5 dicas para aprimorar seu repertório em UX

Rodrigo Teixeira
Design Ops Linx
Published in
6 min readFeb 7, 2023
Pessoas visitando um museum e observando peças de arte moderna
Photo by ian dooley on Unsplash

Importante: Estamos todos navegando na mesma tempestade, cada pessoa no seu barco, cada pessoa com sua realidade. Logo, é importante dizer que esse conteúdo pode não fazer sentido para a realidade de algumas pessoas, pois se trata de uma visão pessoal.

Por conta de muitos anos atuando no mercado, pessoas sempre me procuram para pedir dicas sobre como evoluir na carreira em UX, seja de livros, materiais e sobre qual melhor curso do momento. Uma parte de mim fica lisonjeada em poder contribuir e ajudar de alguma forma. Já a outra, sente o peso da responsabilidade em compartilhar uma visão pessoal, mesmo sabendo que pessoas têm trajetórias e contextos distintos e que trabalham em companhias diferentes.

Reconheço que não há o caminho ideal para a construção da carreira e o tempo influencia diretamente nossa capacidade de aprendizado e evolução, tornando o desafio ainda maior em um mundo que preza pela velocidade e pelo imediatismo.

Para tentar responder a esse desafio, minhas recomendações a seguir não vão para um curso, livro ou treinamento em específico e sim para o investimento em uma habilidade que considero a base de qualquer soft skill: a construção do repertório.

Sim, eu acredito muito no poder de construção e evolução do repertório. Tudo o que vivemos, observamos, pessoas que conversamos, lugares que visitamos, músicas que ouvimos, programas de TV ou filmes que assistimos, conversas, livros, cursos, aulas, textos, postagens em redes sociais… Estar consciente dessa habilidade e perceber que todo o conhecimento, conteúdo e as experiências acumuladas ao longo da vida são fatores chave para nossa evolução.

Ser uma pessoa de UX hoje nas mais diversas companhias que temos no Brasil e no mundo exige ter uma postura generalista, em que todos os dias temos que praticar diversas habilidades, que vai desde conversar com profissionais de áreas parceiras (como Produto e Tecnologia), passando pelas tarefas de pesquisar, mapear, analisar, sintetizar, apresentar, entrevistar, documentar, escrever, criar, desenhar, prototipar, testar, alterar, mensurar, defender, negociar…

Sabemos que executar tudo isso em nome da boa experiência não é fácil. Como diz Gabriel Pinheiro no livro UX Estratégico, “experiências são complexas porque são uma combinação de pessoas, produtos e contextos”.

Para ajudar pessoas que estejam em momento de migração para a área, que desejam atuar com a prática de UX ou que estejam buscando evolução para o próximo passo, listo minhas 5 dicas para aprimorar o repertório.

1. Estude os Fundamentos de UX

Não tem outra forma: se você quer atuar, aprimorar ou evoluir em UX, é preciso estudar. E muito. Se você não gosta de estudar, seu desenvolvimento vai ser posto à prova. Leia e releia livros, artigos e faça anotações e participe de bons cursos da disciplina de UX, Design Gráfico, Design de Serviços, Arquitetura de Informação, Psicologia, Design Emocional, Pesquisa, Análise e Síntese, Storytelling, Dados entre outros.

Com disciplina e consistência e uma boa base fundamental, seu repertório é fortalecido.

2. Espelhe designers que você admira

Ao longo de minha vida profissional tive a oportunidade e o privilégio de trabalhar com designers incríveis que me ensinaram novas formas de executar tarefas, de realizar uma pesquisa, de planejar um projeto ou novas formas de entregar. Esteja sempre próximo dessas pessoas e convide-as para um bate-papo e se tiver a oportunidade, trabalhe em conjunto para vivenciar novas maneiras de executar algo.

Caso não tenha uma pessoa referência em sua companhia no momento, busque pessoas na comunidade de UX e Design no Brasil e no Mundo, sempre tentando buscar inspiração no trabalho, no exemplo e na visão de mundo delas.

Para se ter uma ideia, profissionais que sempre são uma referência e inspiração em minha vida profissional são Adriano Ribeiro, Erico Fileno, Felipe Memória, Luli Radfaher, Michel Lent, Fabrício Teixeira, Fabio Sasso, Iris Coldibelli, Guilhermo Reis, Fabio Amado, Carolina Leslie, Beto Bina, Saulo Mileti, Anderson Gomes, Ademir Novaes, Whatson Allen, Guilherme Campos, Renan Manço, Marco Moreira, Rogério Pereira, Jeffrey Zeldman, Ellen Lupton, Cameron Moll, Mark Stickdorn, e muitos outros.

