História da Inteligência Artificial: Você Sabia que as Redes Neurais foram Criadas por… Psicólogos?
Introdução
Este artigo explora a fascinante história da inteligência artificial, destacando como indivíduos curiosos, dedicados ao estudo dos mistérios da mente humana, contribuíram para aplicar esse conhecimento em tecnologias que aprimoram nossas vidas. Aqui, vamos apresentar um visionário incompreendido em sua época, cujo trabalho é fundamental na vanguarda da tecnologia, impactando positivamente nossas vidas.
Iniciemos com uma pergunta intrigante que não responderemos diretamente: por que os gênios frequentemente não são compreendidos? Nas ciências exatas, lembramos de Nikola Tesla, cujo nome pode não ser amplamente conhecido, mas suas invenções, como o Raio X e a Corrente Alternada, moldaram nosso mundo. Nas ciências humanas, temos Antoni Gaudí, responsável por obras incríveis, como a Sagrada Família, desafiando a engenharia convencional, calculando tudo manualmente.
No campo da inteligência artificial, apresentamos Frank Rosenblatt, o criador do Perceptron e das Redes Neurais, cuja influência é visível em muitas tecnologias contemporâneas, incluindo o ChatGPT.
O que é uma Rede Neural e como ela afeta sua vida?
Redes Neurais são sistemas computacionais inspirados na estrutura cerebral que têm a capacidade de aprender. Programas notáveis, como o Alpha Zero, que supera humanos no xadrez, utilizam redes neurais. E, claro, o ChatGPT também emprega redes neurais. O “T” de seu nome denota uma variante especial conhecida como Transformer, explicada no blog da OpenAI. Além disso, em um artigo para o Blog do iFood, expliquei como as redes neurais são utilizadas para garantir que sua pizza chegue quente e no horário certo. (link no final, clica lá :-) )
O Perceptron de Frank Rosenblatt
Todos os estudantes de Inteligência Artificial estão familiarizados com o Perceptron, o algoritmo simples, mas eficaz, que é frequentemente o primeiro a ser aprendido. No entanto, muitos não sabem que antes de se tornar um algoritmo em Python, o Perceptron era uma máquina física. Essa máquina, montada em um computador IBM 704 de 5 toneladas, foi testada pela Marinha dos Estados Unidos em julho de 1958.
A mente brilhante por trás disso foi Frank Rosenblatt, um PhD em Psicologia e professor da Universidade de Cornell. Ele construiu a máquina com base em estudos existentes, especialmente nas pesquisas de outro psicólogo e psiquiatra, Warren McCulloch, e no autodidata Walter Pitts. Rosenblatt aprimorou os conceitos, especialmente em relação às camadas da rede neural, e transformou-os em uma máquina funcional.
Frank Rosenblatt nasceu em 1928 em uma família judaica no subúrbio de Nova Iorque, em New Rochelle. Ele concluiu o ensino médio no Bronx, na Bronx High School of Science, em 1946. Após ser admitido na prestigiosa Universidade de Cornell, ele obteve seu bacharelado em 1950 e seu PhD em 1956, ambos em Psicologia. Enquanto ainda estava fazendo seu PhD, ele começou a explorar ferramentas computacionais, desenvolvendo um “Computador para Análise Eletrônica de Perfis” para sua pesquisa de dissertação, que envolvia a análise de perfis de personalidade. Ele continuou suas investigações e desenvolvimentos até chegar à criação da máquina de 5 toneladas capaz de aprender. O Perceptron, um algoritmo aparentemente simples, consiste em uma rede neural de uma única camada que pode classificar informações em duas categorias, como cães e gatos, com base no que aprendeu por meio de milhares ou milhões de iterações de treinamento.
Rosenblatt estava à frente de seu tempo, prevendo que máquinas com habilidades humanas se tornariam uma realidade. Mais de 60 anos depois, com o desenvolvimento do ChatGPT e veículos autônomos, suas previsões provaram estar corretas, embora tenham enfrentado resistência na época.
O Inverno da Inteligência Artificial
Em 1969, os pesquisadores Marvin Minsky e Seymour Papert publicaram um livro chamado “Perceptrons”, que, teoricamente, provava as limitações da abordagem do Perceptron e as dificuldades de criar redes neurais com múltiplas camadas, exatamente como as que usamos hoje. Esse livro teve um impacto significativo nos investimentos governamentais, reduzindo drasticamente a pesquisa em Inteligência Artificial.
A Revitalização da Inteligência Artificial
Somente na década de 1980, os cientistas revisitaram o trabalho de Frank Rosenblatt e descobriram que muitas das alegações do livro “Perceptrons” não se sustentavam. Pelo contrário, confirmaram que as teorias de Rosenblatt estavam corretas, fornecendo a base para todas as maravilhas da tecnologia atual, incluindo o ChatGPT, veículos autônomos e sistemas de previsão de tempo de entrega de comida.
Conclusão
Ainda não sei porque gênios são incompreendidos, mas sei que a área de AI tem um para chamar de seu. O Psicólogo Frank Rosemblatt dá hoje nome a um dos maiores prêmios da área, fornecido pelo IEEE. Seus esforços, partindo da compreensão da mente humana, passando pela construção de ferramentas computacionais, até o desenvolvimento das primeiras redes neurais, construíram a base de quase tudo que vemos hoje em Inteligência Artificial.
A meu ver, essa história nos mostra alguém que perseguiu seus sonhos, navegando por águas incertas, indo das ciências humanas para as exatas, sendo incompreendido… mas cujo sonho se provou real, e mudou o mundo.
Muitas vezes, quando sonhamos muito alto, somos criticados. E pode ser, como no caso de Rosemblatt, que a origem dessas críticas se deva ao simples fato de que quem critica não consegue compreender o sonho. Mas ainda que ninguém mais compreenda, esse sonho pode sim se tornar real.
Links Interessantes:
- Artigo sobre previsão de Tempos de Preparo e Entrega no iFood: Link
- Alpha Zero, o programa campeão de xadrez: Link
- Blog da OpenAI explicando sobre transformers e redes neurais: Link
- Sobre o lançamento do Perceptron: Link
- Sobre o livro “Perceptrons”: Link
- Sobre o prêmio Frank Rosemblatt, do IEEE: Link
Biografias:
