Benchmarking tem vez na escolha de nomes?

Vinícius Carneiro
Design Ops Linx
Published in
4 min readApr 18, 2023

Escolher o nome de uma empresa é definir o norte pelo qual identidade visual e textual serão guiadas.

Recentemente tive a oportunidade de aplicar conceitos de branding na nomenclatura de um novo segmento de clientes da Linx. O briefing revelou a existência de um novo plano de atendimento voltado para os maiores clientes e deveria, facilmente, ser reconhecível como a modalidade mais completa ofertada.

Peças do jogo Scrabble ordenadas de forma que se leia Naming.
Imagem de Visual Tag Mx no Pexels

Sendo produtos SaaS (Software as a Service, ou seja, soluções digitais disponibilizadas na forma de serviço) o conteúdo do plano e a importância de fundamentar as alternativas com números, iniciei a pesquisa com benchmark voltada para empresas que vendem as mesmas soluções.

Para quem não sabe: benchmarking nada mais é que olhar a vizinhança, nesse caso o mercado, e registrar práticas comuns, padrões e oportunidades.

Para o nome de planos, uma pesquisa inicial apontou que não havia distinção entre diferentes segmentos. Independente de ser uma organização sem fins lucrativos ou mesmo concorrentes diretos, a linguagem de mercado tem a mesma lógica.

Como passo seguinte criei um mapa mental para estruturar a pesquisa. Mapa mental é um brainstorm estruturado, uma coletânea de ideias organizada, ganhando assim valor como ferramenta de consulta. Vale frisar que no decorrer do projeto o mapa pode (e deve) ser revisitado caso novas variáveis entrem em jogo.

Mapa mental que guiou a pesquisa.
Mapa mental que guiou a pesquisa.

Quanto aos pontos levantados pelo mapa, destacaram-se questionamentos dos planos de assinatura que vão além do nome, como números de planos ofertados e presença de módulos, por exemplo. Já sobre as características dos produtos se percebeu a importância de trazer áreas de atuação, função e modelo de precificação.

Mapa em mãos, momento de efetuar o benchmarking dos 80 produtos SaaS selecionados e, quanto aos nomes, criar uma visão dos resultados na forma de nuvens de palavras.

Nomenclatura dos planos de custo baixo.
Nomenclatura dos planos básicos.
Nomenclatura dos planos de custo intermediário.
Nomenclatura dos planos intermediários.
Nomenclatura dos planos de custo alto.
Nomenclatura dos planos avançados.

A nuvem de palavras é uma ferramenta de criação rápida e de fácil compreensão, gerando a oportunidade de mostrar, em uma só visão, a amostra levantada e a frequência que ocorre. Um ponto importante é atentar para a diagramação da nuvem, pois é fácil criar uma massa de termos que não permite a identificação rápida da popularidade de cada termo, prejudicando o principal objetivo dessa visualização.

Nesse projeto, foram criadas 3 nuvens, respectivamente representando planos básicos, intermediários e avançados, este último foco do estudo. E foi exatamente nele que Enterprise surpreendeu, tendo a maior frequência de utilização dentre todas as palavras levantadas, independente do plano. A essa descoberta somou a análise de busca de padrões, em especial linguagem usada, tipo de palavra (simples ou composta) e tipos de nome. Nomes com palavras simples na língua inglesa predominam e, na classificação de tipo, os evocativos (referentes a característica ou sentimento) prevaleceram.

Antes da escolha das finalistas, um último levantamento foi feito. Busquei entender como os nomes mais usados até o momento se comportavam em outros motores de busca. O primeiro foi o Google Trends que possibilita, além de filtrar a pesquisa por segmento de mercado, fornecer um indicativo da popularidade do termo de forma cronológica. Outra ferramenta é o buscador do INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), voltado para o registro de patentes e marcas. Nesse caso, não havia necessidade jurídica, mas se tratou da oportunidade de mapear como que determinado nome está sendo usado comercialmente: quais segmentos de mercado, qual frequência, se a popularidade está caindo ou aumentando, etc. Por último, uma busca na concorrência direta frisou termos que deveriam ser evitados ou, caso já estabelecidos como linguagem da categoria, potencialmente adotados.

E as finalistas?

3 alternativas selecionadas, e suas respectivas imagem ilustrativa, vantagens e desvantagens.
Alternativas selecionadas e suas respectivas vantagens e desvantagens.

Primeiro temos: Enterprise, que como principal qualidade, em 100% dos casos é a denominação do plano mais avançado. Ela também é, em termos absolutos, a opção mais utilizada. Então, se por um lado tem fácil aceitação, peca na originalidade.

Já a segunda alternativa, Unlimited, se destaca exatamente por não ser utilizada pela concorrência. Ela é um nome menos descritivo, mas compensa sendo extremamente evocativa. Podem-se fazer analogias de que é um plano sem fronteiras , uma quebra de barreiras, etc.

A terceira opção: Ultimate, também traz originalidade e o caráter evocativo, tendo um tom mais autoritário, mais agressivo. Dizer que colocamos nas mãos do cliente a ferramenta definitiva é uma frase poderosa e, apesar de ser um termo comum em outros setores (como o de entretenimento), frente à concorrência dos produtos SaaS gera diferenciação.

Apresentado o processo e as alternativas, tivemos Enterprise recebida como vencedora. Mais do que satisfazer as pessoas envolvidas, as técnicas empregadas garantiram eficiência na análise competitiva e verificação da viabilidade técnica, acelerando o tempo de execução do projeto.

Ficou claro a importância de um processo criterioso e estruturado na escolha de nomes, capaz de garantir a sua distinção no mercado e a sua adequação às expectativas do público envolvido.

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