Dilema da Inovação: Como mudanças disruptivas impactam empresas, mercados e pessoas

Christian Zambra
productmanagerslife
18 min readMar 17, 2024

Introdução

Neste artigo, nós vamos:

  • Conhecer um pouco do Dilema da Inovação, de Clayton Christensen
  • Entender como essa teoria explica o fato da empresa criadora das câmeras digitais ter sucumbido à sua própria criação
  • Explorar como ferramentas de AI Generativa podem nos ajudar a não sucumbir também, com um exemplo simples de prompts, sem necessidade de programação.

E, no decorrer do artigo, uso minha paixão por fotografia para compartilhar o que senti nesses anos, as mudanças de comportamento que ilustram a revolução trazida pelas câmeras digitais no mercado fotográfico.

Kodak e o Dilema da Inovação. Foto e Arte por Christian Zambra

Algo sobre estratégia e geração de valor

Existem diversos livros, tratados e métricas a respeito de estratégia, desde os tempos antigos até o mundo digital em que vivemos. Na minha visão, no que diz respeito a produtos, em especial de tecnologia, é possível pensar em princípios:

Um produto existe (e sobrevive) pois ele entrega valor para as pessoas.

Parece simples, mas é bem difícil definir valor. Ele pode ser visto como uma equação com várias variáveis, cada uma com seu peso. Diversos valores, diversas possibilidades, e na escolha desses cenários está a arte da estratégia. Antigos generais escolhiam atacar pela frente ou pelos flancos, executivos podem escolher entre perfeição, resistência, confiança, praticidade e outras infinitas variáveis. E aqui abordaremos uma das teorias mais importantes do nosso mundo recente, e uma das que mais gosto e mais admiro, o Dilema da Inovação.

Surge uma nova tecnologia, uma inovação que traz uma proposta de valor diferente. Será essa proposta forte o suficiente para afetar vendas, mercado e a sobrevivência da empresa?

Vamos seguir nessa jornada pela teoria do grande gênio da estratégia Clayton Christensen, tendo em mente essas palavras: Pessoas, Valor e Tecnologia.

Dilema da Inovação: O que é?

Pra mim, a forma mais simples de entender o dilema da inovação é a partir do valor do produto.

  • Suponha que você tenha uma empresa de câmeras fotográficas.

Você tem boas vendas, marca conhecida. O valor oferecido por seus produtos é alto. E você está sempre em contato com as pessoas. Bom, na verdade, com parte das pessoas. Você tem muito contato com as pessoas mais próximas, os maiores clientes, os mais exigentes, para fazer o melhor produto e continuar oferecendo o máximo valor a eles. Ainda no exemplo de fotografia, o valor está na melhor foto. Você está cercado de fotógrafos de moda, fotógrafos de paisagens, os melhores. E claro, com empresas, governo, grandes clientes. Faz o melhor para atender suas exigências, e aos poucos vai passando essa tecnologia para as demais camadas de clientes, através de produtos mais acessíveis do seu portfólio. (veja que o mesmo acontece para indústria automotiva — da formula 1 ao veículos populares, moda — da passarela às roupas usadas na rua, etc).

  • Surge uma inovação disruptiva. Não é uma simples evolução, é algo que muda tudo. E traz uma nova proposta de valor. Vamos tomar o exemplo da câmera digital. O processo de fotografia, desde a sua invenção, passava por fotografar e revelar a fotografia. A parte referente à fotografar engloba comprar a camera, regular, achar a melhor pose e clicar. A parte de registrar e revelar vai da compra do filme ao registro da imagem nele, e posterior envio a um laboratório de revelação onde a foto seria impressa e armazenada em álbuns (aos mais novos, era assim que o Álbum de Casamento da Vovó era feito). A fotografia digital simplesmente elimina uma parte dessa cadeia. Não é mais necessário nem revelar nem imprimir. E não é necessário filme. Veja que aqui o valor está na praticidade e no custo, não na melhor foto.
  • Surge o dilema. Uma empresa que já trabalha no modelo anterior, deveria investir nessa nova tecnologia que poderia canibalizar seus lucros eliminando parte de sua cadeia de valor?
  • Apimentando o dilema (e pra mim aí está a parte mais interessante): Para quais pessoas esse novo processo oferece valor?

