Improvisando a receitinha de bolo de UX

Product Solfácil
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Published in
6 min readDec 15, 2022

Por: Natalia Mella & Mariana Hokamura

Como toda boa receita de bolo, quando desenvolvemos um produto, também temos o passo a passo que devemos seguir para entregar algo que entregue valor e que faça sentido para nosso usuário, mas e se meu bolo queimar? E seu eu precisar tirar ele do forno antes? Neste artigo, nossa intenção é demonstrar que, apesar de nem sempre conseguirmos passar por todos os passos que existem, por exemplo, no duplo diamante, ainda assim existe uma luz no fim do túnel. Nesse caso, mesmo cortando algumas etapas, nosso bolo pode ficar maravilhoso no final.

Mas o que é esse tal duplo diamante?

Duplo diamante do framework design thinking.

O duplo diamante nada mais é do que uma metodologia onde dividimos o desenvolvimento de produto em duas fases, cada uma dessas fases é representada por um diamante, onde existem dois tipos de etapas, as divergentes onde ampliamos nossos conhecimentos e imergimos no problema e a convergente, onde filtramos todas as descobertas e definimos qual nosso problema e possível solução.

Descoberta: como não deixar de fazer pesquisa

Nem sempre temos um tempo para um discovery muito longo, porém é uma das etapas mais importantes para o auxílio no entendimento do problema, e se colocar no lugar do usuário é uma das coisas mais importantes ao desenvolver um produto, mas como isso pode ser feito de uma maneira ágil?

Se você já sabe quem é o seu usuário, já temos meio caminho andado, agora o importante é criar uma conexão com ele para que você tenha visibilidade dos problemas que o circulam no dia a dia, isso pode ser feito de inúmeras maneiras, se você não puder contar com o usuário para realizar algum tipo de pesquisa, você pode recorrer a um time que tenha contato direto com ele.

Estamos trabalhando em um projeto grande na Solfácil, onde em um primeiro momento não tivemos acesso aos nossos clientes, então a troca com o time comercial e pesquisas prévias que tínhamos em mãos nos ajudaram a esclarecer os caminhos iniciais desse projeto.

Outro passo importante é ter entendimento do mercado no qual seu produto habita, para ter uma visão mais esclarecida, podendo ser feito com um benchmark, ou seja, uma pesquisa dos concorrentes diretos e/ou indiretos que tem influência sob seu usuário e mercado, ou até mesmo uma desk research com dados que você já tem em casa. Na Solfácil, temos diversas fontes de dados, como um repositório de pesquisas realizadas no passado (entrevistas, testes de usabilidade, surveys, entre outras) e dashboards de acompanhamento de métricas e feedbacks.

Com essas informações, você terá uma visão do que o marcado oferece e pontos de oportunidade para que seu produto evolua.

Definição: formas de priorizar os problemas

Após entender sobre seu usuário e sobre o mercado que você está inserido, como você pode organizar todas ideias e oportunidades em um problema a ser solucionado?

Uma das formas mais rápidas de mensurar a relevância de um problema é através da Matriz GUT. Nela você consegue listar todos problemas e oportunidades mapeadas na etapa anterior e priorizá-las por:

  • Gravidade;
  • Urgência;
  • Tendência.
Escala de 1 a 5 da matriz gut.

Com seu time, após mapear os problemas, vocês vão definir as notas de cada um deles, e assim terão a visão de qual problema deve ser priorizado.

Há alguns outros frameworks de priorização, que usam mais ou menos informações, que também podem ser utilizados, como:

  • RICE (Reach, Impact, Confidence, Effort; em tradução livre, Alcance, Impacto, Confiança e Esforço);
  • Matriz de Impacto x Esforço;
  • Método MoSCoW (Must have, Should have, Could have, Will not have; em tradução livre, Precisa ter, Deveria ter, Poderia ter e Não terá).

Qual você irá utilizar vai depender dos dados que você tem em mãos. Por exemplo, se você não tem informações de esforço para montar uma matriz de Impacto x Esforço, você pode tentar dividir as necessidades encontradas de acordo com o impacto para o negócio com o método MoSCoW.

Desenvolvimento: a ideação precisa envolver todo mundo sempre?

Você já fez o discovery e já sabe quais necessidades vão ser priorizadas, mas você tem pouco tempo para pensar em uma solução, e agora? É comum em casos assim cairmos na armadilha de seguir com a primeira ideia que vem a nossa cabeça e acabar precisando mudar a nossa solução pois esquecemos de algum detalhe importante.

Por isso, se você não conseguir fazer uma dinâmica bem estruturada com seus stakeholders, seja qual for o motivo, sempre há a possibilidade de envolver as pessoas do próprio time. Na Solfácil, por exemplo, já fizemos uma dinâmica de crazy 8’s chamando os designers que podiam comparecer no dia e foi uma experiência de troca muito rica para a iniciativa que estávamos tocando e para as pessoas também.

Designers da Solfácil sentados em uma mesa longa, e realizando a dinâmica crazy 8’s.
Dinâmica de crazy 8’s realizada de forma híbrida com suporte do Mural

E não precisa necessariamente ser uma dinâmica, caso você realmente esteja com o prazo curto. Sempre dá para encaixar uma reunião informal com uma ou outra pessoa para explicar o problema com o qual está trabalhando e fazer um mini brainstorming. Assim, você consegue chegar em mais ideias de solução e ainda fortalecer sua relação com seus pares, líderes ou stakeholders. É aquele velho ditado: duas cabeças pensam melhor do que uma!

Entrega: não vou conseguir falar com o usuário, e agora?

Os testes de usabilidade podem ser cruciais para identificar potenciais problemas com a interface e corrigi-los o mais rápido possível, evitando retrabalho por parte de desenvolvimento. O ideal é sempre envolver os nossos usuários nessa etapa, porque são eles que usarão nosso produto e as dores deles não são iguais às nossas. Porém, não é sempre que conseguimos fazer o recrutamento e a condução dos testes com os nossos usuários.

Quando isso acontece, ainda há algumas alternativas que podemos utilizar para não deixar essa etapa tão importante de lado. Por exemplo, se eu sei que não vou conseguir conduzir os testes, posso criar um teste não moderado em uma ferramenta como o Maze e compartilhar o link com os usuários. Se o problema for a falta de usuários para recrutar, é possível conversar com funcionários internos da sua empresa, priorizando pessoas que estão longe do dia a dia de Produto. Por mais que não seja o ideal, é melhor do que não validar a solução. E por último, caso você realmente não tenha tempo para realizar um teste de usabilidade, você pode focar um dia e pedir ajuda para outras pessoas de produto para realizar uma avaliação heurística ou um design critique — duas ótimas ferramentas para identificar erros mais básicos de usabilidade, que poderiam até ser utilizadas antes de um teste com usuários, em um cenário ideal.

O que podemos absorver de todo esse processo

Nem sempre conseguimos realizar todas as etapas julgadas necessárias no desenvolvimento do produto, seja por tempo, budget ou exigências dos stakeholders, mas entendendo quem é seu usuário e se colocando no lugar dele para ter um real entendimento dos problemas que o afligem no dia a dia, fica muito mais esclarecido o caminho a seguir.

Existem diversas formas de se obter resultados similares e, ao longo do tempo, você vai entendendo a que melhor se adequa ao seu processo e ao momento em que se encontra, não existe regra ou receita pronta. A busca por novos caminhos pode te levar a soluções inesperadas, basta adquirir experiência para saber quais ingredientes você pode trocar e ainda assim obter um ótimo resultado.

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