Filmes & #PossiblePride

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PRIDE MAGAZINE
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5 min readJun 27, 2019

Por Renato Cabral.

Todos sabemos que o cinema é entre tantas possibilidades uma forma de analisar e refletir sobre a nossa sociedade. Os filmes são atos políticos e, em alguns casos, comunicamos através deles para que possamos ser reconhecidos, visíveis aos outros. Entre tantos segmentos dentro do cinema, as produções de temática LGBTQ+ possuem uma história rica e destacável que merece, em diversos momentos, um historicismo à parte. Do cinema clássico, passando por um período marginal e culminando até numa expansão dentro do audiovisual que chega às telenovelas e séries para serviços globais de streaming, a temática queer está cada vez mais entrelaçada em narrativas antes conservadoras. Com uma trajetória cheia de altos e baixos imposta por fatores externos que tentaram sempre esconder essas histórias dentro do armário ao longo dos anos, precisamos dizer que foi e ainda é um trabalho de resistência e muito orgulho.

Abaixo um apanhado filmes importantes para conhecer mais sobre a representatividade LGBTQ+:

Rainha Cristina, de Rouben Mamoulian

A sueca Greta Garbo era considerada nos tempos áureos do star system uma estrela bissexual. Isso ficou ainda mais presente quando Rainha Cristina foi lançado e sua personagem além de se travestir de homem para fugir da vida de realeza, a atriz tascava um beijaço em uma personagem mulher. O final do filme (não é spoiler, calma) é um dos mais impactantes da história do cinema e coloca Garbo comunicando muito através de seu olhar. Uma mulher em busca de sua liberdade, de diversas formas.

Paris is Burning, de Jennie Livingston

Sabe o Vogue da Madonna? Pois é, quem inventou esses movimentos de dança tão emblemáticos e inesquecíveis foram drag queens, transsexuais e gays negros na noite nova-iorquina em seus bailes com batalhas de danças e lipsync. Se existe RuPaul, Pose e muita Madonna lacrando por aí a gente deve a eles todos que foram, infelizmente, muito marginalizados.

Madame Satã, de Karim Ainouz

Existem pencas de filmes nacionais atualmente que tratam de questões LGBTQ+, mas poucos realizam um resgate histórico de personalidades tão importantes para a nossa história dentro do movimento. O filme de Karim Ainouz realiza esse trabalho de maneira exemplar ao resgatar a figura de Madame Satã ou João Francisco dos Santos, grande transformista brasileiro e representante da vida noturna e marginal do Rio de Janeiro. Lazáro Ramos estrela a produção indicada a 35 premios, dos quais saiu vencedor de 21.

Weekend, de Andrew Haigh

Na Londres atual dois estranhos se conhecem em uma festa e ficam um final de semana juntos. Além do convívio e desenvolvimento da intimidade do casal em potencial, o diretor Andrew Haigh levantam questionamentos e pontos importantes para a comunidade gay atual. Como um Antes do Amanhecer queer, Weekend é um filme romântico de detalhes.

Carol, de Todd Haynes

Duas mulheres se conhecem em uma loja de departamento. Sem fetichização e com muita delicadeza, o diretor Todd Haynes constrói uma belíssima história de resistência nos anos 50. Baseado no livro de Patricia Highsmith (de O Talentoso Ripley), Rooney Mara e Cate Blanchett encarnam essa história de amor com intensidade.

Depois de Stonewall, de John Scagliotti

Dupla de documentários que busca refletir sobre os impactos da revolta de Stonewall (que completa 50 anos em 2019), são produções de depoimentos e resgate histórico do impacto na vida e sociedade da movimentação que alardeou não somente os Estados Unidos, mas o mundo a respeito dos direitos de LBTQ+.

As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant, de R. W. Fassbinder

Fassbinder é um dos diretores que sempre colocou a homossexualidade e transsexualidade em seus filmes. Apesar do pessimismo do diretor, As Lágrimas Amargas de Petra Von Kant é um retrato saído do teatro para o cinema onde coloca as relações de poder em um relacionamento. O elenco é totalmente feminino e possui diálogos riquíssimos e melodramáticos. No Brasil a peça recebeu uma adaptação com Cristiane Torloni e Fernanda Montenegro nos idos anos 80.

Tinta Bruta, de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon

O cinema gaúcho não vive só de gaudérios e o Tempo e o Vento. Cada vez mais o cinema gaúcho atual traz questionamentos e representatividades importantes e os diretores Filipe Matzembacher e Marcio Reolon, do longa Beira-Mar, avança na narrativa de auto-descobrimento de um personagem em meio a grande Porto Alegre. Vencedor de prêmios internacionais, incluindo o Teddy Bear, trófeu de melhor filme de temática queer no Festival de Berlim e prêmio máximo para esse tipo de produção. Ah e a trilha sonora é cheia de Letrux, NoPorn e Anohni.

O Amor é Estranho, de Ira Sachs

Um casal gay já na terceira idade se desestabiliza após um deles perder seu emprego em uma escola católica ao decidir oficializar sua união. Com isso os dois perdem o apartamento e acabam vivendo separadamente e com parentes. Nisso, o diretor americano Ira Sachs e o roteirista (e marido do diretor), o brasileiro Mauricio Zacharias traçam uma análise social do ambiente familiar e da sociedade norte-americana frente aos gays.

Hedwig and the Angry Inch, de John Cameron Mitchell

Baseado em um dos maiores musicias off-broadway já realizados, Hedwig and the Angry Inch é um subversivo trabalho de Cameron Mitchell repleto de punk glam rock com alguns dos momentos mais memoráveis dos musicais norte-americanos da atualidade. Na história, a trans Hedwig decide fugir com um soldado americano da Alemanha dividida do pós-guerra. Os planos não vão exatamente bem como o esperado e ela acaba abandonada pelo parceiro e monta uma banda. Além de dirigida, a produção é estrelada por John Cameron Mitchell, que foi indicado ao Globo de Ouro por sua performance.

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