Sobre os clientes mais exigentes: A camada de clientes mais exigentes, fotógrafos profissionais, está satisfeita com os produtos atuais (e lhes custaria muita adaptação em suas próprias cadeias de valor para adotar a inovação também). Eles precisam de fotos em altíssima resolução, e não se importam com custos e tempos de revelação. Muitos ao contrário, fazem seus próprios processos de revelação para poder ajustar e modificar cores (aí o vovô do photoshop). As câmeras digitais não entregam valor aos clientes mais exigentes, e por isso inclusive eles foram os últimos a adotá-las.

Sobre a base dos clientes: Aqui reside o segredo do Dilema da Inovação. Para os clientes comuns, sim, economizar com a revelação de filmes tem muito valor. Porém, ainda para essa camada, para que a inovação tivesse sucesso outros processos deveriam mudar.

Suponha que computadores e aparelhos celulares ainda não fossem populares. Só uma parte da população poderia ver na tela as fotos digitais, os demais teriam que imprimir. Ou seja, o único valor entregue é não precisar de filme, porque de revelação, ainda precisam.

Abaixo, um dos slides da aula que dei sobre o assunto durante meu mestrado, e que bem exemplifica o dilema.

Qualidade: Pensando em qualidade da imagem, um filme de 35mm possui resolução de 175MP (somente nos dias atuais câmeras digitais acessíveis chegaram nessa resolução).

Praticidade: Naquele momento os limites de fotos ainda eram altos (pelos cards), mas isso evoluiria rapidamente (daí a importância de avaliar a tendência).

Custo: Naquele momento o custo das cameras digitais era muito alto, mas isso também evolui com o tempo.

Slide da aula ministrada por Christian Zambra na FEA-USP. Apresentação disponível em seu LinkedIn.

Como vimos, as decisões do dilema da inovação envolvem riscos.

Mas um dos pontos importantes aqui é que não tomar ação alguma também é uma decisão, e também envolve riscos, como veremos a seguir.

Apaixonado por fotografia: Minha primeira viagem.

Desde muito jovem eu me apaixonei por viajar e tirar fotografias. E um momento marcante de minha vida, onde claramente eu adorei tirar fotos, foi minha primeira viagem internacional.

Eu vivia com a minha mãe, tínhamos poucos recursos financeiros. Estudava em uma escola pública e tinha pouco acesso a lazer, a não ser quando saia para passear com meus tios. E meus tios, que já tinham mais recursos, na década de 90, me fizeram uma grande surpresa: uma viagem para a Disney. É impossível descrever o quão inesquecível esse momento foi, mas vou falar aqui da fotografia: Eu tinha uma máquina simples (point and shoot, nenhuma regulagem possível) e para essa viagem especial comprei uns 10 filmes de 24 poses cada. Isso dava um total de 240 fotografias. Minha câmera não possuía qualquer forma de pré-visualização além do visor. Assim, a cada foto, só poderia torcer para ter ficado boa (e se alguém tivesse tirado as fotos por mim, torcer mais ainda). Se fosse algo muito, muito importante, poderia tirar 2 fotos, mas tomando o máximo cuidado, porque só tinha 240 oportunidades para a viagem inteira. A cada troca de filme eu tomava o máximo cuidado para não entrar luz, pois isso prejudica o filme. E após voltar, e gastar as últimas economias da minha mesada para revelar os filmes, tive a grata surpresa de que as fotos saíram boas (boas na medida do possível, exemplo abaixo), e tenho até hoje as recordações desse momento especial.

Flórida — USA (Bush Gardens). Fotografia em filme 35mm. Década de 1990. Proibida a Reprodução.

Dilema da Inovação: Quem criou a câmera digital?

