Não-binariedade & #PossiblePride

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Por Nick Nagari

A não-binariedade ainda é um tema pouco conhecido, porém, é fundamental para que pensemos em como a formas de existir na nossa sociedade são excludentes e lutemos para que isso mude. Ser não-binário é, basicamente, não ser nem homem nem mulher — é um termo guarda-chuva para todas as essas identidades. Existem inúmeras possibilidades, como por exemplo: agênero (nenhum gênero, como eu), bigênero (2 gêneros ao mesmo tempo) e gênero fluído (flui entre gêneros). Tem também que prefira se dizer apenas como não-binário mesmo, sem nenhuma subclassificação como essa.

A não-binariedade está dentro do T da sigla LGBTIA+, junto a mulheres trans, homens trans e travestis. Assim, toda pessoa não-binária é trans, e uma pessoa trans pode ser mulher, homem ou não-binária.

Atualmente, o tema entrou em pauta quando Demi Lovato anunciou que se entendia dessa forma, e que usa apenas pronomes neutros (na língua inglesa, são they/them). Então, muitas pessoas começaram a se perguntar como se referir a essa pessoa da forma correta aqui no Brasil.

Já existe um sistema de linguagem neutra brasileiro, que foi criado justamente para esse tipo de caso: o sistema do -e. No caso de Demi, o pronome, ao invés de “ela”, fica “elu”, e os adjetivos ficam com o “e” no final, ao invés de “a” como antes. Então, por exemplo, podemos escrever “Elu revelou ser não-binárie”. Às vezes, também conseguimos neutralizar a frase com palavras que já existem, como por exemplo “Demi revelou ser uma pessoa não-binária”, onde o final “a” concorda com a palavra “pessoa”.

Anos atrás, a linguagem usada era a do “x” ou do “@”, mas logo percebeu-se que ela não era uma boa ideia por não ser pronunciável e nem acessível a leitores de tela (aparelhos que pessoas com deficiência visual muitas vezes usam para acessar a internet). Logo, há pelo menos 6 anos fizemos essa alteração usando o “-e” que resolve esses problemas. Então, nada de escrever “todxs” e achar que tá sendo bacana, hein?!

É sempre bom usar a linguagem do “-e” também quando você está generalizando algo, como nesse caso do “todes”, para ser o mais inclusivo possível com todo mundo. Pode parecer complicado no início, mas com o tempo você pega o jeito!

Ah, mas não são todas as pessoas não-binárias que usam pronomes neutros como Demi, tá? Eu mesmo uso apenas pronomes masculinos (então, ao se referir a mim, você fala “o Nick”, e “ele”). Isso porque não existe uma forma única de tratamento que agrade todas as pessoas não-binárias, nós somos uma comunidade muito diversa (termo guarda-chuva, lembra?). Também não há uma única forma de expressão de gênero (ou seja, como nos aparentamos, nos comportamos, nos vestimos, etc). Tem gente que acha que todes nós sonhamos com uma aparência “neutra”, andrógina, que “não dê pra saber” se é mulher ou homem. Isso parte da ideia de que todes temos um gênero voltado pra neutralidade, o que não é verdade — algumes tem, outres não.

A pluralidade é muito grande, você pode conhecer uma outra pessoa não-binária que seja completamente diferente de mim, assim como Demi é. E Sam Smith, e Angel Haze, e Gloria Groove…

Por isso, acredito que uma boa forma de entender a nossa comunidade é acompanhando produções nossas, para entender um pouco da nossa pluralidade. Então, deixo aqui algumas indicações:

  • Música

Jupitter — Rap Plus Size

Rapper não-binário, Jupitter aborda a não-binariedade em várias das suas músicas, além de produzir conteúdo sobre o assunto em seu instagram e dar cursos sobre linguagem neutra.

Jupitter — rapper não-binário
  • Literatura

Ela, videogames e muito sobre nós — Koda Gabriel

Romance entre uma pessoa não-binária e uma mulher trans e mostra que os clichês também podem ter protagonistas como nós.

  • Baby, eu vou — Lyli Lua

Trata com muita sensibilidade a questão de uma pessoa não-binária no mundo de esportes e a questão de eles serem divididos em categorias que nos excluem.

  • Audiovisual

Steven Universe

Criado por uma pessoa não-binária, trata a questão de gênero com bastante naturalidade em um mundo completamente diferente do nosso.

  • Not a Boy, Not a Girl (Nem menino, nem menina)

Retrata a vivência de pessoas não-binárias adolescentes e uma criança, como é a relação com os pais e com a escola. Disponível na Globoplay e na Amazon Prime.

Por fim, é claro, você pode me acompanhar nas redes sociais, já que estou sempre colocando em pauta tudo o que envolve esse tema!

Instagram: @nicknagari

Minha carinha bonita é essa aqui, ó:

Espero que tenham gostado das recomendações e até a próxima! :)

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