A Crise Filtra

Programador Sincero
Programador Sincero
3 min readJul 23, 2016

O mercado de TI está começando a filtrar. Medíocres não passarão.

Se você notar, a concorrência aumentou bastante na área de TI. Não podemos afirmar, nestes tempos de crise, que arrumar um emprego na área de desenvolvimento de software é a coisa mais fácil do mundo. A crise deu uma complicada na nossa vida. Venho notando algumas coisas ajudam corroborar esta impressão relação ao mercado de TI no estado de São Paulo, que supostamente, é um dos mais animados do Brasil:

  • A concorrência para uma vaga anunciada no LinkedIn facilmente passa de 100 candidatos nos primeiros dias. Se a vaga fica anunciada por mais tempo, a concorrência pode passar de 500 ou mesmo, 1000 candidatos por vaga.
  • É quase impossível conseguir um emprego que pague, como CLT full, acima de 8,5k ou mesmo, 7,5k. Você só consegue este salário inicial (em 2016 — meio da crise) se tiver algum tipo de diferencial, como trabalhar com tecnologia específica estilo Sharepoint, SAP, Salesforce, Dynamics, Oracle, iOS, Android, arquitetura de software, ou negócios bem específicos como automação comercial, logística, comércio exterior, fiscal, implantação de ERP e por aí vai... E claro se você estiver atuando em uma multinacional ou numa consultoria com projetos internacionais sérios é bem possível que você consiga uma boa grana.
  • Um cargo de gerente que antes pagava uns 10k a 15k CLT Full hoje em dia esta com uma concorrência altíssima — para poder concorrer é preciso ter pós, PMI e experiência bacana para poder ser só mais um na mesa da mina do RH. E mesmo assim, a concorrência no topo da montanha é incrivelmente alta.
  • Um programador sênior que “só programa” vale muito menos hoje em dia. Dificilmente você conseguirá, mesmo em SP, um salário acima dos 8k ou 9k como CLT Full. Dificilmente mesmo. A maior probabilidade é conseguir um trampo como sênior de 6500 a 8000 após uma grande sabatina de entrevistas, testes e espera.
  • Há menos vagas aparecendo diariamente. Ninguém está afim de fazer movimentos arriscados na crise, ainda mais se a empresa paga em dia, tem projetos, tem demanda e oferece alguma paz para trabalhar. No meio da crise o funcionário médio não corre riscos. Simples assim.
  • Há menos projetos começando. Há menos startups. Há menos empresas investindo e portanto, há menos vagas surgindo. Com esta paralisia no mercado, não há como progredir na carreira mudando de emprego como antes.

Com todos estes fatos, o que está acontecendo? As empresas estão com a vantagem neste momento. Hoje em dia a mina do RH consegue achar um programador anunciando a vaga em poucos dias. A mina do RH consegue se dar ao luxo de pegar um cara bom com salário bem menor. E também, consegue se dar ao luxo de aumentar ao máximo as exigências para a vaga e ainda assim, achar uma galera afim de participar do processo seletivo. Para processo que paguem um inicial de 13k, por exemplo, você precisa ser um cara que atuou em projetos vanguardistas fantásticos com tecnologias de ponta incríveis e ainda por cima, precisa estar disposto a todos os tipos encheções de saco nos processos seletivos como entrevistas, testes, testes na lousa, entrevista em grupo, estadia de 1 dia programando com o time e muito mais. Um verdadeiro inferno.

E tudo isso significa uma única coisa: a crise filtra.Se você é um profissional medíocre, seus dias estão contados e você será trocado. Se você é um profissional muito bom e estiver no mercado, você terá sim emprego, mas seu nível salarial será bem menor do que era em 2012, 2013 e 2014. Se você estiver começando na área, sua progressão na carreira será bem mais lenta. Se você não for bom, será demitido nas primeiras semanas. Se estiver trabalhando como PJ e não atuar bem, será trocado. Se você for um falastrão na internet e na hora de trabalhar não entregar o que promete, sinto muito. Se for ruim de política na empresa, muito cuidado.

Meu conselho? Tente estudar mais, tente se atualizar na área, tente buscar conhecimentos que ainda não tem e principalmente, saiba capitalizar em cima de seus conhecimentos, habilidades e competências. Nestes tempos de crise, os profissionais estão concorrendo entre si para manter o emprego, para conseguir um emprego e nesta guerra vale tudo. Só não vale ser “bonzinho” e ser passado para trás sem merecer.

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