto, seus comandados estão atuando pelas suas costas, e sua resposta não é à altura de seu cargo.

Arábia Saudita e Emirados Árabes, apesar de ambos almejarem a estabilidade política no território iemenita, suas estratégias e as concepções de como essa estabilidade pode ser alcançada são completamente distintas. Enquanto a Arábia Saudita se propõe a ações mais pontuais, os Emirados Árabes optam por um maior controle do território, bem como acreditam na fragmentação política do Iêmen como forma de alcançar seu objetivo, diferentemente da Arábia Saudita, que acredita que o país deve se manter unido.

Ter aliados que pensam de forma tão distinta é receita certa para o fracasso. Isso é comprovado pela insubordinação dos comandantes emiradenses ao comandante da ORH que é saudita. Sem uma liderança forte e uma sintonia entre aliados, a intervenção no Iêmen trará mais instabilidade para o país e para o mundo árabe.

--

--