Férias: planejando suas melhores memórias
Esta semana, ao pensar sobre qual assunto poderia abordar e não fugindo do tema de trabalho aqui no nosso medium, fui agraciada com a ligação de uma amiga de longa data. Papeamos muito e aquela velha história de férias frustradas do trabalho acabou surgindo por parte dela. Eu, como sempre, apliquei os mesmos conselhos e exemplos que já comparei sobre como é possível, sim, visitar um lugar (ou mais) por ano desde que se inicie um planejamento financeiro (e muito autocontrole emocional).
Então, porque não falar de como planejar suas férias ao longo do ano enquanto trabalha? É possível sim, que você tenha excelentes férias, sem passar sufoco financeiro.
Vem comigo!
Quem me conhece há algum tempo sabe da minha paixão por viajar. Desde muito novinha eu inventava peripécias para pegar uma estrada, sozinha ou acompanhada. Certa vez com 16 anos peguei uma folga do trabalho e entrei em um ônibus com destino a Pelotas — RS (saindo de Rio Grande, minha cidade natal). Viajei 68 km para mudar o visual em algum salão de beleza de lá, afinal já se falava em ser uma cidade mais antenada para novidades. Pretexto ok, bora comprar a passagem.
Outra vez um pouco mais de ousadia: queria muito conhecer a capital do RS e não tinha oportunidade para tal empreitada que exigia ao menos metade de um dia para realizá-la: 5 horas de viagem para ir e 5 para voltar. Inventei um motivo super animador que era conhecer um shopping center (não existia em minha cidade). Comprei passagem, uma merenda, revistas e bora desbravar 320km até o destino. Meu “turismo” na época era meio solitário e hoje entendo o motivo, não tinha amigos que conseguissem poupar ou que se interessassem por “aventuras” como estas. Assim como a personagem do livro Pollyana, fazia meu jogo do contente e tentava extrair sempre o melhor de todas as coisas, acho que ainda sou assim.
Voltando aquele papo que falei que tive com minha amiga, ela reclamava que trabalhava há anos e nunca conseguia tirar férias de verdade, não saía do nosso Estado, no máximo ia molhar os pés na praia e voltava no mesmo dia. Que tinha o sonho de conhecer o Rio de Janeiro, Natal, Porto Seguro e quem sabe nossa vizinha Montevidéu, mais próxima que o Nordeste, mas nunca tinha grana o suficiente. Sempre tinha várias contas para colocar em dia e o dinheiro acabava sendo usado para pagá-las, com isso sentia-se a pessoa mais desafortunada (em todos os sentidos).
Desta vez, fiz com que ela abrisse o site de uma agência de viagens, ali existiam diversos pacotes de 1 semana, 10 dias, justamente nos destinos que ela tanto sonha visitar. Fiz com que ela percebesse que embora estejamos todos passando por um período financeiro delicado, é possível ter momentos legais sem sentir tanto no bolso de uma só vez.
Quem aqui tem o hábito de poupar?
Não se preocupe, a grande maioria dos brasileiros não recebeu educação financeira e na minha opinião isso faria grande diferença se aplicado nas escolas desde cedo.
Resolvi então passar aqui uma listinha de como tornar possível o lazer sem endividamento excessivo, baseado em mudança de alguns hábitos que vampirizam seu orçamento e muita, muita pesquisa, cálculos e planejamento. Isto se estende para familiares, companheiros ou quem for acompanhar você, caso decida fazer uma viagem em dupla ou grupo). Bora lá:
- Pesquise muito o destino sonhado: além das passagens e estadias, veja tudo que tem para se fazer gratuitamente ou com baixo investimento -passeios ao ar livre para ver a arquitetura local, belezas naturais, cozinha regional em locais mais simples (não caia no erro de se deixar levar a restaurantes para turistas, pois geralmente são caros e a comida não é tão gostosa), feirinhas ao ar livre, lugares com música ao vivo e aquelas atrações não gratuitas que você gostaria muito de ver. Estas, muitas vezes vendem ingressos pela internet com desconto se adquiridos com antecedência, e você pode comprar naquele mês que sobrar um dinheirinho (evite parcelamento em seu cartão).
