O que é acessibilidade, por que eu deveria incluir isso em projetos de interface?

Uma introdução sobre acessibilidade digital

Aline Rocha
Design Ops Linx
4 min readAug 17, 2021

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Ilustração colorida, com uma pessoa olhando para um bloco de texto, uma orelha escutando áudio, olhos virados para cores diferentes em várias camadas e outros elementos abstratos.
Accessible UI Design, por tubik.arts (via dribbble)

Acessibilidade, segundo o dicionário Michaelis, é:

1. Facilidade de acesso; qualidade do que é acessível.

2. Facilidade de aproximação, de procedimento ou de obtenção.

Quando falamos de acessibilidade em projetos digitais (A11y), falamos sobre fornecer acesso, independente de quem seja, a notícias, e-commerces, conteúdo educacional, páginas sociais e etc.

Independente de quem seja, um projeto acessível beneficia todas as pessoas que o utilizam, já que a aplicação de boas práticas de acessibilidade facilitam o uso e interpretação de informações, alcançando mais pessoas.

Para pessoas com deficiência, um projeto acessível é essencial.

Pessoas com deficiência [PcD] são aquelas que têm impedimentos de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de condições com as demais pessoas. — Decreto Nº 6.949, 2009

Mundialmente, estima-se que há 1 bilhão de pessoas com algum tipo de deficiência. Somente no Brasil, há pelo menos 12,7 milhões de pessoas com deficiência, representando 6,7% da população (NT IBGE 01/2018). Essas pessoas consomem informação e produtos igual a todas as outras.

E por aqui, os especialistas em software para varejo não podem deixar de pensar no e-commerce: para muitas pessoas com deficiência é a forma preferida (às vezes, única) de compra — segundo uma pesquisa da SBVC realizada com consumidores com algum tipo de deficiência física, 95% dos respondentes costumam comprar online.

Comprando online, a PcD pode escolher com calma e segurança, tendo acesso ao nome e descrição do que adquirem, sem precisar se deslocar e sem depender de outra pessoa — isso, claro, se a loja for minimamente acessível.

Acessibilidade toca em todos os aspectos de qualidade de um projeto: cor, sons, textos, interações, e também elementos escondidos na página como tag de idioma, atributo alt e etc. Acredito que não preciso continuar sobre porque pensar em acessibilidade é um aspecto tão importante em projeto, né?

Infelizmente, a web ainda não é acessível em sua maioria. Uma pesquisa recente analisou 16,89 milhões de sites ativos no Brasil em 2021: somente 0,89% tiveram sucesso em todos os testes aplicados. Alguns dos critérios utilizados foram da W3C, responsável pela WCAGWeb Content Accessibility Guidelines (“Diretrizes de Acessibilidade para Conteúdo na Web”), a principal diretriz para criação de sites e aplicações acessíveis.

Gráfico de barras com título “e os resultados são desanimadores”. Cada coluna mostra a variação de resultado entre os anos 2019, 2020 e 2021 para os critérios “100% de sucesso”, “100% de sucesso exceto W3C”, “100% falha”, “falha parcial” e “1 ou mais falhas”.
…e os resultados são desanimadores, por BigDataCorp

Não é preciso ir muito a fundo para descobrir que a internet não está acessível: escolha um site que você acessa com frequência e tente navegar com a tecla Tab ou as setas do teclado até o conteúdo principal — quanto tempo você demora? Agora imagine (ou, ainda melhor, experimente) fazer isso enquanto utiliza um leitor de tela, quanto tempo você demora para chegar ao conteúdo?

Como podemos incluir e garantir, como pessoas que projetam, que nossas interfaces sejam acessíveis?

6 ícones, representando: acessibilidade, braile, leitor de tela, cão guia, uso limitado de mouse e baixa visão.
Accessibility Icons, por Mark Caron (via dribbble)

Acredito que o primeiro passo você já está fazendo: se conscientizar sobre o assunto, como ler este artigo introdutório sobre o assunto, é um começo. Comentar sobre com as pessoas que trabalham com você e iniciar a discussão na equipe pode ser um segundo passo. E depois? Como aplicar na prática?

Este texto é o primeiro de três (o segundo pode ser lido aqui), onde trarei alguns pontos para auxiliar a aplicação prática de conceitos de acessibilidade em projeto — pensando nas etapas de design de produto e de desenvolvimento.

Enquanto os outros não chegam, deixo aqui algumas sugestões de conteúdo que complementam e podem aprofundar a discussão sobre o assunto:

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