Migrar do Design de Produto para UX design é mais fácil ?!

Um breve relato da minha experiência de transição de carreira

Micaelle Lima
Pretux
4 min readNov 29, 2021

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Todo processo de transição de carreira é um desafio que te gera expectativas e alguns medos, não é diferente quando se trata das áreas de tecnologia. Diz-se que a tendência é a maioria das carreiras se tornarem cada vez mais digitais, haja vista o avanço tecnológico constante e a presença cada vez maior de ferramentas digitais (como aplicativos e plataformas de serviços) no nosso dia a dia.

A “User Experience” (UX) ou Experiência do Usuário é uma área em crescimento juntamente com suas específicas “partes do todo” como UX research, UX writing, UI. Com esse crescimento, surgem maiores oportunidades laborais, o que provavelmente tem sido motivador para a migração de tantos profissionais para esta área.

Quando decidi migrar para o Design de Experiência do Usuário (UX Design) mesmo já sendo formada em Design de Produto, deparei-me com um universo de coisas novas que na minha formação acadêmica ainda não havia experimentado. Na universidade, principalmente, aprendemos o quanto o design é uma ciência transdisciplinar e, por abarcar tantas disciplinas e conhecimentos para além dos disciplinares, e ser utilizado como abordagem em diversas áreas, essa ciência está em constantes atualizações no que cerne às suas metodologias e ferramentas ou softwares.

O processo de migração para área de UX se torna mais fluido quando o profissional já é formado em quaisquer áreas do design (produto, moda, gráfico, por exemplo), pois a criatividade e propostas de soluções de problemas já são exercícios inerentes ao dia a dia desse profissional. Apesar disto, a grande diferença está na plataforma onde este conhecimento teórico é aplicado. Em meu caso particular, em que minha formação como designer de produto foi focada em design de calçados (o que ainda é uma paixão), criar um produto digital como um aplicativo é trabalhar o processo criativo de design por uma óptica bem diferente a do desenvolvimento de uma coleção de sapatos. As necessidades são outras, os estudos ergonômicos são outros, as ferramentas de prototipagens são outras.

Diante dessas diferenças, o que de fato sinto neste momento é estar redescobrindo o design como disciplina prática. Propostas de soluções de problemas reais, não apenas desenvolvimento de produtos da chamada “demanda inexistente”, pautados pelas atuais tendências de moda, que, diga-se de passagem, nem sempre estão alinhados com as necessidades/desejos dos usuários.

Entretanto, cabem aqui dois esclarecimentos:

  • Primeiro: “User Experience” não é pensada apenas para produtos digitais, apesar de atualmente ela ser mais evidente neste âmbito;
  • Segundo: a indústria da moda calçadista, paulatinamente vem mudando sua forma de produzir e demonstrado maior preocupação em criar o que o usuário quer consumir e não criar para o usuário consumir.

Nesta jornada de descobertas ou redescobertas, o que todo “júnior” (profissional em início/transição) como eu necessita é muita leitura sobre metodologias de design e mais ainda muita “mão na massa”. No workshop promovido pela E.D.I.T, que tive o prazer e o privilégio de participar, a junção do conhecimento prático com o teórico foi crucial para a excelente experiência de aprendizado que tive, onde pude partir da pesquisa de usuário para plantear o problema a ser resolvido, passando pelo processamento das ideias obtidas a partir das respostas dos usuários até os primeiros esboços da solução.

O maior desafio deste processo é “pensar com cabeça do outro”. O que pude aprender de forma mais aprofundada neste workshop é que as nossas concepções ou “achismos” não cabem, e são inclusive prejudiciais para a experiência do usuário. O processo deve estar, do início ao fim, centrado no usuário para que o produto digital resultante ofereça uma experiência satisfatória.

Sentir insegurança ou medo no processo de transição de carreira é natural pois segundo o professor e neurocientista Pedro Calabrez, o nosso cérebro não gosta de situações de incertezas, como as que enfrentamos quando nos desafiamos a migrar para UX. Por isso, participar sempre que possível em workshops que ofereçam muito trabalho prático e estar inserido em uma comunidade que te ofereça apoio e oportunidades, será um grande diferencial para o seu crescimento, porém não espere sentir-se 100% pronto para buscar uma oportunidade laboral em UX, pois essa é uma carreira onde estaremos constantemente em aprendizado, e essa é a melhor parte: a evolução constante.

Agradecimentos

À comunidade Pretux por possibilitar através de bolsa minha participação no workshop “Digital Product Design: Carreiras em transição”, e ter oferecido apoio para a realização deste artigo. À E.D.I.T por ter proporcionado um workshop com um conteúdo riquíssimo e aos tutores Vitor Siravenha e Bruno Roedel que através de uma excelente didática transmitiram muito conhecimento para nossa turma.

Referências

VIEIRA, S. L. da S. TRANSDISCIPLINARIDADE DO DESIGN: NÍVEIS DE REALIDADE DISTINTOS. Gestão & Tecnologia de Projetos, [S. l.], v. 13, n. 1, p. 101–114, 2018. DOI: 10.11606/gtp.v13i1.110646. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/gestaodeprojetos/article/view/110646. Acesso em: 29 nov. 2021.

IED BRASIL. Instituto Europeo di design, 2020.UX Design: descubra esse mercado em alta. Disponível em: https://ied.edu.br/design-mercado/ux-design/ . Acesso em: 29 de nov. 2021.

MARC TAWIL. Época Negócios, 2021.Quais serão as profissões digitais em alta nesta década? . Disponível em: https://epocanegocios.globo.com/colunas/Futuro-do-trabalho/noticia/2021/01/quais-serao-profissoes-digitais-em-alta-nesta-decada.html . Acesso em: 29 de nov. 2021.

PROFISSÕES DO FUTURO: conheça o cotidiano de quem trabalha com tecnologia. Mundo Rh, 2021. Disponível em: https://www.mundorh.com.br/profissoes-do-futuro-conheca-o-cotidiano-de-quem-trabalha-com-tecnologia/ . Acesso em: 29 de nov. 2021.

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