Acessibilidade Digital — não é só para quem você está pensando.

VanessaCampoy
Pretux
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4 min readAug 4, 2022

Este artigo foi escrito como forma de agradecer a PretUX e How Education pela oportunidade de participar do Bootcamp sobre Acessibilidade Digital que foi ministrado por Paulo Aguilera Filho .

Antes do Bootcamp, eu achava que para um site ser acessível bastava desenvolvê-lo pensando nas pessoas com deficiência auditiva ou visual. Estava enganada. Um produto digital deve ser pensado para que o maior número de pessoas possível possa usá-lo sem dificuldades.

Eu, você, todas as pessoas temos o direito de usar um site/app com autonomia e segurança, independente de condição física ou habilidade com a internet.

Quando se desenvolve um produto pensando em quem vai usar, faz parte do processo compreender as características e individualidades de cada um, suas necessidades, grau de instrução, características regionais, idade, gênero e classe social.

Muitas empresas ainda acham que dá trabalho desenvolver produtos acessíveis, talvez porque pensem que pessoas mais velhas, com deficiência ou com baixo grau de escolaridade não são seu público alvo. Mas a pesquisa feita pelo IBGE em 2019 mostrou que no Brasil 17,3 milhões de pessoas tem algum tipo de deficiência e 1 em cada 4 tem mais de 60 anos. A população está envelhecendo e seria pouco inteligente virar as costas para essas pessoas que são consumidoras.

Deu para perceber que pensar em produtos acessíveis também é pensar em negócios, né?

Fazer coisas simples do dia a dia, como usar um aplicativo de banco, uma compra em um e-commerce, pedir uma refeição deve ser algo ao alcance de todos, até porque existe uma lei que assegura esse direito, a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Artigo 63, diz que:

“É obrigatório que páginas web mantidas por empresas com sede ou representação comercial no Brasil sejam acessíveis, conforme as melhores práticas e diretrizes de acessibilidade adotadas internacionalmente.”

Mas, apesar da existência da lei, apenas 0,61% dos sites brasileiros estão acessíveis e a situação é ainda pior quando olhamos para os sites do governo, somente 0,34% estão de acordo com a lei.

Em uma parte do curso fomos separados em grupos, cada equipe teve a tarefa de analisar um grande site de compras e infelizmente a maioria não estava seguindo nem o mínimo que a WCAG recomenda.

Por falar em WCAG vamos a ela:

Ela conta com 78 recomendações que fundamentam a construção de conteúdos digitais acessíveis para todas as pessoas.

Esses são os princípios básicos que todo site deve seguir para ter o mínimo de acessibilidade:

Perceptível: todo conteúdo deve ser percebido, principalmente no sentido da visão e audição.

Operável: toda operação que o usuário fizer deve funcionar, tanto com o uso do mouse ou do teclado.

Compreensível: todo conteúdo deve ser escrito de forma simples e clara, pensar se o uso de estrangeirismos faz sentido para seu público já que menos de 5% da população brasileira fala inglês de forma fluente.

Robusto: o site deve ser funcional em qualquer ambiente que ele seja acessado, pensar na responsividade e limitações de internet.

Temos também o Gaia — guia de recomendações sobre design digital inclusivo para pessoas com autismo da Talita Pagani, ele conta com 28 recomendações que complementam a WCAG.

Vamos falar sobre imagens

*Essa parte do curso foi ministrado pela Paula Volker.

Descrever imagens é muito importante para que se tenha uma boa experiência, permite que pessoas cegas ou com baixa visão saibam o motivo do uso de determinada imagem, auxilia quando ocorre um erro no carregamento da página e melhora a indexação do conteúdo nos mecanismos de busca.

O que é importante na hora de descrever uma imagem?

Se perguntar o que seria escrito no lugar caso a imagem não estivesse ali.

Qual o contexto para aquela imagem estar ali.

O que a imagem quer transmitir.

Não é necessário ser detalhista, ao contrário, ser sucinto é a melhor escolha.

O que não fazer ao descrever uma imagem

Não é necessário descrever imagens decorativas, como um ícone por exemplo.

Não escrever suposições: está triste, está pensativo, maravilhoso, etc.

Como saber se uma imagem é decorativa?

Se pergunte, essa imagem faz falta ao conteúdo?

Descrevendo imagens nas redes sociais

Inserir texto alternativo que já existe nas plataformas.

Usar hashtags: #Pracegover #Pratodosverem

Exemplo de descrição: mulher de pele preta, cabelo curto solto, com os olhos fechados, veste uma camisa branca.

Como não descrever: mulher negra, está feliz, ao fundo prédios desfocados com algumas luzes acesas, um dos imóveis parece uma casa.

mulher de pele preta, curto solto, com os olhos fechados, veste uma camisa branca.

Algumas coisas que podem ser um começo para que seu site se torne mais acessível:

  • Usar código semântico e validar o HTML no W3C;
  • Testar a navegação pelo teclado;
  • Pedir ajuda na comunidade ou empresas especializadas;
  • Usar a fonte com no mínimo tamanho 16px;
  • Menus devem abrir e estar acessíveis via teclado;
  • Não use links com texto do tipo “clique aqui” ou “saiba mais” e sim com uma frase que mostre ao usuário para onde ele vai seguir ao clicar;
  • Preste atenção ao contraste de cores;
  • Não usar cores com muito brilho ou forma de guiar para onde o usuário deve seguir, ícones e texto devem fazer parte do conjunto;
  • Validar com pessoas diversas e dar abertura para feedbacks;
  • Ter um time de desenvolvimento diverso.

Alguns materiais que podem ajudar a conhecer mais sobre o assunto:

Artigo sobre como funcionam os leitores de tela

Artigo sobre como construir paleta de cores acessíveis

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VanessaCampoy
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Cada dia mais apaixonada pelo universo de UX Design.