Uma das primeiras câmeras fotográficas digitais portáteis foi inventada em 1975 por um engenheiro chamado Steve Sasson, um engenheiro da… Kodak. Sim, uma das primeiras câmeras digitais do mundo foi criada por um dos maiores fabricantes de câmeras e filmes do mundo, cuja história se relaciona com fotografia desde 1892.

Esse gigante da fotografia para mim é um dos maiores exemplos do dilema da inovação. A Kodak dominava a oferta de valor da fotografia, fazendo algumas das melhores câmeras e dos melhores filmes do mundo. Ela mesma criou a inovação disruptiva, porém essa inovação não oferecia valor imediato, e nem para o público alvo preferencial dela. Fotógrafos profissionais, diferente de mim na minha primeira viagem, não precisavam se preocupar se o assistente deles carregava dezenas de rolos de filme, ou se isso custaria muito. Ao contrário, as melhores fotos, o máximo valor que eles poderiam entregar estava implicitamente ligado a fotografia com filme, e para eles também o custo de migrar para uma nova tecnologia e aprender tudo de novo seria tão alto que muitos, até hoje, utilizam câmeras com filme.

E aqui vem a parte mais humana do dilema da inovação: A decisão. O comodismo. O medo do desconhecido.

Para uma empresa estruturada ao redor de um modelo de negócio e que atingiu o máximo valor ali, a fotografia perfeita, é difícil mudar.

Já para uma empresa nova, de um empreendedor que recém abandonou a faculdade e está desbravando o mundo dos computadores e celulares, a coisa é diferente. Ele tem pouco a perder, pode se arriscar, e estrategicamente, ele precisa achar outro público e outro valor pra não bater de frente com gigantes. Ele não vai fazer a câmera perfeita para os melhores fotógrafos do mundo. Ele vai fazer a câmera perfeita para que eu não tenha que carregar 10 rolos de filme e rezar pra foto ficar boa, não perfeita, mas minimamente boa. Mais pra frente vamos falar desse empreendedor que você certamente conhece, mas provavelmente nunca associou diretamente a câmeras digitais.

Apaixonado por fotografia: Minha segunda viagem

Muitos anos depois da minha primeira viagem, eu já era um engenheiro formado, trabalhando com planejamento estratégico em um grande banco e há anos sem férias. Decidi com minha namorada (agora esposa) ir para nosso primeiro mochilão pela europa. E claro, amamos fotos. Eu troquei minha querida camera digital Kodak (que era muito boa) por uma semi profissional da Canon Power Shot S5SI, que já tinha 8 Megapixel de resolução e zoom de 18 vezes, E tirei incríveis 4800 fotos. Sim, sou meio maluco por fotos, mas pense que, em filmes de 24 poses, isso seriam 200 filmes. Ou seja, 20 vezes o que levei para minha primeira viagem. O filme não tem a mesma qualidade em pixels que uma foto comum, mas… quem se importa! Eu prefiro poder ver a foto no visor pra garantir que não cortei os pés ou a cabeça de alguém, terr ajustes mínimos como zoom e modos de velocidade e exposição, e ter uma foto boa, que pode até não ser o suficiente pra imprimir num outdoor mas servem de recordação. E eu garanto que esse valor não é só o que importa pra mim, é o que importa para milhões de pessoas, muito mais pessoas do que as que primam pela foto perfeita. E é nesse mercado que reside o dilema da inovação.

Belém — Portugal. Christian Zambra. Fotografia Digital. Proibida a Reprodução.
Plaza de España. Sevilla. 2009. Por Christian Zambra. Todos os direitos reservados. Proibida a Reprodução.

Dilema da Inovação: Por que a criadora não investiu na criação?

Aqui vem a maior surpresa do dilema: Ela investiu. Não o suficiente talvez, não tão disruptivamente talvez, mas investiu. Talvez não o suficiente, e talvez não vendo (ou querendo ver) que o mundo inteiro ao seu redor estava mudando, e pela mudança do mundo, não haveria mais espaço para o seu modelo de negócio tradicional.

