Yamasasi — Colorblind (2020)

Gabriel Penatti
Produtora Mente Vazia
3 min readFeb 19, 2021

O ano é 2020, e em Piracicaba (SP), o som que marcou os intermináveis e amargos meses de quarentena não foi o silêncio. Em seu álbum de estreia, a banda Yamasasi encontrou fôlego e vivacidade suficientes para injetar ânimo (enquanto a vacina não vem) no jovem, já abatido e desorientado, da nação brasileira. O álbum Colorblind, ao contrário do que sugere, é cheio de cores e formas que trazem frescor e clareza ao cenário pop nacional, e ainda remetem aos anos áureos do rock de guitarra, bastante popular no Rio de Janeiro e em São Paulo no início da década de 1990.

A energia e o espírito noventista consagrado por bandas como a lendária Pelv’s (especialmente no álbum Peter Greenaway’s Surf), e até em takes mais modernos de Jay Reatard, Thee Oh Sees e até Meatbodies, estão vivos nos reverbs de mola, nas guitarras distorcidas e na vibe cativante da banda piracicabana. Apesar das influências sugeridas e possivelmente captadas com precisão pelo autor desse texto, reitero o argumento de que a sonoridade de Colorblind apenas remete aos sons e timbres citados acima, pois, o vigor apresentado e o vocabulário de riffs e formas é algo que não pode ser replicado facilmente. A porrada é genuína.

O andamento do álbum, intencionalmente ou não, é adequadíssimo aos dias de hoje; que sugerem (ou suplicam) que a mensagem seja apresentada de forma sucinta e direta; nesse aspecto, Yamasasi leva vantagem. A variedade de melodias vocais e riffs de guitarras presentes no álbum é grande, elementos que a banda parece manipular com facilidade, já que por mais que exista uma clara homogeneidade estética, as paletas se mantém frescas e são renovadas e rearranjadas ao longo das 10 faixas contidas no álbum.

A segunda metade de Colorblind é a que mais representa a profusão na forma das composições da banda, em She Screams o andamento continua acelerado, entretanto é possível notar mais espaços entre as notas, que dão lugar às camadas de reverb, presentes o tempo todo no álbum. Do It All Again também apresenta novos contrapontos ao andamento geral do álbum, e confesso que essa faixa me chamou bastante atenção pelos ganchos e pela progressão geral dos elementos; ambas poderiam ser hits perdidos de outra época, contudo, a estética permite que elas ainda virão a ser.

Diferente do jeito que costumo falar sobre as bandas, peço licença ao leitor para apresentar a ficha técnica só nessa altura do campeonato, pra que os nomes sejam devidamente relacionados a tudo que foi dito. Yamasasi foi fundada em 2017 na cidade de Piracicaba, interior de São Paulo. A banda é formada por João Pedro Matos (voz e baixo), João Fernando Vieira (guitarra), Fabiano Benetton (guitarra) e Gustavo Ferrari (bateria). Todas as faixas foram gravadas e mixadas no Casarão Music Studio (também em Piracicaba), por Franco Torrezan. As músicas foram escritas por João Pedro Matos e João Fernando Vieira (Magrão). A foto da capa foi feita por Paola Bellote e editada por Fabiano Benetton.

Link para Do It All Again

--

--