Pílulas de verdade
autor(a): Ana Paula Rosa Castro
A branquitude deles
Me dá aversão
O pensamento é pequeno
Reduzido ao seu próprio umbigo
Me traz uma aflição
A gente morre
Sangra como carne no açougue
E eles, eles continuam como antes
Mesmo que as estatísticas sejam projeção
Elas não são transformadoras
Só mostram a nossa raça em extinção.
Os fardados que nos tiram a vida
Os não fardados,
Os acostados na palavra do governo
A religião que nos oprime,
Mas que clama pelo amor ao próximo
Mas só se esse “próximo” for igual a mim
Eles, os brancos
Nos desejam como amantes,
Mas não somos para casar
Somo fortes, robustos e grandes
Como seguranças
Ou como de costume nos confundem
Marginais
Nós mulheres
Com ternura
Cuidamos dos filhos dos patrões
Enquanto eles com indiferença
Ao se dizerem olhar pelas nossas crianças
Os desfazem de sua existência
Mas e a miscigenação,
Não somos um país Racista
Somos maiores em população
A mesma que se expandiu
De uma violação
O IBGE declara
Somos Pardos,
Misturados
Mas a minha descendência
Meu sobrenome
Vem de um Branco
Abastado
São maioria
Mas no consultório não os vejo
Agora se contarmos
A tia da limpeza
E o segurança
Me faltam dedos
E quando falam que acima de tudo
Somos todos humanos
Ai que me indigno
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