A experiência das aulas online mudou!

Josias Salermo
Pretux
Published in
4 min readMar 1, 2022

Este artigo foi desenvolvido após a realização do curso de formação em UX Design da Mergo

2021 foi sem dúvida um ano marcante para todos. Estávamos quase 1 ano vivendo o pesadelo da Pandemia do Covid-19. A economia global estava abalada. Lojas, restaurantes, academias e vários outros seguimentos não podiam funcionar com risco de contaminação. Muitos estabelecimentos fecharam definitivamente. Isso também refletiu na educação. As escolas primárias e secundárias, as universidades, os cursos livres, todos tiveram que parar com suas atividades presenciais, pois naquele momento a orientação era de que não poderia haver aglomeração de pessoas em um mesmo ambiente.

Mas como fica a educação ? Como continuar o aprendizado ? Como não estagnar mentalmente ?

Até então, as aulas nas escolas precisavam da presença física do professor, dos trabalhos em grupo em sala. O intervalo que víamos as crianças brincando, dançando e se abraçando, isso não existia mais. Nas faculdades a interação com o Mestre, os debates, os bate papos na sala do centro acadêmico que eram de costume já não eram permitidos. Todo esse convívio social com o outro se foi.

A quarentena que não acabava nunca, mudou o relacionamento com o próximo drasticamente. A recomendação era para ninguém sair de suas casas, salvo trabalhadores essenciais e, caso precisasse sair, não deveria abraçar, cumprimentar com as mãos, e usar máscaras o tempo todo. E aquele famoso calor humano pelo qual nós brasileiros somos mundialmente conhecidos? Todas essas mudanças refletiram negativamente também na educação. Como ter esse contato com os professores? Como trocar experiências? Como fazer novas amizades?

Bem, durante o ano de 2021, dediquei boa parte dos meus estudos para entender mais a fundo sobre a área de UX. Estava na empresa júnior da faculdade e lá estava responsável por criar os wireframes e protótipos de sites e sistemas. Porém, sabia que precisava aprofundar meu conhecimento na área, principalmente em pesquisa.

No fim do ano, mais precisamente em setembro, participando da PretUX, que é uma comunidade que oferece apoio, direcionamento, mentoria e qualificação para profissionais pretos de UX, tive a felicidade de ser contemplado com uma bolsa para realizar a formação em UX Design na Mergo | Redação. Sinceramente não acreditei, pois já vinha acompanhando a escola há algum tempo e tinha muita admiração pelo Edu Agni, fosse pela humildade, mesmo sendo uma referência na área, fosse por ser um professor fantástico. Enfim, admiro demais o cara, e fiquei extremamente feliz por ter conseguido essa oportunidade de realizar a formação em uma escola de Design que é referência.

Mas não é um curso que você pode ir lá, comprar e fazer? Teoricamente sim. Porém vivemos no Brasil, e os cursos de UX na área ainda são caros para grande parte da sociedade. Entrar na área de UX ainda é elitista. Não basta apenas querer entrar e pronto. Os cursos são caros, os livros são caros, precisa ter um computador razoável e conexão com a internet. Para muitos, tudo isso que estou descrevendo possa parecer banal, mas para boa parte da população negra, preta, periférica é um imenso obstáculo. Por isso, iniciativas de doações de bolsas são de fundamental importância para contribuir com a inclusão social de pessoas menos favorecidas socialmente em meios que sem esse apoio jamais teriam condições de ter tal acesso.

E esse é meu caso. Sou negro, moro em uma cidade do interior de Minas Gerais. Na ocasião que ganhei a bolsa de estudos, estava desempregado. Então, sem tal apoio por parte da Mergo | Redação em parceria com a PretUX, sem dúvida não teria condições financeiras de realizar a formação.

Iniciei na 12ª Turma de formação em UX Design. As aulas eram online realizadas nas terças e quintas das 19:00 as 22:30 horas. Os encontros eram através do Zoom.

E é ai o ponto central deste artigo.

Como era fazer cursos online? Gravavam inúmeras aulas sobre um assunto, disponibilizavam em uma plataforma e deixavam lá. Caso o aluno quisesse vê-las, ele dava o play, caso não, era mais um curso sem fazer. Não tinha interação com o professor. As vezes poderia ter um chat que era possível colocar suas dúvidas e talvez haveria resposta.

As aulas da formação, embora online, eram todas ao vivo. Cada aluno em suas casas. Ponto este que possibilitou pessoas de vários locais geograficamente distintos poderem estar interligados, trocando conhecimento e experiência uns com os outros em um mesmo ambiente virtual. Ou seja, uma diversidade muito maior. A turma era formada por pouco mais de 30 alunos. Tinham pessoas de vários estados brasileiros diferentes. Como que no formato presencial poderíamos ter essa diversidade cultural em um único local? Pois, como eu poderia sair daqui de Minas e ir para São Paulo fazer o curso? Não teria como. Por mais que eu tivesse ganhado a bolsa do curso, ainda teria passagem, hospedagem, alimentação e transporte. Sem dúvida, não teria como.

As aulas sendo ao vivo possibilitaram a troca de conhecimento com o professor em tempo real. Caso ele falasse algo que alguém não entendesse, naquele mesmo instante poderia pedir nova explicação.

A turma foi dividida em 6 grupos. E, no decorrer de cada aula, tínhamos atividades práticas e colaborativas. Para essas atividades utilizávamos a ferramenta Miro. Com ela era possível colar post-it virtuais, fazer todo o fluxo de Design.

Sem dúvida, a experiência de realizar aulas online mudou. O curso de formação refutou minha hipótese que cursos online eram maçantes, sem orientação do professor e sem network.

Parabéns Edu Agni, parabéns professores, parabéns Mergo | Redação!

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