A flor do reencontro

Fernando Alves Medeiros
Primeiras Lições de Poesia
13 min readJun 9, 2024

Uma leitura de Herbário da Memória (2023), de Katia Marchese

Conheci a Katia em 2019, quando começamos juntos a turma de poesia do disputado CLIPE (Curso Livre de Preparação do Escritor) na Casa das Rosas. Ao longo de oito módulos mensais, duas vezes por semana (às quartas e aos sábados), nós nos reuníamos nas salas amplas do antigo casarão francês incrustado na Avenida Paulista para aprendermos — com figuras já estabelecidas ou em franca ascensão na poesia nacional — mais sobre a arte e o ofício do verso.

Lá, víamos e ouvíamos desde o legado quase mítico dos gigantes de ontem e de hoje (começando em Bashô a Marília Garcia e passando por Charles Baudelaire e Wislawa Szymborska) até as minúcias muito técnicas e muito práticas do poema em seu estado de palavra (no papel ou na tela de um celular) ou de som (quando declamado em público).

A poeta santista radicada em Campinas Katia Marchese (Foto: Divulgação)

Discorríamos sobre essas questões (e muitíssimas outras), refletindo bastante sobre as idiossincrasias deste mar sempre muito difícil de terra e gente chamado Brasil. O que é ser poeta neste eterno país do futuro que possui um enorme passado pela frente? Essa é uma pergunta que até hoje eu tento encontrar uma resposta.

Eu me lembro bem das aulas, das tretas, dos egos inflados (bem como da insegurança artística de alguns colegas), das problematizações sem fim, dos exercícios, dos professores (uns muito inspirados, outros nem tanto), das brejas no Monte Carlo, da nossa revista que penou para sair…

E nunca vou me esquecer de um dia muito específico, de uma intervenção poética de rua que fizemos com o poeta e educador popular Thiago Cervan (1985 — ), um dos melhores professores do curso. Eu e os colegas, a princípio, estávamos muito inibidos com a atividade (ainda mais eu, um poeta muito mais do papel que da performance), mas a Katia, com uma energia absurda, em plena Paulista, com o mote “a sua sorte em um poema”, fez muita sensação entre os transeuntes…

E desde aqueles dias, os versos de Katia Marchese (Santos, 1962) já demonstravam, naqueles exercícios ligeiros feitos em classe, um lirismo muito afetuoso que, nos trabalhos seguintes, a poeta iria depurar cada vez mais. É o que vemos neste ótimo Herbário da Memória (ed. Quelônio, 2023), o seu terceiro e mais recente trabalho publicado.

Neste ensaio, tentarei sugerir algumas ideias de análise e de interpretação para esse livro. Aqui, irei me prender a questões sobretudo temáticas, estéticas e formais, sem abordar tanto o feminino — que é central na poética de Katia — por entender que esse não é o meu lugar de fala. Aqui, terei a oportunidade de mostrar como a poeta, em versos tão concisos e com uma emotividade tão equilibrada, consegue nos apresentar uma espécie de conciliação entre o espanto e a memória.

CONTENÇÃO E LIRISMO

O que me chama a atenção, em um primeiro momento, em Herbário da Memória, é a maneira com que a mancha da tinta das letras se contrasta com o fundo claro do papel.

Os poemas são curtos, raramente ultrapassando a página. Os versos, por sua vez, também são curtos, nunca atingindo a outra margem. No entanto, eles têm um tamanho variável, e isso confere uma cadência ondulatória, um balanço ritmado, como se cada verso — como em um ente vivo — se contraísse e se expandisse, marcando dentro do poema a sua pulsação.

Na beira do nada

capim alto,

de uma só braçada

recolhe a porção de sarça.

(“Incerto”, p. 41).

Até onde sei, a Katia nunca abraçou o tipo de versos que se tornou a cara do nosso tempo. Ou seja, versos que recusam as maiúsculas e que eliminam a pontuação (ou que a usam de um jeito estranhamente chamativo). Isso não ocorre aqui, muito pelo contrário. Em Herbário da Memória, há um sabor clássico, uma disposição elegante e correta.

A poesia de Katia me lembra muito a da paulista Flora Figueiredo (1951 — ), uma poeta fabulosa e infelizmente pouco celebrada. Em Flora, há uma ourivesaria muito fina do verso e uma “épica menor” do cotidiano que vejo também no trabalho de Katia, sem contar a emotividade contida, sem arroubos.

Por outro lado, a poeta e professora carioca Tatiana Pequeno (1979 — ) compara a poesia de Katia com a de outra paulista, a Orides Fontela (1940–1998). Eu acho também essa comparação feliz. Não digo no tom (visto que sempre achei os versos de Orides um tanto duros e frios), mas na forma. Como em Orides, os versos de Katia são depurados, burilados ao máximo. Deles, foram expurgados todos os excessos, extirpado tudo aquilo que soasse meramente acessório ou retórico no mau sentido. Há contenção, há comedimento; há sobretudo precisão em seus versos.

