The Expanse | 1ª Temporada: “Remember the Cant!”

Roberto Honorato
Primeiro Contato
Published in
4 min readFeb 19, 2019

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Uma das séries sci-fi mais intrigantes dos últimos anos

Texto totalmente livre de spoilers!

Baseada na série de livros de James S.A. Corey (pseudônimo usado pela dupla Daniel Abraham e Ty Franch), The Expanse tem sido uma das séries mais interessantes de se seguir nos últimos anos. É uma pena que tenha sido criada pelo canal SYFY, que não tem muito respeito pelas suas produções e decidiu cancelar a série depois da terceira temporada. Felizmente, o Prime Video (serviço de streaming da Amazon) assumiu a tarefa de continuar as histórias da tripulação da Rocinante. Com a adição das temporadas em sua nova casa, decidi falar um pouco sobre elas antes que a nova chegue.

The Expanse nos carrega 200 anos no futuro, para uma sistema solar colonizado. Há tensão entre os povos por conta da exploração de matéria-prima, e protestos acabam piorando a situação. A humanidade está dividida em três polos principais: Terra, Marte e o cinturão de asteroides. Por enquanto não visitamos Marte, mas ela é uma potência militar considerável e a sua presença está nos terráqueos que colonizaram o planeta e servem de grande influência na movimentação espacial. Passamos mais tempo em Ceres, um dos asteroides do cinturão, onde seus habitantes são chamados de Belters (belt pode ser traduzido para cinturão). Eles são os principais descendentes de mecânicos e engenheiros, responsáveis pelas colônias, e tem seu próprio “sindicato” (o que não agrada nem um pouco a Terra ou Marte, que o consideram uma organização terrorista). Por conta da gravidade baixa, acabaram sendo alterados fisicamente ao longo dos anos, e também sofrem com a falta de água. Enquanto isso, na Terra, temos o comando firme das Nações Unidas, que resolve as coisas da maneira que bem entenderem.

A trama começa realmente onde menos se imagina, por conta de uma nave coletora de gelo que habita o espaço aberto, a Canterbury. O maior mistério da temporada envolve a destruição da nave, junto de sua tripulação. Isso faz com que a tensão aumente e uma guerra pode estar mais próxima do que se imagina. O mais intrigante é que um pequeno grupo conseguiu sobreviver a explosão da Canterbury por estarem a bordo de sua nave auxiliar investigando um pedido de socorro: James Holden, o segundo oficial; Naomi Nagata, a engenheira-chefe; Amos Burton, mecânico; Alex Kamal, piloto; e Shed Garvey, médico.

Sobreviventes da Canterbury

Holden vira uma figura importante no meio de todo o debate sobre quem poderia ter destruído a nave, então ele e sua tripulação decidem resolver o mistério, mesmo que tenham membros de todos os cantos do sistema solar interessados em sua história. Paralelamente, somos apresentados ao detetive Joe Miller, de Ceres, designado em um caso cada vez mais perigoso envolvendo o desaparecimento de Julie Mao, a filha de um dos homens mais influentes da Terra.

Essas duas tramas são o foco principal de uma temporada de manipulação, conspirações e debates sobre as responsabilidades de figuras poderosas. O enredo é construído em cima da animosidade entre os povos, por isso é notável o ótimo trabalho da equipe para manter todos os núcleos consistentes e, ao lado da direção, construir um universo provocativo, com um design de produção que consegue ir da sujeira das ruas durante os protestos no cinturão para a elegância monótona das instalações governamentais da Terra. Isso também se aplica às sequencias espaciais, onde há um excelente trabalho do departamento de efeitos especiais, ainda mais quando consideramos que esta é uma série com orçamento de TV para um canal como o SYFY, que não é um dos mais ricos (eu sei que pareço um pouco como um disco quebrado falando deles, mas foram tantas decepções que ainda não tive tempo para perdoar). Se eu tivesse que escolher um problema da temporada, seria talvez a forma que demore um pouco para realmente nos envolvermos com os personagens, já que os primeiros episódios dão mais importância a apresentação do mundo e a trama principal, mas isso não demora muito, e quando tudo está alinhado perfeitamente temos uma ficção científica política de qualidade em mãos.

Thomas Jane e Shohreh Aghdashloo são os rostos mais conhecidos do elenco. Jane interpreta o detective Miller, com uma atitude que lembra a de um Blade Runner, assim como sua narrativa segue uma linha noir. Já Aghdashloo é uma intimidadora e influente figura das Nações Unidas. Ainda que os dois tenham personagens importantes, o resto do elenco não deixa a desejar. Steven Strait e Dominique Tipper tem uma ótima relação como a dupla Holden e Nagata, e há o contraste entre a atitude confiante de Wes Chatham, como Amos, e a cautela de Cas Anvar, como o piloto Alex. Jared Harris tem uma participação menor, mas é o tipo de ator que “rouba a cena”, então vale a pena mencioná-lo.

Com debates e questionamentos de temas realistas que fazem de The Expanse uma obra original e relevante, essa é uma das indicações mais sólidas que faço por aqui. Não demora para que você se encontre cada vez mais ansioso para saber o que acontece com os tripulantes da Rocinante e como Miller se enrosca em sua missão mais complicada.

Ficha Técnica:
The Expanse, S01
Criada por
Mark Fergus e Hawk Ostby
Direção de Breck Eisner, Jeff Woolnough, Terry McDonough…
Roteiro de Hallie Lambert, Georgia Lee, Naren Shankar…
Atuações de Thomas Jane, Shohreh Aghdashloo, Steven Strait, Dominique Tipper, Jared Harris.

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Roberto Honorato
Primeiro Contato

"Mad Mastermind". Eu gosto de misturar palavras e ver no que dá. Escrevo sobre ficção científica para o Primeiro Contato e cinema para o Rima Narrativa 📼