Como construir, escalar e melhorar produtos e serviços seguindo uma visão PLG

Luis Felipe
Pretux
Published in
5 min readJan 8, 2022
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Bom antes de começar a falar sobre a minha experiência no curso de PLG, devo agradecer primeiramente a comunidade PretUX que me proporcionou uma bolsa para poder fazer parte da turma e expandir minha visão sobre o assunto.

Contexto

Antes de tudo, gostaria de me apresentar: sou Luis Felipe Sobrinho, Product Designer que, na mesma semana do curso, recebeu uma promoção para o cargo de Lead (um dos meus maiores objetivos dos últimos 2 anos) em uma start-up no oeste do Paraná.

Estudo sobre UX design desde o final de 2016 e como gosto de dizer “me apaixonei no primeiro artigo”. Há alguns anos, o acesso ao conteúdo de design não era tão facilitado como hoje, não existiam muitos cursos na área e boa parte do conteúdo ainda era encontrado em língua inglesa.

Qual era a proposta do curso

O curso foi todo ministrado pelo grande Josias Oliveira, um dos designers brasileiros pioneiros nessa abordagem. Eu ouvi falar no Josias no final de 2019 quando ele lançou o livro “Design de Produto: Uma visão Product-Led sobre design de produtos digitais”. Esse livro foi um dos divisores de água para minha visão do mercado de produtos digitais e de como construir produtos que escalam de uma forma diferente do que estava habituado a ver no mercado.

Durante as aulas, ele nos desafiou a resolver um problema de um produto real e ter contato com seu respectivo criador, o famoso Demian Borba. O produto se chama Pacto e sua proposta era de conectar professores/treinadores com todo tipo de atleta, desde o mais amador até o mais profissional.

Nosso trabalho foi aplicar todos os conceitos ensinados durante a aula nesse produto desde o segundo encontro, com direito a entrevista com uma possível pessoa usuária que viu no produto uma oportunidade para alavancar suas aulas em momento de pandemia.

Com isso, fomos separadas em grupos e cada grupo tinha o desafio de construir uma solução para o produto que no final seria apresentada para os colegas e stakeholders da empresa.

Um pouco mais sobre PLG

PLG é uma estratégia de crescimento baseada no produto/serviço, ou seja, os leads passam a ser gerados, filtrados e até mesmo convertidos direto no produto. Como um bom exemplo, gosto de citar nosso queridinho Slack com o crescimento mais rápido da nossa história.

Em seus princípios, temos cinco pontos que costumam ser destacados, sendo eles:

O cliente não pode pagar por uma ineficiência do seu produto

Não tolerar erros e ineficiências que penalizam o nosso cliente. O produto deve ser self-service e atender o cliente em todos os requisitos, sempre gerando a melhor experiência possível. Deve ser fácil pro cliente usar, mesmo que seja mais difícil para implementar.

Obsessão pela pessoa usuária

Cada usuário é único e ele merece toda atenção e devido respeito. Nenhuma dor pode ser ignorada. Todos no time se envolvem em feedback de usuários e todos no time participam do maior número de entrevistas e testes com usuários. Esses feedbacks se transformam em melhorias rápidas no produto através de um processo de evolução contínuo.

Protocolo não pode ser maior que a utilidade

Não podemos entrar em modo piloto automático. As cerimônias devem ser adequadas a sua utilidade, servir ao real propósito aos quais elas foram concebidas. Se algo não está ajudando ou não está tornando nosso trabalho mais eficiente, despriorizamos. Aplica-se em todas as cerimônias que devem ser questionadas sobre sua real utilidade.

“Não é possível fazer um produto eficiente se nosso processo é ineficiente”

Extreme ownership

Cada indivíduo no time sabe que é uma peça fundamental para entrega do todo e todos são responsáveis pelas entregas nas quais estão comprometidos. Poder de tomador de decisão para todos no time. Todos comprometidos com o time, como um todo.

Transparência radical

Para que todos estejam comprometidos, é preciso ter transparência total. As pessoas precisam dizer o que precisa ser dito, no momento adequado e com o devido contexto. Ninguém pode se sentir ofendido por um questionamento ou por algum feedback. O que precisa ser dito, será dito, inclusive usaremos o termo adequado quando necessário. Da mesma forma, defenderemos com todas as nossas forças qualquer membro do time que precisar de ajuda.

Uma nova forma de visão sobre o produto/serviço

Um ponto que me chamou muito atenção e mudou a forma que eu comecei a enxergar o produto é de que ele deve ser o principal “ativo” da empresa, ou seja, a pessoa usuária deve conseguir acessar o produto de maneira fácil, aprender com sua utilização, tirar dúvidas diretamente nele e, no caso de querer efetivamente pagar pelo produto/serviço, a pessoa usuária consegue realizar todo esse processo diretamente no produto, sem a necessidade de uma intervenção de fora.

Resumindo: o produto/serviço deve ser selfservice, de fácil de navegação e curva de aprendizado, com uma excelente experiência e entregar valor desde a primeira interação.

Equipe e comunicação da empresa é o que faz o negócio acontecer

Outro ponto muito interessante discutido durante o curso é de que a responsabilidade de um produto crescer não é de um time específico mas sim de toda empresa. Não adianta nada o produto resolver um problema, o setor de marketing comunicar outra coisa e o setor de vendas vender outra diferente das anteriores.

Nesse ponto, é importante ressaltar que a empresa deve sim aprimorar seus processos e conectar todos os setores para que juntos eles possam construir o produto usando como referência os mesmos argumentos e mesma direção.

“Produto é o resultado da forma de como as pessoas se relacionam” — Josias Oliveira.

Cuidados para não ficar preso nos processos de design

Outro ponto que mudou a forma com que eu enxergava os processos do time de design, foi uma discussão muito calorosa que tivemos sobre tal assunto. Os famosos processos de design que hoje são, na minha opinião, um dos maiores causadores de atrito entre os times é transformado em um ator secundário e passa ser mais um guia do que um “ditador” de regras.

Pode parecer óbvio isso, mas é uma realidade com a qual convivi no passado. Essa era uma dor em todos os times que passei e muitas vezes eu fui o designer que defendia o processo com unhas e dentes. Com o tempo, eu fui aprendendo a reinterpretar o que os processos significavam para mim e comecei exercer mais autonomia sobre eles.

“Processo ajuda você a dar determinados passos, mas em algum momento você terá que seguir com seus próprios pés”

Concluindo

No fim, foram 3 semanas bem cansativas mas com gostinho de dever cumprido, não apenas por conseguir construir uma solução na qual meu time acreditava mas por ter chegado ao final e ter conseguido reparar na nossa evolução.

Essas três semanas, para mim, foram realmente uma oportunidade de amadurecimento como designer que constrói produtos, mas também de poder conhecer e conversar com muitas pessoas da área em seus diferentes contextos de atuação e maturidade.

Quero agradecer novamente à PretUX pela oportunidade da bolsa — se não fossem vocês eu não conseguiria aproveitar essa oportunidade. Meu querido mentor Rodrigo Muniz que foi essencial durante essa caminhada. Josias Oliveira o qual foi responsável por construir e planejar o curso de uma maneira graciosa e por último, mas não menos importante, meu grupo composto por Roque Sales, Dione Moreira, Daiane de Paula, Renato Carneiro e Vitor Morais. Foi uma honra conhecê-los e poder trabalhar com vocês!

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Luis Felipe
Pretux
Writer for

Product Designer who is passionate about design, people, product development, and a natural problem solver.