Uma das minhas melhores cameras digitais foi da Kodak. É a primeira foto desse artigo. Ela tinha recursos incríveis, duas lentes, uma pra fotos ampliadas e outra pra zoom, e até uma característica chamada easy share, pra facilitar a impressão. E aí talvez esteja o erro. O foco dela continuava sendo em fotos perfeitas, e imprimir fotos.

É difícil ver que o mundo mudou.

A Kodak possuía uma estrutura muito grande e muito “engessada”. Claramente os gerentes responsáveis por todo o portifólio de revelação de filmes e de papeis fotográficos não eram muito favoráveis às câmeras digitais. E eles atendiam clientes importantes, de fotógrafos profissionais ao próprio governo. Essa estrutura engessada nunca foi capaz de se adaptar plenamente, sempre buscando salvar o passado de glórias.

Vendo o slide abaixo, da mesma aula que citei anteriormente, uma frase do CTO da Kodak resume o que aconteceu. Numa tradução livre: “Parece que a Kodak desenvolveu anticorpos contra tudo que possa competir com o filme”.

Slide da aula ministrada por Christian Zambra na FEA-USP. Apresentação disponível em seu LinkedIn.

Não vamos entrar aqui nos detalhes da estrutura organizacional (mas quem quiser se aprofundar, deixo ao fim links de artigos sobre o assunto), mas posso dizer que já vi isso diversas vezes, especialmente em multinacionais. Executivos se agarram ao status quo (que lhes é favorável, inclusive), resistem à inovação e ao risco.

Apaixonado por fotografia: Minha terceira viagem

Outra viagem que claramente marcou minha vida foi a lua de mel. E eu queria que as fotos ficassem muito boas. Por isso, fui com duas boas alternativas:

  • Uma câmera profissional de entrada Canon T5i de 18 MP e diversas lentes para variadas condições de luz (abertura) e distancia (grande angular, normal e zoom)
  • Um aparelho celular motorola com câmera de 20MP.

Ambos foram extremamente úteis: Para fotos mais elaboradas, onde havia tempo para pensar e regular a câmera, usava ela. Para fotos mais espontâneas, onde precisava fotografar rápido sem pensar muito, usava o celular.

E assim o celular foi tomando o lugar das cameras. Hoje, e somente hoje, décadas depois de do surgimento das cameras digitais, as portáteis e celulares chegam perto dos 175MP de um filme. Porém o valor para a maior parte da população não estava aí. Estava em registrar momentos, da forma mais prática possível.

Correndo o risco de ser redundante, e usando uma linguagem bem informal, queria destacar uma coisa:

PESSOAS. Para as pessoas como eu, que ama fotografia mas não vai dedicar sua vida a ela (até já pensei, mas isso é outra história), não faz tanta diferença a qualidade da foto abaixo (18 MP) ou de uma em filme (175MP), porque a minha necessidade não é plotar ela na parede de um prédio.

E pra piorar, eu provavelmente não conseguiria tirar essa foto em uma camera de filme, sem a tela pra visualizar e facilitar todos os ajustes que precisei fazer pra tirar uma foto noturna. Fora que obviamente, tirei dezenas de fotos para chegar a essa.

O resultado final pra mim, pessoa comum, é melhor com essa câmera semi profissional de 18MP do que com uma câmera profissional com filme de 35mm.

E eu adoro fotografia, não represento a grande maioria das pessoas.

Pra grande maioria mesmo, que só tira fotos em momentos de laser e prioritariamente com o celular, praticidade é tudo. Elas tirariam uma foto um pouquinho pior com um bom celular, e tá ótimo.

Entender as pessoas e suas necessidades, atuais e futuras é essencial para a estratégia. É das pessoas que depende o sucesso de qualquer empresa.

Paris. 2015. Por Christian Zambra. Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução.

Dilema da Inovação: Qual foi o resultado para a criadora da câmera digital, que não investiu na criação?

Em 2012 o mercado digital mundial foi marcado por uma negociação incrível: O aplicativo de compartilhamento de fotografias Instagram foi comprado pelo Facebook, por aproximadamente 1 Bilhão de Dólares. Isso foi reflexo da rápida ascensão do aplicativo, chegando no mesmo ano a 80 milhões de usuários. E essa ascensão por sua vez reflete a forma como a população se relacionava com a fotografia: compartilhando. Compartilhando memórias, cada vez mais rápido, de forma mais instantânea, na telinha do celular mesmo, com um filtro ou outro pra ajudar a retocar a imagem.

