Como estruturar problemas e hipóteses complexas

Anne Freitas
Prisma Design Thinking
5 min readNov 14, 2023

Entendendo melhor o conceito de Deep Dive ou Pesquisa Imersiva

A fase de Imersão pode ser entendida e realizada de diferentes formas, que variam de acordo com o contexto do projeto ou empresa. Normalmente, o que é considerado mais comum, é ser a fase zero ou a parte inicial do processo de Discovery baseado em pesquisa. Considerando que você está partindo dos seguintes contextos: um ponto em que não existe informação precisa, o time não detém nenhuma das informações existentes, ou decisores, business owners e sponsors optaram por realizar um Discovery, para que toda a visão conceitual existente seja atualizada. Nesse último caso, geralmente, o recorte é que as análises de um produto/serviço são baseadas na perspectiva de diferentes entendimentos de quais lugares se encontram os conceitos de valor, para transformar em oportunidades.

Algumas pessoas estruturam seu formato de execução em Imersão Preliminar e Imersão em Profundidade, essa é uma abordagem que facilita o entendimento para as pessoas que têm dificuldades com alguns processos não-lineares de pesquisa em Design Thinking.

Nesse modelo, o processo de Imersão está estruturado no primeiro diamante ou quadrante, da Metodologia do Duplo Diamante (Double Diamond), ou seja, ela é própria para proporcionar um entendimento rápido de uma sequência de ações baseada em tomadas de decisão simplificadas: primeiro é necessário reunir e conhecer (ou mapear) o máximo possível de informações (o processo de divergir), para depois, selecionar as mais adequadas, de acordo com a estratégia que foi sendo delineada, para analisar os achados (convergir).

Esse tipo de planejamento tem como objetivo primário, proporcionar uma visão de como explorar um problema, ou seria mais apropriado afirmar, como utilizar o processo exploratório de pesquisa para analisar determinadas dores e necessidades, ainda não formuladas em termos de problema. Assim, como na matemática, a ordem escolhida influencia no resultado final também: você parte da observação de um ecossistema situacional, em que serão gerados insights para serem transformados em problematização, de acordo com sua observação dos usuários analisados ou entrevistados durante determinados cenários.

“Outro grande valor dos cenários é que eles nos forçam a manter as pessoas no centro da ideia, nos impedindo de nos perder em detalhes mecânicos ou estéticos.” (Extraído do livro Design Thinking do autor Tim Brown)

Depois da pesquisa exploratória, a equipe irá enumerar os problemas da forma mais geral para as mais específicas, e irá se debruçar no seu tratamento: o processo de transformá-los ou reformulá-los em problemas validados (que têm propensão para gerar soluções de negócio):

“Qualquer coisa tangível que nos permita explorar uma ideia, avaliá-la e levá-la adiante é um protótipo.” (Extraído do livro Design Thinking do autor Tim Brown)

Como comentamos o cenário como no exemplo da matemática: cabe diferenciar o formato de entrega de uma consultoria como a IDEO, em que seu modelo de trabalho, é voltado por equipes compostas de experts de áreas multidisciplinares, que têm como entrega a prototipação de soluções que gerem maior valor ao negócio, o que causa certa polêmica, pois nos deparamos com descrições gerais de entrega de valores de negócio empresariais como “centradas no cliente”, “data driven” e “orientadas a resultados”, que podem soar vazias sem o entendimento do projeto.

Cabe destacar essa diferença no modelo de entrega ou operacionalização do trabalho. Em consultorias de Design Thinking, Inovação e Transformação Digital, o modelo de Imersão é mais alinhado ao conceito criado pela própria IDEO de Deep Diving, onde todo seu processo não é faseado e pode muito menos ser considerado linear, melhor descrito como a criação projetual em que todos estão focados em prototipar soluções:

“A meta da prototipagem não é criar um modelo funcional. É dar forma a uma ideia para conhecer seus pontos fortes e fracos e identificar novos direcionamentos para a próxima geração de protótipos mais detalhados e lapidados. O escopo de um protótipo deve ser limitado. O objetivo dos protótipos iniciais deve ser decidir se uma ideia tem ou não valor funcional.” (Extraído do livro Design Thinking do autor Tim Brown)

Avançando na discussão sobre Deep Diving e Imersão, poderíamos entender que esses métodos (poderíamos usar o termo “método”, de acordo com o entendimento descrito acima: pelo seu formato de estrutura de operacionalização baseada em pesquisa e contexto de negócio) tem como resultado a entrega de prototipáveis de provas de conceito.

Assim, seu projeto é focado na construção de algo que possa ser executado de forma factível: onde o aspecto funcional é uma das dimensões de entrega de valor, mas que precisa estar em consonância com análises do que o pode existir uma aceitação do mercado, com isso, se parte para a prática da ideação/concepção onde a entrega é externalizada em forma de protótipos funcionais, ou MVP´S.

A Imersão entendida como parte do processo de DISCOVERY

O uso da imersão também pode ser considerado uma parte do Discovery, ou ser transformado no processo de Discovery durante sua execução. Dessa perspectiva, durante a realização da imersão, é observado durante o processo que é necessário a construção documentada pelas partes de negócio, como forma de transmissão de conhecimento base do nível estrutural (ou de infraestrutura técnica) em que todos os projetos precisam atender para que sejam concebidos: requisitos de plataformas, regulatórios, tecnologias, normativos, etc.

“No espaço de idealização, construímos protótipos para desenvolver nossas ideia visando nos assegurar de que elas incorporem os elementos funcionais e emocionais necessários para atender à demanda do mercado” (Extraído do livro Design Thinking do autor Tim Brown)

A figura do facilitador da imersão ou dos sponsors (responsáveis pela iniciativa) podem enxergar esses possíveis desdobramentos: como o uso das facilitações para o mapeamento de processos existentes com objetivo de detecção de melhorias baseadas nos princípios da qualidade e prevenção de riscos, assim como para a construção de novos processos ou mesmo a automatização de forma segura.

“Uma coisa é falar sobre prototipagem de objetos físicos e até de serviços intangíveis, mas os desafios mais abstratos de prototipagem, como o design de novas estratégias de negócios, novas ofertas e até de novas organizações também têm papel relevante.” (Extraído do livro Design Thinking do autor Tim Brown)

PARA SABER MAIS SOBRE:

Etapas do Design Thinking: Imersão e Definição:
https://howeducation.medium.com/etapas-do-design-thinking-imers%C3%A3o-e-defini%C3%A7%C3%A3o-bbdda5092c6f

Deep Dive: o processo de criação da IDEO:
O truque é achar esses verdadeiros especialistas reais, e aprender com eles muito mais rápido do que você poderia aprender sozinho.
https://uxdesign.blog.br/deep-dive-o-processo-de-cria%C3%A7%C3%A3o-da-ideo-ca5b77e202d5

O que é, as 5 etapas e como aplicar o Design Thinking
https://liga.ventures/insights/artigos/o-que-e-as-5-etapas-e-como-aplicar-o-design-thinking/

As 25 técnicas e ferramentas utilizadas pelo Design Thinking
https://www.provalore.com.br/as-25-tecnicas-e-ferramentas-utilizadas-pelo-design-thinking/

O que é “POC — Proof of Concept”
https://www.cursospm3.com.br/glossario/poc-proof-of-concept/

IMERSÃO: A PRIMEIRA FASE DO DESIGN THINKING
https://personaliteservicos.com.br/personalite/imersao/

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