- Estabeleça um “dízimo para férias”: Reserve 10% de seus ganhos totais mensais ou mais, caso consiga. Não digo que aí estará paga totalmente a sua diversão, mas evitará que todo gasto vá para seu cartão de crédito (inclusive aquele souvenir para a sogra deve ser quitado no ato para não ficar “lembrando com pouco amor” da pobre senhora por meses a fio). O produto desta reserva pode ser destinado para os gastos de viagem ou para assumir um parcelamento (no boleto, de preferência) para seu pacote, algumas empresas já calculam aéreo + hospedagem e você paga tudo antes de embarcar. Caso você prefira uma trip de carro, é impossível estocar gasolina (ou vento hehe), mas pode-se guardar dinheiro para este uso inclusive.
- Pesquise opções pelo Airbnb: Se você optar por uma viagem independente, vale comparar os valores de diárias em espaço direto com seus proprietários, geralmente o valor fica em média 40% mais barato desde que você não se importe de fazer sua própria cama e comprar ingredientes e preparar o próprio café da manhã. Para quem curte cozinhar, ainda é melhor a escolha, pois se economiza muito com a não dependência de restaurantes.
- Fuja de altas temporadas, planeje sua viagem no contrafluxo se possível. Se tiver crianças, as férias de inverno ainda são mais em conta que as de verão para certos destinos.
- Aluguel de carros: Se você pretende explorar lugares próximos (como percorrer praias de um litoral ou visitar cidadezinhas interessantes) vale à pena, porém se for para curtir um lugar em específico verifique se o serviço de aplicativo funciona bem, ou, use táxi apenas para chegar até seu hotel/casa de temporada.
- Repense seus finais de semana e baladas: eu sei, nem todo mundo curte sair para noitada, mas com certeza os finais de semana são os maiores responsáveis por escoar nossas economias. Você certamente não vai a uma festa e fica apenas na água mineral, correto? E aquela churrascada com os amigos ou família que volta e meia falta cerveja e a inevitável “vaquinha etílica” dá as caras, você consegue não participar? Claro que não estou falando para nunca mais sair, beber, dividir gastos com a turma, mas se atente para intercalar programas mais econômicos como passeios no parque, piqueniques, levar aquele cooler geladinho para a praia e até reservar alguns finais de semana para maratonar séries ou curtir um “Dolce far niente” em seu lar, não esqueça o objetivo: operação férias bombásticas!
- Repita o mantra “cartões de crédito não são amigos”, vá ao shopping pesquisar preços, mas deixe-os em casa até decidir se sua futura compra realmente é necessária. Ou se isso for totalmente impossível, siga aquela velha filosofia que sua mãe lhe aplicava: “na volta a gente compra” e dê muitas, muitas voltas até perceber se aquilo fará falta para você, pense nos lugares que você irá conhecer e na infinidade de novidades que existirão por lá.
- Abra uma poupança se possível em outro banco: Não caia na tentação de misturar seu dinheiro de despesas pessoais com seu dízimo de férias e não se sinta mal por não apelar para ele, esse dinheiro existe, porém, ignore seu valor monetário para outros fins. Você pode guardar o cartão no congelador dentro de um recipiente com água até virar gelo (como no filme Os delírios de consumo de Blacky Bloom) ou simplesmente deixe-o com alguém de confiança como guardião. O investimento que cair naquela conta ficará em Nárnia até a semana de sua viagem.
Espero ter ajudado com estas dicas e que eu consiga ter plantado em vocês a sementinha do “eu posso, eu mereço, eu terei as férias dos meus sonhos”. Não esqueça de levar uma espumante (ou compre em um mercadinho local) para brindar e fazer aquela foto digna de Instagram! Aguarde comentários do tipo: Tá rico, tá podendo, ô vida boa! Ria muito, pague de bacana e relaxe!
Preparado para escolher seu próximo destino?