Katia Marchese não escreveu nesse livro um único verso que me parecesse hermético ou ininteligível. Não há um “espessamento” na comunicação (que muitos ainda defendem que seja a marca da lírica moderna). O que há é muita clareza associada a um grande poder de síntese, a uma grande força de concisão.

Ou dizendo de outra forma, nos poemas de Herbário da Memória, vê-se uma contenção sóbria como em um haicai. Como podemos facilmente ver neste belíssimo exemplo:

Sob um céu

implacável,

o azul desolava os rostos.

(“Mil impiedades por dia”, p. 33).

Mas contenção não quer dizer secura, é bom que fique claro. E os versos desse livro notável são feliz prova disso. Eu já falei do lirismo afetuoso que me chamara a atenção desde quando a Katia era colega do CLIPE, no longínquo ano de 2019. A poesia dela é “redondinha”: não há asperezas nem cambalhotas sintáticas. O que há é uma eufonia tranquila; há melancolia e ternura (como em Flora), mas também (como em Orides) há a eficácia de um nocaute.

Na poesia de Katia há também um je ne sais quoi que me lembra muito a Sophia de Mello Breyner Andresen (1919–2004), poeta portuguesa de uma enormidade que intimida. A impressão que sempre tive lendo a Sophia é como a economia de seus versos parece expandir a potência de cada palavra; como cada substantivo utilizado por ela dá nome não a “coisas” genéricas e materiais, mas a elementos primordiais, puros e únicos, quase abstratos e, por conta disso, irrepetíveis. Em Sophia, uma pedra sempre parece ser mais do que uma pedra — ela se torna um símbolo, entra na dimensão do universal.

Reverberações: as poetas Flora Figueiredo, Orides Fontela e Sophia de Mello Breyner Andresen (Montagem sobre fotos: Dani Gurgel / Juan Esteves (Folhapress) / Reprodução)

Em Katia, o mesmo se dá. Uma buganvília é muito mais do que uma simples buganvília. Mas não só: na fresta do verso, no silêncio entre uma estrofe e outra, se irrompe um universo simbólico imenso.

BILÍNGUE?

O leitor poderá estranhar o fato de o livro ser bilíngue. E confesso que essa característica do projeto poético de Katia me pareceu, na primeira leitura, pouco compreensível.

Geralmente, as obras bilíngues existem mais para se fazer a comparação entre a tradução e o idioma original. O que quer dizer que essa prática faz todo o sentido para a obra de uma poeta estrangeira. Mas para uma poeta brasileira?

Em um passado não muito distante, muitos cantores incluíam em seus discos versões em espanhol dos seus sucessos, mirando o mercado hispanohablante da América Latina. Mas é complicado falar de mercado para a poesia, um gênero que, pelo menos nestes trópicos, raramente demonstrou vocação para ser um fenômeno de massa.

Então, qual teria sido o intuito? Uma tentativa, talvez, de se inserir em outros países e públicos?

A autora, no dia do lançamento de seu livro, trouxe uma informação importante. Disse que a língua espanhola fora escolhida por ser a língua de seus ancestrais. Eu então entendi que transpor para outro idioma essa “coleção transfigurada de memórias” foi a melhor maneira encontrada para marcar ainda mais o diálogo da poeta com o seu passado.

Isso em alguma medida soou parecido com o que a incrível Helena Zelic (1995 — ), nossa também colega do CLIPE, fez no seu realmente incrível A libertação de Laura (edições Macondo, 2021). Os dois livros têm seguramente um viés memorialístico. Mas enquanto em Zelic isso é mostrado, digamos, mais explicitamente, em Marchese isso se dá de modo mais alusivo — e transfigurado. Já no aspecto da linguagem, o espanhol constitui-se na metade espelhada de Herbário da Memória, ao passo que o árabe tem presença muito discreta, embora marcante, em A libertação de Laura.

A poeta Helena Zelic (Foto: Mariana Lazzari)

Faz sentido. Mas mesmo assim, confesso que senti dificuldades em acolher o aspecto bipartido da obra de Katia Marchese. Para quem lê o livro como um todo, em uma “tacada só”, dá-se uma sensação de repetição, visto que cada poema funciona como um mecanismo dual: um em português e o seu reflexo em espanhol.

Se individualmente os poemas se construíram com uma fantástica economia de meios, primorosos na concisão e na concentração, dizendo o máximo com o mínimo, no conjunto eles parecem se repetir e se encompridar.

E assim, eu estive quase seguro, por algum tempo, de que essa seria a limitação mais flagrante do livro. Mas percebi depressa que talvez eu tivesse lido Herbário da Memória de um jeito diferente (errado?) daquele que o livro realmente pedia.

