O que uma publicitária precisa para aprender ux writing?

Meu primeiro contato com o design de conteúdo para ux

Camila Pedroso
Pretux
4 min readApr 7, 2021

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Nas aulas de redação publicitária, aprendemos que uma boa estrutura possui imagem, título, texto, assinatura e slogan entre seus componentes básicos. O último deles fala sobre o nome do produto ou serviço ou da empresa que anuncia e, com o tempo, nós percebemos que essas ações ajudam com que clientes se lembrem das marcas. Gostamos dessa sequência porque ela nos ajuda muito a produzir conteúdo e criar o roteiro das campanhas.

Também entendemos que palavras criativas podem convencer, persuadir e emocionar, então desde 2008 esse é um método que uso muito para escrever e com o tempo a tendência é a gente acreditar que está tudo certo. Como nada nessa vida é permanente, comecei a estudar ux até chegar no writing. Com esse novo conhecimento, surgiram também as reflexões.

Foto de Tachina Lee

O professor Bruno Rodrigues é um dos pioneiros do tema no Brasil e em seu curso definiu ux writing como a escolha de palavras e expressões para uso em componentes de produtos digitais, tornando a comunicação mais limpa e facilitando a tomada de decisões. Autor do livro Em Busca de Boas Práticas de Ux Writing e de mais duas obras sobre produção de conteúdo para web, ele ressalta que não existe um manual padrão, pois, para existir tanta certeza, ele dependeria do público, do conteúdo ou da empresa e deve ser baseado em muitas fases de pesquisa.

Isso deu um nó na minha cabeça e fiquei no estilo meme da Nazaré com vários bugs. Pensei que o momento de abandonar tudo que aprendi tinha chegado, mas não foi necessário.

Entendemos que todo nosso caminho é muito importante, mas ele não é suficiente para fazer conexões com quem vai utilizar esse produto. Sendo assim, o modelo de escrita precisa ter um foco muito direcionado na resolução de problemas. A afirmação soa estranha porque esse deveria ser o princípio básico para o nascimento de qualquer ideia, mas a partir do momento em que nossos sentimentos, o ego ou os anos de profissão são acessados, os interesses das pessoas vão para o segundo plano. Isso nunca deve acontecer nos projetos de UX.

No último curso em parceria com a How Bootcamps, Bruno deu muitos direcionamentos interessantes para produzir bons conteúdos e colocou que a principal diferença de ux writing para copywriting, redação publicitária, é que o primeiro considera todas as palavras como dados e que juntos esses dados se transformam em informação. As aulas destacaram os elementos usabilidade, semântica, arquitetura da informação e tom de voz. Falaremos de definições simples, mas vale destacar que dá para fazer uma pesquisa avançada e até um curso sobre cada tema.

Usabilidade

Minha solução resolve um problema real e entende as dores que as pessoas relataram? É fácil de navegar? Fala a linguagem de quem vai utilizar? Meu foco é o bom humor ou tirar dúvidas?

Você só vai descobrir as respostas se fizer os testes e escolher usuários reais.

Semântica

Utilizada em UX Writing, está relacionada a tudo que envolve a fala e a escrita dos nossos usuários. Para que a equipe conheça palavras e expressões mais utilizadas, eles devem oferecer benefícios e direcionamento para que ninguém se sinta desamparado ou perdido.

Arquitetura da informação

As primeiras pesquisas sobre o tema também aparecem nos anos 1960 com a origem no menu dos livros. É uma ferramenta utilizada para criar palavras mais simples e se comunicar de maneira mais direta. É um método para selecionar e criar categorias do que é óbvio, considerando padrões e modelos mentais de quem usa o produto.

Manual e tom de voz

Ferramenta fundamental de comunicação corporativa criada nos anos 1960, ele deve formalizar a linguagem que será utilizada entre a empresa e os usuários. Não é criação de personagem e nunca deve ser baseada em estereótipos. Não é pesquisa de opinião, é um documento para criar e conduzir os diálogos.

Foto de Mark Fletcher-Brown

O profissional de UX Writing é o instrumento para criar conteúdos que sejam capazes de orientar e oferecer boas experiências. Aqui colocamos tudo o que aprendemos pelo caminho em uma caixa de ferramentas e utilizamos as peças certas para construir nossas soluções, não precisamos desconsiderar que somos essenciais, mas precisamos lembrar sempre que o mais importante é tudo que o usuário vê, sente e pensa.

Nossa escrita precisa se ressignificar para nos tornarmos capazes de acessar os sentimentos do outro. Só quando nos conectamos com uma dificuldade, podemos pensar no que pode ser feito. A lição que destaco para nós o professor Bruno repetiu muitas vezes durante o curso: pendure seu ego atrás da porta!

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Camila Pedroso
Pretux

Ux Writer, apaixonada pela minha família, gente, maquiagem, arte, música boa e soluções que melhoram a vida.