Pense, fale, compre, beba, leia, VOTE, não se esqueça*

Essa roda que gira e que produz felicidade; roda que se alimenta dos nossos sentimentos, da nossa desesperança; movimento que nos mantêm imóveis e ao mesmo tempo nos lança em alguma direção.

Nascer, crescer, (re)produzir, morrer. Querem a nossa força de trabalho a custo de mercado. Todos são iguais perante a lei. Balela. “Uns mais iguais que os outros”, para lembrar Humberto Gessinger Mas não quero que esse texto tome um rumo depressivo (pois boa parte dos debates sobre o assunto acaba por concluir que esses problemas são insolúveis). Quero mais é que esse sistema marginalizante se exploda.

Desde o nascimento somos parte integrante dessa máquina capitalista: desse universo criado pelo homem e contra o homem. Por regra, tudo é anacrônico já no momento em que ganha vida. O home não, esse tem prazo de validade estendido, quase nunca superior a 100 anos. Durante os 15** primeiros nada é importante (pelo menos nada além do ser interior, dos sentimentos, das sensações, dos prazeres corporais). Daí até o derradeiro é que entramos no jogo como sujeitos capazes de, per si, movimentar a máquina do consumo.

Esqueça os códigos legais. O único código que importa é o da produção de capital. Assista sua novela, compre um carro novo, arrume um emprego, forme-se na faculdade, encontre uma parceira/parceiro para o casamento, invista nos estudos dos seus filhos, vote a cada quatro anos para presidência da república. Compre sempre os mais vendidos, os mais lidos, os mais desejados. Sonho de consumo! Um pouco de conforto e uma poupança relativamente gorda. Coma Fast-food.

Existirá o futuro? Pois é claro, o futuro é insistente. Essa roda que gira não para, se atualiza, se transforma, se adapta. Nós, por outro lado, somos mais frágeis do que o monstro que nós mesmos criamos, faz anos, com nossos próprios atos.

Eu tenho alguma esperança na máquina do tempo.

*Admirável Chip Novo, Pitty

**Esses números podem não corresponder aos fatos