E o resultado dessa mudança sobre uma empresa que se recusou a mudar chegou em 2012 também. Nesse ano a Kodak, que atravessou 3 séculos no mercado fotográfico, crises e guerras mundiais, pediu concordata.

Emprestando uma famosa frase da biologia, dita por Charles Darwin:

“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças.”

A Kodak não se adaptou. Não viu ou quis ver as mudanças ao seu redor. E afundou.

Bônus: Quem investiu na criação?

Essa pra mim é uma das coisas mais curiosas da história recente da fotografia.

Havia uma empresa nova, com um empreendedor que recém abandonou a faculdade e estava desbravando o mundo dos computadores e celulares. Ele queria produzir uma câmera digital para ser utilizada no computador que recém criara, e chegou a um acordo com a Kodak para produzir e vender sua invenção.

Esse empreendedor se chamava Steve Jobs, e a empresa era a Apple.

No slide que mostrei anteriormente, a última camera é a QuickTime, produzida por ele sob licença.

também evolui com o tempo.

Slide da aula ministrada por Christian Zambra na FEA-USP. Apresentação disponível em seu LinkedIn.

Sendo a Apple um dos maiores players de aparelhos celulares do mundo atual, e todos tendo câmeras digitais neles, já entendemos como a história seguiu.

Conclusão

O dilema da inovação pode parecer fácil quando visto olhando para o passado, mas no momento em que está acontecendo, é muito difícil identificar. Difícil tanto pela complexidade de mapeamento, mas também, e talvez até mais, pelo nível de dificuldade das decisões que se tem que tomar.

O dilema atinge estruturas que existem e estão funcionando bem, trazendo novas perspectivas e novos valores (não esqueça que a qualidade da imagem da fotografia digital só atingiu a analógica depois da Kodak entrar em concordata). É difícil para Empresas, assim como é para executivos e para pessoas, abrir mão do que você é hoje, na aposta de ser algo melhor amanhã.

Mas, voltando para as frases feitas, “A sorte acompanha os audazes”, e vimos o que aconteceu com a Kodak pelos seus receios e medos.

Explorando AI Generativa para Estratégia Competitiva.

Vamos continuar explorando o mercado fotográfico, e ver se um sistema de AI Generativa, com os prompts certos, poderia ter ajudado a Kodak.

Para isso, todos os prompts foram feitos na plataforma Bard/Gemini.

Inicialmente, definimos o cenário. Para poder utilizar o mesmo exemplo da Kodak, pedi ao sistema que se situasse no período de 1975, o ano de invenção da camera fotográfica digital. O objetivo é entender o que poderia ter sido feito naquele momento para evitar o fatídico final. E esse exemplo serve para guiar prompts que você leitor poderá fazer, sobre o seu produto ou negócio, para os dias atuais.

Prompt 1:

Olá. Gostaria de fazer um exercício de planejamento estratégico, tendo em vista dados passados. Responda a seguir, com dados disponíveis no ano de 1975, e tomando por base a teoria do Dilema da Inovação de Clayton Christensen. Você é o CEO da empresa Kodak. O ano é 1975 e um engenheiro fez uma descoberta incrível: Criou a primeira camera digital. Quais os dados e fatores relevantes, naquele ano, que poderiam indicar que essa inovação tinha potencial para mudar o mundo?

Resposta 1:

Dados e Fatores Relevantes em 1975 Indicando o Potencial Disruptivo da Câmera Digital:

Dados de Mercado:

Crescimento do Mercado de Câmeras:

A indústria de filmes fotográficos estava em rápido crescimento, com vendas anuais de US$ 11 bilhões em 1975.

A Kodak dominava o mercado com uma participação de mercado de 70%.

Perfil do Consumidor:

A maioria dos consumidores eram amadores que tiravam fotos para ocasiões especiais.

