UX e Game Design — A experiência dos jogadores

Beatriz Mazuco Leonel
Pretux
Published in
5 min readOct 16, 2021

Apontamentos que surgiram a partir da participação do workshop de UX para Game Design

Jogo Monument Valley

Desde muito nova, sempre demonstrei muito interesse por jogos, principalmente videogames, o que até era visto como brincadeira para meninos. Fui crescendo e me distanciando desse hobbie por falta de tempo — ah, a vida adulta (rs). Entretanto, ainda admiro esse universo gigantesco e cheios de possibilidades. É algo que me encanta.

Em 2021, eu definitivamente entrei de cabeça nos estudos de UX Design, parei de postergar o início da minha transição de carreira depois de ter ganhado bolsas de estudo em cursos renomados. Só há pouquíssimo tempo, descobri que o mercado de games pode se beneficiar de UX Design também, por mais que isso soe óbvio agora. Pelo pouco que sei, até o momento, há poucos materiais (principalmente em português) dedicados a esse tema por ser uma área em crescimento, mas com grandes oportunidades. Em Outubro, surgiu a oportunidade única de fazer um workshop de UX para Game Design e me veio o interesse em tentar entender como essas áreas se cruzam.

O que é UX Design?

Primeirament, UX Design significa User Experience — Experiência do Usuário. De maneira muito, muito resumida, é a percepção que o usuário tem ao usar um produto, seja ele físico ou digital, um serviço ou sistema. A responsabilidade do UX Designer é resolver problemas do usuário satisfatoriamente e com valor!

O que é Game Design?

Tudo que está por trás da “beleza” e dos gráficos maravilhosos que aparecem nas telas. Como e porque aquele jogo foi projetado daquela maneira, como as interações acontecem e o que elas acarretam na jornada do jogador e do storytelling. Entre outras coisas, o que o jogo pretende causar em quem está jogando. O foco principal aqui é a diversão, a experiência.

Dito isso, uma das primeiras perguntas que vêm à mente é: “Por que usar UX se o Game Design já engloba a experiência do usuário?”. Através do estudo de UX, nós podemos entender o jogador e do que ele precisa, como ele poderá atingir seu objetivo da melhor maneira através do engajamento e de estímulos intuitivos.

Para isso, partimos de alguns princípios básicos para o desenvolvimento de um jogo eficiente:

  • Feedback: O jogador precisa saber quais os resultados de cada ação tomada durante o jogo;
  • Agência: O usuário, no caso o jogador, necessita de ter controle da interação apresentada a ele;
  • Fluxo de jogo: É o equilíbrio entre o quão desafiante será baseado na habilidade do jogador. Se isso não for dosado, a experiência se tornará frustrante ou tediosa;
  • Balanceamento: O jogo precisa ser justo para contribuir com agência e fluxo;
  • Imersão: O jogador precisa se sentir bastante envolvido com a experiência que está vivendo.

Game Design Document:

Assim como em UX, na criação de jogos é muito importante documentar tudo, do início ao fim do desenvolvimento, incluindo todas as informações acerca do jogo como conceitos, mecânicas, etc. Essa ferramenta conhecida como GDD contém tudo que é relevante para o projeto e o formato não tem uma regra, dependerá da necessidade da equipe. Ele serve para que todos os envolvidos com o jogo estejam em sintonia e de acordo com o que é necessário ser feito.

UX Research:

A pesquisa, parte importantíssima para o processo da criação da experiência do usuário em produtos digitais, também tem seu espaço no universo dos games. Definidos os motivos claros e relevantes para que elas possam ser aplicadas, as pesquisas funcionarão quase que da mesma maneira no desenvolvimento de jogos e podem esclarecer diversos pontos significativos para o projeto.

Jornada do usuário (jogador):

Em games, o Designer tem o poder de definir o que o jogador deverá fazer e como ele chegará nesse objetivo, portanto é obrigatoriedade tornar esse caminho o mais claro possível, entendendo qual a melhor maneira do jogador executar essas ações. Lembrando que tornar o caminho claro não significa que necessariamente esse será o modo mais fácil em termos de complexidade da jogabilidade.

Ferramenta Game Design Canvas

Fluxograma de jogo:

Após definido conceitos, jogabilidade, ações e objetivos do jogo é recomendado a criação do Fluxograma de Jogo (Flowchart), que pode ser simples ou mais detalhado, dependendo da complexidade do seu jogo. Ele irá conter todas as ações possíveis desde o início e o resultado de cada escolha, como se fosse um gameplay em formato de diagrama. O Game Flow também pode ser usado para explicar as habilidades presentes.

Fluxograma do jogo “Pedra, papel e tesoura!”

Protótipos:

Chegada a hora que muitos designers tanto aguardam e preferem, o momento de enxergar o projeto se tornando tangível e sendo validado. Há diversas ferramentas disponíveis para concluir essa etapa, a maioria se encontra online mas é perfeitamente possível prototipar com materiais mais simples como papéis e desenhos. O importante é não deixar de praticar e experimentar as possibilidades! Alguns sites bastante usados para protótipos são: Construct 3, GDevelop, Bitsy, Figma, etc.

A conclusão é que o mercado de games, que está em constante crescimento em plena pandemia mundial, tem projeções milionárias para os próximos anos e isso é um alerta para quem tem interesse na área. Faltam profissionais especializados para atuar e um leque gigantesco de oportunidades. E sim, UX Design pode e deverá ser cada vez mais aproveitado no desenvolvimento de jogos, acompanhando também o surgimento de novas tecnologias.

Por fim, gostaria de agradecer à comunidade PretUX e à Edit Education pela bolsa para participar desse workshop que me trouxe novos conhecimentos e a oportunidade de escrever meu primeiro artigo aqui, no Medium.

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