Sem cooperação não há Design, e muito menos “System”

Gessé Celestino
Pretux
Published in
6 min readJul 6, 2022

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Esse artigo foi escrito após a conclusão do curso “Design System Boost”, ministrado pelo Guilherme Gonzalez (Bolsa fornecida pela PretUX).

O que é um Design System?

Há muita confusão por aí sobre o que seria um Design System, muitos confundem com Style Guide, Brand etc. Mas o que é um Design System de fato? Qual o seu propósito?

Nas palavras do Guilherme Gonzales, “Design System não é um projeto, nem uma biblioteca de componentes no Figma, nem um Style Guide. É um produto que serve a outros produtos. Com decisões semânticas tomadas e disponíveis para uso tanto de designers quanto de desenvolvedores.”

Essa definição é muito acertada, é exatamente isso! O Design System não é uma corrida de 100m, mas uma ETERNA maratona. E por que eterna maratona? Porque realmente não acaba! Não é um longa metragem padrão dividido em 3 atos (início, meio e fim), mas um produto que servirá outros produtos, e por ser um produto, ele deve estar sendo sempre atualizado para que não se torne obsoleto e afete negativamente os outros produtos aos quais ele serve.

Cooperação e Design

Assim como toda maratona exige preparo físico e emocional dos atletas, da mesma forma em um time de Design essa eterna maratona (Design System) exige muita colaboração! Não só habilidades técnicas (hardskills) relacionadas a ferramentas, mas softskills! E essas softskill são tão importantes quanto as habilidades técnicas ao se construir um DS, das quais destaco a que penso ser a principal delas: Cooperação.

Se não houver um espírito cooperativo entre o time, o DS nem sai do papel. Pois uma vez que estamos lidando com um produto que serve outros produtos, todo alinhamento e refinamento estratégico é de suma importância para a construção de um Design System coerente com os valores da empresa e os princípios de Design do time, e sem cooperação isso não será possível.

É bom lembrarmos que essa cooperação não se detém somente ao time de Design, toda a empresa deve estar ciente da construção desse produto, afinal, é mais um produto que a empresa estará lançando, só que internamente. Dessa forma, alinhar as expectativas com o financeiro, com a diretoria e, principalmente com o time de tecnologia, é essencial.

Dessa forma, podemos observar que o Design System precede os tokens, as cores, os componentes e tudo mais, pois ele é um produto, e todo produto exige estratégia.

Mas então, quando ter um DS?

O Design System é um PRODUTO que serve a outros PRODUTOS. Com decisões semânticas tomadas e disponíveis para uso tanto de Designers quanto de Devs. E nessa maratona existem alguns princípios de Design que devem ser respeitados para a construção de um produto sólido, devemos considerar Look and Fill, componentes consistentes, boa documentação, Roadmap bem estabelecido, acessibilidade, brand guidelines, repositórios, guias de ilustração, métricas de sucesso, facilitação no processo de criação de UI, UX Writing e uma boa liderança para conduzir todos esses princípios.

Por isso o Design System não é uma corrida de 100m, mas uma maratona infinita.

Vendendo a ideia

Antes de iniciar o Design System na empresa em que está você deve VENDER A IDEIA desse projeto. Assim como as demais iniciativas e projetos dentro de uma empresa devem ter justificativas do porquê estão sendo feitos, o Design System também deve mostrar o porquê está sendo colocado no Backlog e tomará tempo e energia do time de Design em detrimento de outros produtos da empresa. Para isso, é interessante que o time responsável pelo DS:

  • Encontre as principais dores que o DS poderia resolver;
  • Encontre parceiros na sua empresa para vender essa ideia;
  • Use a influência que tem dentro da empresa para evangelizar;
  • E o mais importante, COMECE!

Sempre tenha em mente que o DS é um processo de médio a longo prazo, por isso, não tenha pressa em “concluí-lo”, pois ele não é terminável!

A venda desse produto é trabalho de formiga, fale com um e com outro, venda a ideia aos poucos até que o time abrace e a empresa também, nada funcionará de forma unilateral, comece do micro para o macro, faça as pessoas compreenderem os benefícios e como isso pode otimizar o trabalho de todo mundo, mostre como o DS pode RESOLVER PROBLEMAS e OTIMIZAR PROCESSOS.

UX Design no processo de Design

Pelo fato de o DS ser um produto, precisamos entender nossos usuários, o contexto em que ele vai estar inserido e como ele vai ajudar e resolver problemas, ou seja, imergir no contexto dos nossos usuários, que nesse caso, são personas internas: Designers, Time de Marketing, Desenvolvedores, etc.

Portanto, um DS é um projeto feito por diversos profissionais que possuem diferentes responsabilidades e visões diferentes a respeito desse produto, dessa forma, cooperação é essencial para que possamos criar algo que faça sentido para a empresa toda, não somente para o time de Design.

Por isso devemos ter em mente o que FAZER e o que NÃO fazer nesse processo de construção:

  • Deve ser feito por uma equipe que serve outras equipes;
  • Não deve ser construído em tempos livres;
  • A equipe deve publicar resultados de alta qualidade e atender aos designers de maneira confiável;
  • Com um fluxo de entrega regular, seus usuários (equipes de produtos) devem adotar os componentes e as pessoas começam a renunciar ao controle de problemas, pois eles serão resolvidos pelo DS;
  • Deve entender quais pessoas precisamos envolver e quais apenas informar do andamento;
  • Deve fazer apresentações e algumas sessões de workshop para resumir o progresso e reunir informações etc.

Para isso, Cooperação no Processo de Design e na empresa é imprescindível para o nascimento do Design System, e cada um vai usufruir do produto de uma determinada forma, por exemplo:

Designers: Conseguem entregar mais consistência e qualidade de design, enquanto focam em desafios específicos que geralmente são ignorados.

Devs: Melhor handoff do Designer, acelerando a entrega e dando manutenção com mais facilidade aos produtos.

PMs: Velocidade de entrega e qualidade do produto entregue.

Marketing: Consistência de marca através de todos os produtos digitais.

Fornecedores e terceiros: Podem produzir peças, subprodutos e comunicação sem perder a qualidade e o padrão da empresa.

Executivos: Aumento de retorno financeiro dos times de produto pela velocidade de entrega e diminuição de headcounting (número de funcionários).

RH: Otimização do ELTV (Valor do Tempo de Vida do Empregado) dos times de produto na fase de onboarding e desenvolvimento profissional.

Enfim, são muitos os benefícios e os beneficiados!

Conclusão

O sucesso do DS leva em conta todas as expectativas e necessidades sendo conhecidas e consideradas, e para que essas expectativas e necessidades sejam levadas em conta, faz-se necessário cooperação! Pois sem cooperação não existe Design, e muito menos System, pois todo sistema pressupõe organização e cooperação, e sem isso não há Design System. 😀

Por isso, busque cooperação dentro da empresa, você irá muito mais longe e causará muito mais impacto se for acompanhado em vez de ir sozinho (só o time de Design, por exemplo) nessa jornada.

E sempre se pergunte: Faz sentido termos um Design System agora? Talvez um Style Guide já resolva o problema da empresa que você está e do seu time 😉

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Gessé Celestino
Pretux

Paulistano, Product Designer, graduado em Letras, Filosofia, amante da sétima arte e esposo da Miss ❤️ https://bento.me/gessecelestino