Quem são as suas referências? Busque na comunidade, alinhe valores e aprenda pelo exemplo.

3. Participe dos eventos da comunidade de UX e fora dela

Ninguém trabalha sozinho em UX. Estamos sempre projetando para pessoas e precisamos de pessoas para aprender, colaborar, cocriar, construir, validar, testar.

Encorajo sempre a participar e interaja em grupos de Slack, Discord, WhatsApp. Participe de eventos como UX Conf, Interaction Latin America, Dexconf, WIAD ou de encontros como Meetups, bate-papos, etc. É nestes eventos que podemos sair um pouco da rotina de trabalho e podemos nos conectar com outros profissionais, fazer amizades ver como outras empresas estão trabalhando em desafios diferentes.

Participantes do WIAD-SP levantando braços e mãos e sorrindo para a foto
Registro do WIAD — World Information Architecture Day 2020 na sede do Nubank em São Paulo. Créditos Robson Leandro da Silva

E é preciso ir além. Anderson Gomes, líder de Design, em um bate-papo com o capítulo de Design da Linx, sugere também a participação de eventos que não sejam de UX: Eventos de negócio, inovação, tecnologia, são bons exemplos para ampliar a visão e para conhecer diferentes pessoas de negócio, empreendedorismo, tecnologia estão buscando, trabalhando e trazendo como tendências.

4. Consuma conteúdos de UX em inglês

Pergunta o jovem designer:
— Qual a dica para evoluir na área de Design e UX?
— Investir em inglês– responde o Gestor de Design.

O jovem designer acima era eu no início da carreira e o gestor na cena foi meu primeiro líder de Design, Adriano Ribeiro.

Segundo ele, é importante para designers consumirem conteúdos (livros, artigos em blog, vídeos, podcasts) muito em razão de que de estudos, ideias, padrões de usabilidade e interface, boas práticas são documentadas e publicadas em primeiro lugar na língua inglesa para depois serem traduzidos para português e outras línguas.

Além de aprender a língua, compreender e contexto aumentar o repertório, você também se antecipa aos conceitos e boas práticas da disciplina.

5. Pratique a Observação Holística

Inspirado no trabalho do poeta e cientista Goethe (1749–1832), uma das maneiras mais profundas de aprimorar o repertório é ação de observar de forma atenta, exatamente e sem preconceitos a natureza e o mundo a nossa volta, exercitando a consciência sobre o mundo físico (o que estamos acostumados), sobre as ideias (pensamentos, interpretações, conhecimento), sentimentos (o que sentimos, percebemos ou como nos relacionamos com o objeto a ser observado).

Photo by Jezael Melgoza on Unsplash

Observar conscientemente o mundo à nossa volta, é uma forma de sair do automático do dia a dia (das telas da TV do celular, do computador ou das mesmas rotinas e tarefas do dia a dia) e começar a investir atenção às cores, clima, tempo, pessoas, espaços, cheiros, aromas, gostos, etc.

Então, quando na próxima vez em que for realizar uma atividade, pergunte-se a si próprio:

O que exatamente eu vejo? O que esse objeto/contexto provoca, faz? Como me sinto a respeito disso?

A mesma prática deve ser adotada no trabalho do dia a dia. O foco não deveria ser somente a próxima entrega e sim no reconhecimento de que aquele estudo, fluxo, jornada ou mesmo uma interface feita no Figma faz parte de um ecossistema de produtos, serviços, áreas e pessoas envolvidas.

Estar ciente dessa visão, permite que você tenha amplie seu processo de análise, criação, resolução de problemas e estabelecendo conexões entre partes. Saia do automático, pare, respire, observe, compreenda.

UX é processo e também é sobre fazer escolhas em prol de pessoas e dos negócios. Para ter uma vida longa na disciplina, construir repertório é de extrema importância além de ser uma atividade contínua, que nunca tem fim.

Estude, espelhe, participe, colabore, pratique o inglês, observe o mundo e o contexto em que está. Utilize o tempo como um aliado no processo de evolução. Sua carreira (e vida) vai agradecer.

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