Aldrey Dornelles
ProduçãoeRevisãodeTexto
2 min readDec 8, 2020

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SCHICKSAL

Texto | Aldrey Dornelles

Edição | Katy Moreira

Sinto minhas bochechas corarem. As pessoas na sala continuam me olhando e rindo. Não sei se há algo em minhas roupas simples ou em meu rosto que esteja fazendo com que elas façam isso. Eu estou desconfortável. “O que será que as faz rir?”, penso comigo mesmo. Desvio o olhar do grupo a minha frente, e observo a sala de aula: ela tem um tom diferente dos outros dias. Algo na luz não condiz com o que minhas memórias me mostram. Suspiro alto e escuto mais risos. Reviro os olhos automaticamente.

A sala tem diversos desenhos pendurados na parede, e um deles me chama atenção. Levanto e caminho até ele. É uma grande árvore e dentro das folhas está escrito “Schicksal”. Não faço ideia do que significa, e nem o motivo que me chamou a atenção. Retorno a minha cadeira, e olho o relógio em meu pulso: a professora já deveria ter entrado na sala de aula. Tem algo muito estranho, então resolvo ir até o banheiro.

Levanto-me, e faço menção em ir até a porta, mas o grupo que estava rindo de mim me barra. Olhando atentamente, vejo que são todas meninas, quase iguais: longos cabelos pretos e olhos azuis quase frios. “Com Licença”, digo ao grupo em minha frente. “Você não pode sair”, diz a menina no meio. Fiz menção de ir mesmo assim, e elas se uniram mais para impedir minha passagem. Elas abriram sorrisos estranhos e mostravam caninos. Em uníssono o grupo começou a repetir sem parar “Schicksal”. Entro em pânico e, quase que uma reação automática, fechei os olhos.

Então, acordei em um sobressalto no meu quarto com o coração a mil. Tudo havia sido um sonho. Um grande e bizarro sonho. Liguei a luz para ir pegar um copo d’água, e quando olho para meu braço, vejo ali a palavra que ouvi no sonho: “Schicksal”. Entro em pânico, pois não sei o que está acontecendo.

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