A capa nos dá a chave: há dois títulos na capa, são dois livros em um só. Dois livros, duas línguas, duas experiências…

Escolha um e vá até o fim…

A EXSICATA QUE DÓI MAIS

Na ocasião do lançamento, realizado na Casa das Rosas em um chuvoso sábado de fevereiro, falou-se muito a palavra assombro.

Tatiana Pequeno, que dividiu o evento com o lançamento do seu livro Teoria da Ressecção (ed. Patuá, 2023), comentou reiteradas vezes sobre o quanto de assombro havia nos poemas do novo livro de Katia Marchese.

Não sei por qual razão, eu particularmente gosto mais da palavra espanto, palavra essa que foi repetida em vida um milhão de vezes pelo saudoso poeta maranhense Ferreira Gullar (1930–2016).

Para ele, o espanto seria o que sentimos quando, à maneira das crianças, olhamos as coisas pela primeiríssima vez: uma mistura de curiosidade e de estranhamento.

Dessa forma, se é correto pensar que Herbário da Memória estabelece as suas bases no terreno do espanto, então, aparentemente, ele se dispõe a disputar com duas linhas de força diametralmente opostas. Pois a ideia de espanto entraria em rota de colisão com a ideia de memória — e vice-versa.

Afinal, como lembrar o nunca-visto? Ou como ver pela primeira vez o que nos tenha marcado?

O livro Herbário da Memória (ed. Quelônio, 2023), de Katia Marchese (Foto: Divulgação).

É preciso, portanto, irmos além na nossa reflexão, para sairmos deste aparente beco sem saída. Mas também, ao mesmo tempo, é preciso recuarmos um passo se quisermos ver as coisas com mais clareza.

E para isso, comecemos do começo: o que seria afinal um “herbário da memória”?

Na definição de dicionário, herbário é uma coleção de plantas desidratadas e catalogadas. A amostra de uma dessas plantas leva o nome de exsicata. Assim, se uma cinemateca é uma coleção de filmes, um herbário é uma coleção de exsicatas.

Dessa forma, na lógica interna do livro, as lembranças seriam portanto as exsicatas. O herbário, então, assume o papel de algo semelhante a um álbum de fotografias.

É claro que, nesse caso, esse “álbum” poético seria um álbum abstrato, formado não só de lembranças de momentos e de pessoas, mas formado também de sensações e sentimentos.

Ou como nos diz a poeta em um de seus versos iluminadores:

Uma coleção de melancolias

de tudo aquilo que irá nos faltar

(“Herbário”, p. 13).

Eu gosto de traçar paralelos com a música popular. Eu acho que a música é também um outro jeito de fazer poesia. Assim, se me permitem, não posso deixar de parafrasear os versos de Belchior (1946–2017) do clássico Como nossos pais (1976): “no herbário da memória, essa lembrança é uma exsicata que dói mais”.

O cantor Belchior (Foto: Arquivo)

Acolha, por gentileza, essa paráfrase. E perceba que, em ambos os autores, a lembrança, enquanto algo incorpóreo, é representada por algo material. Mas enquanto Belchior coloca a lembrança no mesmo patamar das artes plásticas (o quadro como algo duradouro), Katia coloca-a junto às flores (ou seja, às coisas perecíveis, mesmo que se tenha usado um artifício para se retardar ao máximo a deterioração delas).

Para Belchior, a memória está no mesmo diapasão dos feitos do homem (da cultura, da civilização), ao passo que, para Katia, a memória é parte da Natureza. No nosso mundo, uma pintura de uma flor parece valer mais que a flor propriamente. Afinal, são os quadros que resistem mais às mordidas vorazes dos dentes do Tempo. Afinal, ficam os quadros, vão-se as flores.

Nesse aspecto, o conceito poético de memória para Katia comporta uma ideia de fragilidade muito forte que não existe no verso de Belchior.

Em Herbário da Memória, acompanhamos de perto esse eu-lírico profundo que reencontra diversas exsicatas que nada mais são que frágeis “pontos de contato” com as suas memórias.

A flor teria assim um mecanismo semelhante ao da madeleine de Marcel Proust (1871–1922): o de funcionar como um gatilho das lembranças.

Reparemos nos verbos dos poemas. Quase todos estão no presente. Há uma presentificação muito grande ao longo do livro. E algumas cenas, com muita beleza e plasticidade, são construídas como verdadeiros planos-sequência:

Cresce,

ampara a janela

e a cabeceira da cama,

a infestação das três folhas rosas

explode e abarca a existência da casa.

(“Buganvílias”, p. 35).

