‘Servir bem para servir sempre’ não é só lema de padaria

Mariana Esposito Lima
Printi Tech
Published in
4 min readMar 24, 2022

Quando comecei a trabalhar com tecnologia, pedi umas dicas para o Ronald Lima (meu irmão), que já tinha experiência na área. Uma das coisas mais importantes que ele me ensinou foi sobre o ‘espírito de servir’. Sobre como estamos todos aqui para servir e como isso fazia parte da cultura da empresa, em todos os níveis e áreas. Servir ao cliente final, servir à operação que atende ao cliente, servir às áreas táticas que suportam a operação e assim em diante.

Anos depois, trabalhando em outra empresa, outro negócio e com outro papel dentro da equipe, me pego pensando em como esse aprendizado, um dos primeiros nas minhas vivências em tecnologia, foi importante no meu desenvolvimento. Ainda hoje, independente do cargo ou área de atuação, quero ter sempre esse mindset de ajudar, de contribuir, de servir.

Primeiramente, não é mais do que minha obrigação. A empresa me paga para que eu faça bem meu trabalho, o que inevitavelmente inclui interação e colaboração com outras pessoas e equipes. Sem falar que, no fundo, estou servindo a mim mesma. Se engana quem pensa que servir aos outros é ser feito de otário porque não vai receber nada em troca. Pensando em carreira e desenvolvimento profissional, servir ajuda a construir pontes, é essencial para o trabalho em equipe, e ainda te dá fama de ser uma pessoa legal. Você corre até o risco de te ajudarem de volta quando precisar.

Mas acredito que outro benefício, e ousaria dizer que o mais importante, é a mudança na forma como você enxerga o seu dia-a-dia e as suas tarefas. Em geral, quando chega uma notificação de mensagem é comum pular nas nossas cabeças ‘mais alguém vindo me encher o saco’ ou ‘o que o fulano quer agora?’. Isso nos coloca num estado mental de irritação e nos deixa na defensiva. Não vemos a hora de despachar o intransigente que nos interrompeu.

Agora se a gente pensar ‘essa pessoa está me chamando porque precisa de ajuda, deixa eu ver se tem algo que posso fazer por ela’ nossa reação e atitude diante da situação é completamente diferente. O olhar de empatia nos torna mais receptivos, plenos e, acredite, nos faz sentir bem com a gente mesmo. Uma gentileza pode fazer a diferença no dia de alguém, e ser responsável por isso traz incrível satisfação própria.

Alerta de lição de moral. Afinal, qual é a realidade que você quer criar? Tenha certeza que cada atitude tem sua consequência, aí cabe a cada um de nós refletir sobre o que estamos trazendo para o mundo. Se você apenas vê problemas e é sempre crítico e reclamão, mesmo que a pessoa mais generosa do mundo te ofereça um sorvete, você vai recebê-lo com desconfiança e julgamento. Se pergunte: quem é você na vida? Ser prestativo e servidor não é exclusividade de grupo religioso ou trabalho voluntário. É prática diária em casa, no trabalho, na faculdade ou seja quais forem seus círculos de atividades.

Não vou mentir, nem sempre é fácil. Vamos combinar que é praticamente automático ajudar aquela pessoa bacana que está sempre junto nos perrengues. Mas e aquele cara chato, que nunca te escuta e só fala com você para pedir coisas? (vulgo, seu cônjuge, brincadeira) É muito difícil ter a presença de espírito de dar um passo para trás e refletir que ele é simples e somente um ser humano, também em busca de cumprir suas tarefas e ser feliz.

Não sabemos da realidade das outras pessoas, suas pressões, dificuldades e frustrações. Muito menos somos responsáveis por como elas escolhem (re)agir no dia-a-dia. Então que tal a gente fazer a nossa parte de exercitar o espírito de servir?

Quem sabe será até um caso de ‘gentileza gera gentileza’ na prática. Por exemplo, quem nunca teve contato com gente notoriamente desagradável, que ninguém gostava de interagir, mas que te atendia super bem? Parece básico, coisa da quarta série, mas a forma com que tratamos os outros volta para a gente.

Então não subestime o poder de ser genuinamente gentil e prestativo, isso reflete nas suas relações com a tal ‘pessoa difícil’ e pode até refletir na postura dela diante de outras pessoas. Criar um círculo virtuoso de empatia e colaboração. Nossa, imagine um mundo em que as pessoas acordam e se perguntam ‘como eu vou ajudar alguém hoje?’ S2

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