Boyhood e a vida

Dutra
BROS
3 min readDec 14, 2014

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Eu fiquei bem animado ao ler sobre Boyhood, principalmente por 2 motivos: 1) O filme é dirigido por Richard Linklater, o mesmo que fez a trilogia de Antes do Amanhecer (Escrevi sobre aqui no Blog, clique e leia). 2) Pelo filme ter demorado 12 anos para ser feito. 12 ANOS PARA SER FEITO!

Richard Linklater começou o projeto de Boyhood ainda em 2002 e terminou o projeto em 2014. Ele gravava um pouco a cada ano, e segundo o próprio diretor o filme demorou cerca de 2 anos só para ser editado. É um projeto de toda uma vida, disse o próprio Linklater.

Boyhood acompanha toda a juventude de Mason (Ellar Coltrane) e sua família, a irmã Samantha (Lorelei Linklater, a própria filha do diretor), o pai (Ethan Hawke) e a mãe (Patricia Arquette). Ao longo da história novos personagens vão passando por essa família e incrementando ainda mais a história.

Eu assisti o filme na casa da namorada — infelizmente não houve sessões nos cinemas mais próximos — que dormiu no meio do filme, deixo aqui minha denuncia. O filme é bem longo, mas eu me senti tão envolvido que não percebi nenhum cansaço. Você pode estar se perguntando: Mas sobre o que exatamente é Boyhood? eu respondo sem pensar duas vezes: É sobre a vida.

Boyhood retrata a juventude de um garoto de uma forma tão sincera que você certamente já foi um pouco Mason (ou Samantha). O filme não é formado por acontecimento incríveis e reviravoltas de tirar o folego, assim como a maioria de nossas vidas também não. Isso foi o que me cativou, a sinceridade da história. O que você vai ver em Boyhood é algo que poderia acontecer com todo mundo, é uma mãe que separa e se casa novamente, um pai brincalhão e despreocupado com a vida que vai mudando de atitude por certos motivos, um menino olhando uma Playboy pela primeira vez e coisas assim. É sobre a passagem do tempo em nossas vidas, e sobre isso o próprio R. Linklater falou em entrevista ao O Globo:

Mudei minhas crenças. Mudei muito nesses 12 anos, mas não em relação a esse filme. Eu tinha as minhas ideias sobre como contar a história. Planejamos o máximo que pudemos. Trabalhamos com uma realidade que seria diferente no futuro. Na verdade, ele terminou conforme o planejado, embora isso pareça uma loucura. Enfrentamos a crise financeira nesse meio-tempo. Mas não perdemos nossos recursos. Muitas coisas aconteceram no mundo. Sobrevivemos

Um dos pontos mais fortes de Boyhood são seus diálogos, as conversas despretensiosas são como aulas e uma das que mais me chamou atenção foi a conversa entre pai e filho:

- Pai, na vida existe magia de verdade?
- Como assim, filho?
- Os elfos, por exemplo, eles existem?
- Bom, se eu te disser que existem nos oceanos mamíferos gigantescos que se localizam na água com sonares, cantam canções subaquáticas e têm corações do tamanho de um automóvel, isso parece magia, não é? Mas é realidade: são as baleias. Parece magia, mas existe.
- Tá, mas e os elfos?
- Não, os elfos definitivamente não existem.

Teve um dialogo em especial que me fez rir bastante, vou deixar o link aqui (Clique aqui) pra não atrapalhar você que ainda não viu o filme.

Tem imagens que mostram o “antes” e “depois” dos personagens, mas eu preferi não colocar aqui, porque é incrível acompanhar no filme a mudança física dos personagens, começar o filme vendo aquelas duas crianças e logo depois vê-las como adolescentes, e mais depois ainda como adultos é uma experiencia única e incrível.

Richard Linklater conseguiu impressionar novamente, Boyhood é o melhor filme que eu assisti esse ano (2014) e um dos melhores que eu assisti durante toda a minha vida. Para você que gosta de números, Boyhood está com 99% de aprovação no Rotten Tomatoes e 8,5/10 no IMDb, além de estar concorrendo ao Globo de Ouro e certamente ira também ao Oscar.

Se não viu, veja!

O meu filme favorito é Forrest Gump, que tem um pouco dessa lição da passagem do tempo, Boyhood me lembrou um pouco disso, mas sem todo aquele exagero e fatos extraordinários.

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Dutra
BROS
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Um publicitário que encontrou na fotografia e no design, o que sempre amou fazer.