Da mesma forma que uma fotografia pode repousar “morta” em um álbum na estante ou na gaveta por décadas, aguardando o seu momento de (re)descoberta, uma exsicata é um vegetal mumificado (e muitíssimo mais frágil em relação ao papel fotográfico) em um herbário, aguardando o momento de rever a luz. Mas basta para que a pessoa repouse o seu olhar nesse pequeno cadáver para trazer à vida não só ele, figuradamente falando, mas todo o passado o qual ele representa e faz parte.

Ou seja, isso é mais do que ser transportado para o passado: o passado inteirinho se refaz ali, reluzindo novamente, na nossa frente.

Pesaldra,

flor inventada.

Longínquia ilha,

o azul por dentro dos olhos

na espuma dos dias refaz

a avó, a mãe, a filha.

(“Pesaldra”, p. 19).

Podemos, a essa altura, concluir com alguma segurança que o reencontro é a chave com que Herbário da Memória concilia o espanto e a memória.

Acredito não estar errado quando penso que reencontrar-se com o passado é também voltar os olhos a ele pela primeiríssima vez — espantar-se com ele.

Heráclito (séc. V a. C.), filósofo grego pré-socrático, nos diz que ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio, porque nem a pessoa nem o rio são mais os mesmos em um segundo banho.

O eu-lírico, portanto, vê agora as coisas passadas com mais nitidez, com curiosidade e estranhamento, pois na época em que essas coisas se passaram ele não tinha nem a vivência, nem as experiências, muito menos a maturidade que possui hoje. A pessoa mudou e o passado (ou aquilo que se traz dele) já não é mais o mesmo. É iluminar o passado e ser iluminado por ele, de certa forma.

A memória, o espanto: o reencontro.

KATIA NO DIVÃ

Na maior parte do tempo também, o livro nos traz a sensação de estarmos folheando um livro de sonhos ou um dicionário muito pessoal de símbolos.

O texto não oferece impedimentos de chegarmos ao seu conteúdo; mas aí chegando, é difícil irmos além. As palavras são utilizadas no seu sentido mais despojadamente próprio, como já tivemos a ocasião de pontuar. Mas o poema todo é (trans)figurado e, por conta disso, ele é recheado de significados indiretos, implícitos, oblíquos.

É como em Sophia: uma flor é mais do que uma flor.

Da mesma forma que um lírio em um sonho, como dizem os antigos, pode significar a pureza, e o cravo, a fidelidade, em Herbário da Memória, essas plantas e flores parecem simbolizar um momento muito particular de seu eu-lírico. Particular e, portanto, inacessível.

O que elas significariam?

É tentador demais acreditar que o eu-lírico e a Katia sejam ambos uma só pessoa. Eu confesso que gosto bastante dessa ideia, por mais que a leitura estritamente biografizante seja uma abordagem limitadíssima.

Se é verdade que Katia e o eu-lírico sejam ambos uma só pessoa (e eu acredito que seja), talvez, futuramente, algum biógrafo possa iluminar esse caminho que liga os poemas com as particularidades da vida de Katia que os inspiraram.

Mas… seria isso essencial?

Sei que hoje é cada vez mais difícil separar a obra de seu autor. Mas prefiro acreditar que uma obra de arte sempre consegue transcender a mão do artista; a transposição de elementos de sua vida para a sua arte nunca se dá de modo mecânico.

Se as motivações são idiossincrásicas e nebulosas, o que realmente importa para nós enquanto leitores é saborearmos essa faceta transfigurada pela qual a poesia de Katia se revela para nós.

E por fim, permitam-me fazer uma última digressão.

Roberto Carlos (1941 — ), na sua maior canção, O divã (1972), relembra a sua infância e nos diz nesses versos lancinantes:

Eu venho aqui, me deito e falo

pra você que só escuta,

não entende a minha luta.

Afinal, de que me queixo?

São problemas superados.

Mas o meu passado vive

em tudo que eu faço agora.

Ele está no meu presente.

Mas eu apenas desabafo

confusões da minha mente…

E perante as orquestras imensas da CBS de Nova York, o Solitário de Cachoeiro repete o refrão como um mantra: “essas recordações me matam”.

O álbum de 1972 do cantor Roberto Carlos (Fonte: Reprodução).

Sabemos que a canção é ele falando de si próprio, relembrando momentos fundantes da sua personalidade (a infância, a família, a pobreza, o acidente de trem que decepara a sua perna, etc.).

Roberto faz psicanálise, transformando o palco ou o estúdio em um consultório, e os milhões de ouvintes de todos os lugares e épocas na figura do analista “que só escuta” o que ele tem para falar.

Se em Herbário da Memória o eu-lírico for realmente a Katia (e eu acredito que seja), ela está fazendo — ainda que com versos alusivos — o seu O divã. Nós somos, em alguma medida, uma figura coletiva de analista que “só a escuta” (neste caso, que só a lê).

Mas enquanto Roberto é pura voz, desabafo e transparência, Katia é flor, é reencontro, é transfiguração.

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