Compreendendo o processo de UX Research

Bruno Santos
Pretux
Published in
4 min readAug 8, 2022
Foto: Reprodução — Unsplash

Esse artigo foi escrito após a conclusão do bootcamp “UX Research”, realizado pela How Education, com a bolsa fornecida pela PretUX.

“Se eu perguntasse a meus compradores o que eles queriam, teriam dito que era um cavalo mais rápido”, disse Henry Ford, responsável pela popularização do automóvel, em 1908. Uma frase memorável que demonstrava a importância de desenvolver um produto que supra a real necessidade de seus consumidores. Contudo, o processo no qual determinamos o melhor design possível para um produto ou serviço evoluiu e se especializou, se tornando uma área conhecida como UX Research.

UX Research (pesquisa de experiência) busca por meio da coleta e análise de dados, qualitativos ou quantitativos, extrair informações que possam solucionar problemas e gerar melhorias de design com uma maior assertividade, considerando os usuários o ponto central de todo o processo. Mas para isso, não basta perguntar às pessoas o que elas querem ou precisam. Embora fazer perguntas faça parte de um bom processo de UX Research, esta é apenas uma pequena parte daquilo que o pesquisador de usabilidade precisa fazer para criar propostas que gerem valor.

Este processo pode ser dividido em etapas. Primeiro é preciso entender o contexto ao qual a pesquisa se insere, o que pode ser feito através de uma Desk Research. E então, munidos de algumas informações iniciais, criar hipóteses, definir dúvidas e listar fatos que serão a base da pesquisa. Neste ponto, a matriz CSD é uma ótima ferramenta para organizar estas informações.

A partir daí, é possível planejar a pesquisa definindo pontos importantes como: qual o objetivo da pesquisa? Quem fará parte da pesquisa? Qual o prazo para a conclusão dela? Qual métrica será utilizada para defini-la como bem sucedida? Qual será o método de recrutamento de participantes? E até mesmo, como divulgar os resultados da pesquisa para que ela tenha o maior impacto possível?

Após responder estas perguntas, é possível escolher quais métodos serão mais adequados para o estudo. Estes métodos incluem mas não se limitam à:

  • Diário de uso — Método de pesquisa em que o próprio usuário registra sua rotina com as informações pertinentes ao foco do estudo.
  • Questionário — É um conjunto de perguntas que busca adquirir informações sobre um grupo representativo para o contexto da pesquisa.
  • Entrevista — Conversa em profundidade sobre tópicos importantes para a pesquisa, que pode seguir um roteiro pré-definido ou não.
  • Grupo focal — Uma conversa em grupo com o objetivo de compreender diferentes percepções sobre um determinado tópico, a partir das diferentes visões de mundo de seus participantes.
  • Shadowing — Neste método, o pesquisador acompanha o usuário enquanto ele interage com um produto ou serviço por um período de tempo que pode variar conforme a profundidade do estudo. Isso permite observar problemas de usabilidade e identificar oportunidades de aprimoramento do design.

O método mais apropriado para cada pesquisa de usabilidade vai depender de alguns fatores, como recursos disponíveis, prazo e escopo do projeto. Contudo, numa fase posterior, em que estes dados serão analisados, será muito útil possuir tanto dados qualitativos (que demonstram motivações e necessidades) quanto quantitativos (que podem ser demonstrados numericamente) para comprovar ou refutar as hipóteses estabelecidas inicialmente.

E por falar em facilidade, uma boa sistematização dos dados adquiridos por meio dos métodos de pesquisa, faz toda a diferença. Sejam elas pesquisas quantitativas ou pesquisas qualitativas. Como estes dois tipos de pesquisa geram dados de natureza distintas, a abordagem para a sistematização dos dados também é diferente.

Em pesquisas qualitativas, categorizar respostas e achados de natureza similar possibilita um melhor agrupamento destes dados. Para isso, tanto um dashboard no Miro quanto o bom e velho Excel podem servir. O importante é que haja uniformidade no padrão adotado para as categorias e agrupamentos criados, que devem ser mutuamente excludentes. Lembrando que, quando entrevistas e testes de usabilidade são utilizados como métodos de pesquisa, transcrições e sintetizações podem ser necessárias para que a sistematização seja possível.

Já para os dados quantitativos, o meio mais comum de realizar esta sistematização é por meio de gráficos que sumarizam os dados coletados de forma clara para aqueles que consumirão estas informações.

Com uma base de informações sistematizada, fica muito mais fácil identificar as evidências demonstradas pelos métodos de pesquisa utilizados. Tais como taxa de sucesso na realização de uma tarefa num teste de usabilidade, número de vezes que uma opinião sobre um produto se repetiu durante as entrevistas ou mesmo a prevalência de um período do dia em que um serviço é mais utilizado. Estas evidências são o material necessário para refletir sobre as causas que geraram os dados encontrados e as possíveis relações entre eles. Por fim, a interpretação das evidências encontradas permite propor melhorias de design, revelar demandas de funcionalidades e novas hipóteses que podem ser a base de um novo ciclo de pesquisa de experiência do usuário.

--

--