Empreendedorismo, startups e mudanças de carreira

Anne Freitas
Prisma Design Thinking
5 min readJan 25, 2018

Nesse primeiro artigo sobre empreendedorismo eu quero compartilhar com vocês a minha história pessoal, e como eu comecei a empreender tomei conhecimento sobre empreendedorismo.

Primeiro de tudo, antes de começar a pesquisar, ir a eventos, ler sobre o assunto, eu sempre associava empreendedorismo à startups. Aí eu fui procurar o que era uma empresa considerada uma startup:

“(…) uma startup é um grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza.”
Revista Exame

Eu estava insatisfeita com o meu trabalho e à procura de novas oportunidades, e, por isso, estava pesquisando sobre vagas na área de Design, e havia um boom de empresas consideradas startups procurando por designers. E o que me chamou a atenção, era que essa empresas, apesar de deixarem claro que é um trabalho de extrema incerteza e instável, eram empresas altamente conhecidas pelo crescimento rápido, escalabilidade organizada de times e inovação.

Em outro texto aqui, eu já havia começado a falar sobre inovação, e muito dessa concepção vêm dos modelos de negócios que conheci como startups, o que observei foi que toda startup tem uma idéia nova, mas nem todo novo negócio tem. Então temos que diferenciar abrir um negócio de começar startup.

E empreender? O que significa? Aí vem o que eu descobri como “o pulo do gato” das startups: instabilidade e incerteza, não significa desorganização e falta de entregas, ou que de um dia para o outro seu chefe vai chegar e mandar você embora.

Significa o que acontece na maior parte das empresas, e que um profissional de UX já está habituado a lidar: ciclos de mudança: acompanhamento da idéia para validação, depois implementação, e ás vezes, refação. Só que tudo extremamente rápidos, daí também, a maior parte utilizar metodologias ágeis, o que significa que, às vezes, você terá que fazer o mesmo projeto em vários ciclos repetidos.

No seu dia a dia, agora falando em design gráfico, quantas vezes seu chefe pediu uma alterações no seu layout? Aposto que inúmeras. Alguma vez ele lhe deu um motivo razoável para fazer isso? Aposto novamente que não. Então olhando e comparando por esse lado, a instabilidade de uma startup é ruim? Na minha opinião não.

Agora quando falamos do perfil empreendedor, muitas vezes está associado ao perfil de owners de startups, mas não necessariamente. Você pode ter um negócio tradicional, e ter um perfil extremamente empreendedor. Ou, como no meu caso, ter um perfil empreendedor e não ter uma empresa.

Mas, o que comumente, todos nós consideramos um perfil empreendedor?

Como eu estava procurando por um emprego, eu refleti sobre o porquê de eu estar insatisfeita com o meu trabalho levando em consideração as habilidades que eu não estava tendo oportunidade de colocar em prática. Assim, fui fazer coaching, vários exercícios de auto-conhecimento, mentoring, ler sobre o assunto, etc, mas o que me chamou a atenção foi um site chamado “Negócio de Mulher” que tomei conhecimento ouvindo um podcast sobre UX.

Eu comecei a acompanhar o material que era postado, nesse site e foi citado um livro bem famoso em diversos lugares: Business Model You e também descobri outro chamado Value Proposition Design. Também comecei a frequentar encubadoras, fui em feiras de contratação de startups, na Cubo e no Google Campus e em Palestras/ Workshops na Oxigênio.

No geral, o que eu identifiquei, foi que não apenas para ser o dono de um negócio você precisa ter um pensamento empreendedor, no cenário de negócio atualmente, com a tecnologia sempre em mudança, o bombardeio de diversas mídias, a maior dispersão de atenção por parte do consumidor, etc, exige que todo profissional desenvolva algumas habilidades típicas do empreendedor, eu identifico as abaixo como as que foram essenciais para mim:

Procurar oportunidades em ambientes de mudança e crise;
- Correr riscos calculados;
- Ser pautado por metas e objetivos, a curto, médio e longo prazo;
- Ser capaz de lidar com os erros, aprender e recomeçar novamente.

No meu caso, eu acabei ficando desempregada nessa busca de mudança de carreira, e não queria abrir um negócio, então eu pensei: “Como posso gerar valor através do meu trabalho?” Então lembrei uma frase que ouvi no Podcast Movimento UX, que a Karine Drumond disse: “E e se você pudesse gerar seu próprio emprego?”

Eu pensei em várias coisas, mas eu sempre voltava ao Design, porque uma das coisas que descobri é que eu realmente amo o que eu faço, por isso passei anos me dedicando a isso. Então, desses anos, passando por diversas empresas, com experiências de erros e acertos, como eu poderia transformar isso em um serviço, e ainda, que envolvesse Design?

Eu voltei para aquele raciocínio de quais habilidades eu não estava empregando e estava insatisfeita com isso. E me dei conta que a maior parte dos erros que eu lidava em todo emprego, eram erros de falta de planejamento estratégico, e que eu sempre sugeria várias iniciativas ligadas a isso utilizando Design Thinking.

Então eu resolvi, enquanto buscava outra colocação, oferecer serviços como Consultora de Design Thinking. Mas, o que percebi, e tive que pivotar a ideia, foi que, a maior parte das empresas não entende como o Design Thinking pode ser aplicado em seu negócio, como o designer pode interagir em equipe, como utilizar metodologias que se apliquem ao design, e mais ainda, como o design pode ser estratégico.

Depois disso, eu cheguei a conclusão, que nós designers, discutimos o tempo todo sobre criar uma cultura de design dentro das empresas, mas praticamos isso muito pouco. Eu sempre tentei fazer isso em cada emprego, mas percebi que podia fazer isso de uma maneira mais rica e assertiva se conseguisse atingir mais pessoas e pensei que a melhor maneira de fazer isso era disseminação de conteúdo. Primeiro propus para várias escolas modelos de cursos de Design Thinking voltados para profissionais no geral, não apenas designers, e depois, comecei a escrever sobre isso.

Quando eu comecei a acompanhar as postagens e realmente vi que as pessoas estavam acessando e lendo os textos, decidi montar o Blog Prisma Design Thinking.

Assim eu não empreendi através de uma empresa, mas eu utilizei todo o meu expertise de design estratégico para divulgar meu trabalho pelo blog e mídias sociais, e conseguir atingir de maneira mais assertiva as empresas, empregadores e designers. A ideia principal é criar um movimento para gerar discussões mais ricas sobre a atuação do designer atualmente, sua formação, e também criar uma cultura de design dentro das empresas e valorizar a profissão.

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