Havia um crescente interesse por fotografia instantânea e portabilidade.

Demanda por Novas Tecnologias:

Os consumidores estavam começando a buscar alternativas aos filmes fotográficos, como câmeras instantâneas e polaroids.

Havia um interesse crescente por novas tecnologias que facilitassem o processo de tirar fotos.

Fatores Tecnológicos:

Evolução da Tecnologia Digital:

A tecnologia digital estava em rápido desenvolvimento, com custos decrescentes e capacidade crescente.

A primeira câmera digital, desenvolvida pela Kodak em 1975, era um protótipo bulky e caro.

No entanto, o potencial para miniaturização e redução de custos era significativo.

Vantagens da Câmera Digital:

As câmeras digitais ofereciam várias vantagens sobre as câmeras tradicionais, como visualização instantânea de fotos, maior qualidade de imagem e edição digital.

Fatores Competitivos:

Entrada de Novos Concorrentes:

A entrada de novos players no mercado de câmeras digitais era uma ameaça real, especialmente de empresas japonesas como Sony e Canon.

Essas empresas tinham expertise em eletrônica e estavam mais propensas a investir em novas tecnologias.

Risco de Perda de Participação de Mercado:

A Kodak corria o risco de perder sua posição dominante no mercado se não investisse em câmeras digitais.

A empresa poderia ser relegada a um nicho de mercado, como aconteceu com outras empresas que não se adaptaram às novas tecnologias.

Outros Fatores Relevantes:

Mudanças nos Hábitos de Consumo:

A popularização da televisão e dos videocassetes estava mudando os hábitos de consumo de mídia.

As pessoas estavam começando a tirar menos fotos e a assistir mais vídeos.

Necessidade de Diversificação:

A Kodak precisava diversificar seu portfólio de produtos para se proteger das mudanças no mercado.

A entrada no mercado de câmeras digitais era uma oportunidade de diversificação e crescimento.

Conclusão:

Embora a primeira câmera digital fosse um protótipo rudimentar em 1975, vários dados e fatores indicavam que essa tecnologia tinha potencial para revolucionar o mercado de fotografia. A Kodak, como líder do mercado, precisava considerar esses fatores e investir em pesquisa e desenvolvimento para se manter competitiva. Ignorar essa disrupção poderia levar à perda de participação de mercado e até mesmo à sua eventual falência.

Recomendações para a Kodak:

Investir em pesquisa e desenvolvimento de câmeras digitais:

Criar uma equipe dedicada ao desenvolvimento de cameras digitais.

Estabelecer parcerias com empresas de tecnologia para acelerar o desenvolvimento.

Criar uma estratégia de marketing para as cameras digitais:

Educar os consumidores sobre os benefícios das cameras digitais.

Posicionar as cameras digitais como um complemento, não um substituto, das cameras tradicionais.

Monitorar o mercado de perto e se adaptar às mudanças:

Identificar novas tecnologias e tendências no mercado.

Ser flexível e ágil para responder às mudanças no mercado.

A Kodak, como líder do mercado, tinha a oportunidade de liderar a transição para a fotografia digital. No entanto, a empresa falhou em reconhecer o potencial disruptivo da tecnologia e em tomar as medidas necessárias para se adaptar. Como resultado, a Kodak perdeu sua posição dominante no mercado e foi relegada a um nicho de mercado.

Referências:

Livros:

O Dilema da Inovação by Clayton M. Christensen

The Innovator’s Dilemma by Clayton M. Christensen

Artigos:

Kodak: The Fall of a Photography Giant

The Rise and Fall of Kodak

Documentários:

The Kodak Moment

Sites:

Clayton M. Christensen Institute

Harvard Business School

Outras Fontes:

Wikipedia: Kodak

Wikipedia: Dilema da Inovação

Prompt 2:

Agora por favor traga mais detalhes em relação à mudança de comportamento do consumidor. Quais dados, disponíveis em 1975, indicariam uma disposição em adotar a tecnologia de fotografia digital. Gostaria de dados puros sobre o comportamento do consumidor, e tendências de novas tecnologias que poderiam impulsionar a adoção.

