Entrevista com O Acaso Mora ao Lado
Felipe, Matthew e Chillo são os integrantes da banda O Acaso Mora ao Lado, grupo de rock alternativo de fortuita origem, que leva como inúmeras as suas influências, desde as bandas de rock do cenário nacional, com suas bandas contemporâneas, até o clássico blues. Gosto de pensar o Acaso como quem transborda energia em suas performances e que, com o passar do tempo, vem se aperfeiçoando na linguagem da canção como registro. A banda se prepara para lançar “Café da Noite”, o single que apresenta suas novas ambições, com um arranjo complexo, cheio de riffs bem construídos e com uma atmosfera eletrificante. Perguntei para os garotos do Acaso sobre o futuro e algumas reflexões sobre os trabalhos já lançados, entrevista que você confere na íntegra a seguir:
MS (Matheus Soares) — Com o tempo quais novos contornos foram dando forma a “Café da Noite”?
Matthew: Curiosamente, “Café” foi escrita antes mesmo do EP, e mesmo assim, tem um peso maior. Foi a primeira música que eu e Felipe escrevemos juntos (e ainda foi feita por zap).
Felipe: Na época, eu tava estudando escalas de blues, daí surgiu o riff dominante da canção. Até mesmo a linha vocal é fundamentalmente baseada no blues, com quintas, sétimas e terças bem cravadas com a tônica.
MS — Sinto no arranjo uma desenvoltura e uma congruência entre as partes que compõe o instrumental que é admirável. O tecido musical busca traduzir quais observações da cidade e do espírito das grandes metrópoles?
Chillo: Algumas notas e acordes tendem a transmitir certos sentimentos, e muitas vezes, vêm carregados de referências visuais. O riff principal contendo a nota mais grave da escala da guitarra nos remete à imagem da noite. Assim como o ritmo e letra trazem a energia da vida noturna, numa grande metrópole, como nossa grande casa natal: São Paulo, a cidade que nunca dorme.
MS — O caos da cidade, em Café da Noite, inunda as percepções e traz uma espécie de catarse para consciência, vocês acreditam que esse tipo de sentimento está atrelado às descobertas da juventude? Hoje o medo consegue “te” esquecer em meio à turbulência urbana?
Acaso: Essa energia da vida noturna não está restrita à noite. Ela traduz mais um sentimento de que a gente tá condicionado a viver, de certa forma, “sem medo” no caos urbano. Tanto é que estamos vivendo um momento histórico muito delicado e a cidade de São Paulo segue a vida como se não tivesse um incêndio ao seu redor. A concepção de grande metrópole nos monitora pra seguirmos o dia a dia “corajosos”, caso contrário, a cidade fica estagnada. Tudo é caos porque tudo é novo.
MS — A capa do single apresenta, em minha visão, um contrate com os riffs distorcidos que emergem durante a canção. Os pés descalços prestes a tocar o chão e o café espalhado pelo assoalho me comunicam uma ideia de movimento. O que fez a banda optar por esse registro como representação gráfica do conteúdo musical?
Felipe: A ideia inicial era fazer um plano detalhe de cada (clipe) single, em que o modernismo fosse presente. Uma releitura visual que descreve mais expressão e pouco realismo. Numa reunião martelando a cabeça, o Matthew ressaltou o trecho mais “objetivo” da letra: “Sem meus sapatos, sinto a terra nos meus pés”. A partir daí, realizamos um casting de pés no twitter e, por muito acaso (risos), o pé escolhido foi de uma fotógrafa e cineasta formada, Larissa Forchetto. Liguei pra ela por vídeo e fui guiando o que a gente queria, mas no fim, o trampo fino fotográfico ficou nas mãos da Lari.
MS — O amadurecimento da banda reflete de que forma nas canções que estão por vir? A produção de Café da Noite foi conduzida, imagino eu, em uma atmosfera diferentes das canções do primeiro EP. O que vocês gostariam de destacar desse processo? Quais foram os momentos de maior animação?
Acaso: Quando uma banda de moleques vai gravar seu primeiro EP da vida, a maior (e única) preocupação era lançar o som. Apesar de ter sido feito de forma bem caseira, tivemos um resultado melhor do que esperávamos. Tanto na banda quanto na vida pessoal, cada um amadureceu bastante desde a época do EP, e isso reflete em letras mais sinceras e em uma preocupação com a qualidade técnica do material. Fora que gravamos num estúdio pela primeira vez, sobrevivendo de miojo, Rap10 e cafeína, acampados no Estúdio Caminhada (puta estúdio fera, salve Cauê!)
MS — Podemos esperar uma criação audiovisual para o single? Se sim, existe algum segredinho que podem nos contar?
SPOILER ALERT: Jornal do Harry Potter.
Você pode conferir um trecho exclusivo da música no vídeo abaixo e neste hiperlink você será encaminhado para o pré-save do single, que será lançado dia 25 de Setembro. Para acompanhar de perto os lançamentos e próximos passos dessa banda incrível é só dar um follow no instagram @oacasobanda e seguir o canal do Youtube da galere. Um beijo!
