O que a netflix tem a ver com os seus comportamentos tóxicos

Washington Pacheco
O Procrastinador
Published in
4 min readJan 28, 2020

Existem momento na vida em que nos perguntamos como é possível tomar tantas decisões que não condizem com nossos objetivos e é provável que antes mesmo da resposta a mente comece a julgar nossa incapacidade de lutar contra este contexto.

É muito comum encontrar com pessoas que possuem objetivos grandiosos e que acreditam nas possibilidades de alcançar estes objetivos, assim como também é normal passar por pessoas que apenas estão sendo reativas à vida, para os dois tipos é muito difícil se manter fiel às decisões e comportamentos necessários para evoluir. Nós somos muito bons em nos sabotar e somos excelentes produtores de empecilhos para nossa própria caminhada.

Faz um tempo que venho falando por aqui sobre como nossos cérebros são excelentes gestores de energia e como eles baseiam os nossos padrões de comportamento na necessidade de guardar essa energia em caso precisemos sobreviver à algum acontecimento que nos coloque em perigo, é uma função primária do cérebro que também está relacionada com as decisões que tomamos. Tanto a gestão de energia quanto a tomada de decisão estão relacionadas com a qualidade dos nossos arquivos mentais pois, antes de qualquer ação o cérebro buscará dentro dos padrões que possui e se pautará na análise desse conteúdo para chegar a uma conclusão, se a qualidade dos arquivos não for boa é bem provável que os resultados também não serão os melhores.

Vamos chamar o que você coloca para dentro, os arquivos mentais, de inputs e os resultados das análises, comportamentos e decisões, de outputs. Todo problema de output é primordialmente um problema de input, isso quer dizer que se você consome lixo é bem provável que os seus comportamentos serão baseados nisso, a mente precisa ser alimentada com alimentos saudáveis da mesma maneira que o corpo. Como eu disse antes nós somos excelentes autossabotadores e nossos cérebros são ótimos gestores de energia, ao consumirmos conteúdos que não agregam à mudança dos comportamentos que desejamos estamos corroborando para que o processo se mantenha em curso. Se você possui uma base padrão de pensamentos que foram fundamentados no consumo de conhecimentos vagos e distrativos é bem provável que você será uma pessoa extremamente procrastinadora, por exemplo. Não estou dizendo que devemos ler apenas artigos científicos e obras shakespearianas, nem mesmo que é necessário abandonar a Netflix, afinal, precisamos nos alimentar de inputs diversos para variar a nossa base mental e nos tornarmos mais criativos mas, viver apenas deste tipo de coisa fará com que tenhamos uma propensão maior à hábitos e comportamentos tóxicos.

Digamos que você seja uma pessoa que consome a maior parte das suas informações sobre as coisas que estão acontecendo no mundo através de noticiários de TV, principalmente as redes abertas, dependendo do tom usado na transmissão das informações você pode começar a basear a sua forma de pensar nesses inputs, um grande exemplo disso são as pessoas que consomem programas sensacionalistas cujo assunto principal são tragédias e violência, ao consumir conteúdo que fala constantemente de morte e tristeza é bem provável que você passará a formar pensamentos melancólicos e desanimadores sobre a sua capacidade de vencer os obstáculos na vida e se tornará uma pessoa menos esperançosa. Por outro lado se você consome bastante conteúdo distrativo, que tem a função apenas de prender sua atenção sem uma mensagem que agregue valor, você se tornará lentamente mais preguiçoso e terá dificuldades de foco e concentração.

Essa é uma análise que busca evidenciar como nós somos influenciados pelo tipo de conteúdo que consumimos. Entenda que tudo que você coloca para dentro, todos os inputs, são a base da formação dos pensamentos e estes por sua vez são o alicerce da tomada de decisões, dos comportamentos e da gestão de energia do cérebro. Problemas de comportamentos tóxicos estão intimamente relacionados com arquivos mentais venenosos. Quanto mais estamos presos ao pensamento de que uma coisa não necessariamente afeta a outra mais nos fechamos no ciclo vicioso de distração e procrastinação pois, para o cérebro isso facilita com que ele poupe energia e continue operando em cima deste estado letárgico, quase hipnótico, para que não precisemos usar essa energia que ele julga necessária à sobrevivência.

O cenário descrito não é dos melhores mas tem saída e você não precisa se desesperar, bom, a menos que não abra os olhos e continue não avaliando criticamente o tipo de conteúdo que consome.

Existe muito mais energia para ser gasta dentro do nosso corpo e o cérebro tem a capacidade de ceder mais dessa potência de acordo com os padrões que ele possui. Se passamos a viver de uma maneira que demande mais energia e isso se torne o novo padrão o cérebro responderá positivamente a isso. É claro que não é fácil e haverá a necessidade de ser persistente. Um bom exemplo dessa relação é quando uma pessoa sedentária passa a praticar atividades físicas e lentamente começa a relatar maior disposição e mais energia para gastar durante o dia, isso acontece porquê o novo padrão imposto ao cérebro faz ele entender que essa nova realidade demanda a liberação de mais energia.

A qualidade dos inputs tem relação com os nossos comportamentos, hábitos e decisões e pode significar uma vida de mediocridade se não nos atentarmos ao perigo de continuar consumindo qualquer conteúdo sem critério. Se você deseja ser mais produtivo ou mudar algum comportamento ou hábito comece avaliando a qualidade dos seus arquivos mentais.

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