Resposta 2:

Dados e Tendências Indicando Disposição para Adoção da Fotografia Digital em 1975:

Dados sobre o Comportamento do Consumidor:

Crescimento da Demanda por Portabilidade:

Aumento nas vendas de câmeras instantâneas e polaroids, como a Polaroid SX-70 lançada em 1972.

Popularização de viagens e turismo, impulsionando a busca por fotos instantâneas e fáceis de compartilhar.

Desejo por Maior Qualidade de Imagem:

Aumento nas vendas de filmes fotográficos com maior sensibilidade à luz e granulação mais fina.

Crescimento da fotografia como hobby e interesse em técnicas avançadas.

Frustração com Limitações da Fotografia Tradicional:

Dificuldade em visualizar fotos antes de revelá-las, levando a fotos perdidas ou de baixa qualidade.

Processo de revelação demorado e caro, limitando a quantidade de fotos tiradas.

Custo elevado de filmes e revelação, especialmente para famílias e pessoas com orçamento limitado.

Tendências de Novas Tecnologias:

Miniaturização de Componentes Eletrônicos:

Avanços na tecnologia de transistores e circuitos integrados, permitindo a criação de dispositivos menores e mais compactos.

Popularização de calculadoras digitais e relógios eletrônicos, demonstrando a viabilidade de produtos eletrônicos portáteis.

Desenvolvimento da Tecnologia Digital:

Aumento na capacidade de armazenamento de dados digitais, com o lançamento de disquetes e fitas cassete.

Aprimoramento das telas de LCD, tornando-as mais nítidas e com maior resolução.

Crescente interesse por computadores pessoais e videogames, demonstrando a familiaridade do público com interfaces digitais.

Outras Tendências Relevantes:

Aumento da Renda Familiar:

Crescimento da classe média em países desenvolvidos, impulsionando o consumo de bens duráveis e produtos inovadores.

Maior acesso a crédito e financiamentos, facilitando a compra de produtos mais caros.

Mudanças nos Hábitos de Consumo:

Valorização da praticidade e da rapidez, impulsionando a busca por produtos que facilitam o dia a dia.

Aumento do consumo de produtos eletrônicos e de entretenimento, demonstrando a abertura do público a novas tecnologias.

Conclusão:

Embora a tecnologia de fotografia digital estivesse em seu início em 1975, diversos dados e tendências indicavam uma disposição do consumidor em adotá-la. A busca por portabilidade, qualidade de imagem e praticidade, aliada ao desenvolvimento de novas tecnologias, criaram um ambiente propício para a disrupção da indústria fotográfica.

Recomendações:

A Kodak poderia ter realizado pesquisas de mercado para entender melhor as necessidades e desejos dos consumidores em relação à fotografia.

A empresa poderia ter monitorado de perto as tendências de novas tecnologias para identificar oportunidades de inovação.

A Kodak poderia ter criado uma estratégia de marketing para educar os consumidores sobre os benefícios da fotografia digital.

Observação:

É importante lembrar que a adoção de uma nova tecnologia depende de diversos fatores, como preço, usabilidade, compatibilidade com outros produtos e marketing.

A Kodak não foi a única empresa que falhou em se adaptar à fotografia digital. A Polaroid, por exemplo, também teve dificuldades em fazer a transição para a era digital.

Referências

EAD 0645 — Estrutura e Análise de Mercados — 2020. Aula ministrada por Christian Zambra como parte de seu mestrado na FEA-USP. Apresentação completa aqui.

Christensen, C. M. (2013). The innovator’s dilemma: when new technologies cause great firms to fail. Harvard Business Review Press.

Henry C. Lucas, Jie Mein Goh. Disruptive technology: How Kodak missed the digital photography revolution. The Journal of Strategic Information Systems

Kodak — Wikipedia

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Christian Zambra
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Passionate to learn; believes that new products are made to change people’s life for better; Fuzzy AND Techie :) B. Engineering & Advertising. Alma Matter: USP