Técnicas de composição cromática na Direção de Arte em interfaces digitais

Anne Freitas
Prisma Design Thinking
4 min readApr 4, 2018
Retirado de http://www.des1gnon.com/2017/11/usar-contraste-de-cor

Antes de tudo, quero lembrar que esse texto faz parte de uma série de artigos que estou escrevendo sobre Direção de Arte, a meu ver existe uma lacuna muito grande quando tratamos de Direção de Arte em interfaces digitais, e na minha opinião essa lacuna advêm principalmente do processo de formação de equipes e metodologia de trabalho, onde na maior parte das empresas o projeto acontece em etapas de camadas sobrepostas.

Em agências existe a figura do Diretor de Arte, porém esse diretor de arte possui um background muito forte de marketing e visual design. O que funciona muito bem para peças que são exibidas em interfaces digitais, mas não exigem uma interação mais complexa por parte do usuário, o foco é a comunicação direta com o objetivo de apenas uma ação direta. Na maioria dos casos apenas um clique que direciona o usuário para uma outra plataforma com a qual ele interage mais complexamente.

Talvez no parágrafo acima o processo não ficou muito claro, vamos trazer para nosso dia a dia de trabalho. Em uma campanha de dia das mães, geralmente você recebe um e-mail, ou vê uma imagem em alguma mídia social que você tenha perfil, ou até uma imagem offline, como um cartaz, catálogo, propaganda de televisão, etc. Todos esses meios lhe transmitem mensagens que você recebe passivamente em formato de texto e/ou imagem visual e lhe levam a tomar apenas uma ação, que é buscar mais informações sobre o que está sendo exibido ou impulso de compra.

A partir daí, entramos em uma segunda etapa, onde na maior parte das vezes é mediada por uma plataforma online que possui uma interface, e essa media tem várias camadas de conteúdo que vão além do texto e visual: a interação através da facilidade na usabilidade, a escolha de itens de informação e dados agrupados, entre outros.

Assim, para a criação desse tipo de interface é necessário um processo holístico, onde eu prefiro nomear de co-criativo, onde a direção de arte, requisitos do projeto, ou protótipo, como você prefira chamar, contemple desde o início todas essas camadas de informação. Em um processo onde as atividades se sobrepõem, você incorre em perda de tempo, gastos, refação, e em uma interface e experiência pobre.

Por isso defendo a abordagem da direção de arte usando como metodologia o design thinking, onde o diretor de arte é um facilitador que vê a importância da sinergia de todas as expertises desde a concepção do projeto.

Dentro dessa concepção de Direção de Arte faltam métodos e ferramentas voltados exclusivamente para interfaces digitais, mas o que venho propondo na minha série de textos é fazermos uso do Design Thinking e trazermos referências de outras medias para o nosso processo e adaptarmos ele ao contexto digital.

Nesse texto em específico quero trazer conceitos de Composição cromática dentro da construção de interfaces digitais. As cores não são simples instrumentos estéticos, elas possuem sim o poder de encantamento, mas esse poder surge justamente do conhecimento prévio do designer dos efeitos de cada cor na construção da experiência do usuário, cores quentes causam a sensação de euforia, felicidade, cores frias trazem austeridade, tradição, cores muito quentes são ligadas ao paladar, etc.

Abaixo vou utilizar alguns exemplos que considero ilustrativos:

Cores complementares Duplas:
violeta + verde / amarelo-laranja +azul-violeta
Alto contraste, ousadia, modernidade, riqueza de cores, design arrojado

Retirado de https://br.pinterest.com

Cores Frias: Azul/Violeta/Verde
Monocromia no uso do azul, uma cor mais tradicional porém ligada à tecnologia e a uma faixa etária mais madura, o verde foi utilizado para ressalta a área de interação e contraste

Retirado de https://br.pinterest.com

Harmonia 90 graus:
Usa-se qualquer cor do disco, deixa-se as duas seguintes e usa-se a terceira cor formando um quadrado. Azul + verde / laranja + vermelho-rosa

Cores dissonantes que servem para separar a informação em blocos, sem hierarquizar, imprimindo a mesma importância para cada agrupamento mas sem dar um caráter monótono, sem gradação, com o uso do estilo flat, privilegiando a fonte.

Trabalho completo em https://www.behance.net/annefreitas

Além da sensação sinestésica, que faz parte da psicológica, também existe o caráter de ressaltar determinados aspectos, hierarquizar, harmonizar, conduzir nosso olhar, etc. Então quando tratamos de cor, mais uma vez, não vamos enxergá-la de maneira superficial, do contrário estaríamos produzindo apenas um wireframe.

As cores têm um papel determinante que vai muito além do visual, imagine se seu mundo fosse preto e branco? Como você se sente em um dia nublado e em um ensolarado? Faz parte do papel de um bom designer não menosprezar esse aspecto, e trabalhar com extremo cuidado, quer ele seja especializado em interface, direção de arte ou experiência.

Copyright © 2017–2018 por Prisma Consultoria de Design
Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida, distribuída ou transmitida por qualquer forma ou por qualquer meio, incluindo fotocópia, gravação ou outros métodos eletrônicos ou mecânicos, sem a prévia autorização por escrito do editor, exceto no caso de breves citações incluídas em revisões críticas e alguns outros usos não-comerciais permitidos pela lei de direitos autorais.

--

--