The End of The F***ing World — Análise

Eder Rodrigues
BROS
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4 min readJan 6, 2018

Humor negro, questões sociais e drama marcam a série jovem da Netflix

Dois adolescentes fogem de casa para viver altas aventuras e se meterem em muitas confusões. Parece uma chamada do narrador anunciando um filme da Sessão da Tarde, e basicamente se aplica a esta série, porém com uma pintada de sadismo.

Alyssa (Jessica Barden) e James (Alex Lawther), os protagonistas da série

The End of the F***ing World é uma série, baseado nos quadrinhos de Charles Forsman, conta a história de James e Alyssa, dois adolescentes peculiares, que não aguentando mais a rotina e a vida que vivem embarcam em uma viagem para encontrar o pai de Alyssa, que a deixou quando ela tinha 7 anos.

O primeiro ponto a se destacar desta série é a sua duração. Os episódios tem uma média de 20 minutos, o que dá menos de três horas de série, ou seja, uma interessantíssima chance de maratonar, fora que esse dinamismo que a The End of the F***ing World não prejudica em nada o desenrolar da trama e dos personagens.

A sua trama, vai girando em torno da perspectiva de ambos sobre a vida que vivem, e ao mesmo tempo, sobre o quanto os eventos traumáticos mudaram e moldaram a personalidade de ambos. James (interpretado por Alex Lawther) é um garoto “sem sentimento” que por conta do que houve com sua mãe, começou a não se importar mais com nada, vendo em si mesmo, um psicopata em potencial, já que a vontade de matar estava crescendo dentro de si e vê em Alyssa (interpretada por Jessica Barden), a oportunidade perfeita para cometer tal crime. E ela (Alyssa) sentindo a falta do seu pai, vive com sua mãe e o seu padrasto, que não se importa o mínimo com ela. E fugir, na visão dela, é a melhor solução, já que ela não tem motivos para ficar ali, arrastando James junto e com isso,reunindo o útil ao agradável para ambos, pois Alyssa gosta muito de James e gostaria muito que ele fosse junto com ela nessa viagem, e James vendo a chance de mata-la sem ninguém por perto para lhe incriminar.

A forma que a série te prende em cada episódio em busca da conclusão é feita muito bem, de modo que os enredos não se fecham no próprio episódio, e sim se tornam consequência para o objetivo final. Temas como sexo, abuso e negligência familiar são temas bastante presentes na série.

O estopim para toda essa jornada acontece no final do episódio 3, que é o divisor de águas na série, onde ela sai dos problemas de adolescentes, para um problema muito maior, que vai impactar na vida de ambos. James tem a personalidade mudada ao longo dos episódios, a partir da convivência maior com Alyssa. E ela acaba demonstrando sentimentos nos quais nunca havia mostrado, principalmente por sua mãe, quando a convivência com James se torna maior e mais forte, e é isso que cativa na série: Não apenas mudar por mudar, mas sim algo que faz mudar, que incentiva a mudança. Tanto James, quanto Alyssa, veem um no outro a mudança que precisam, como se fosse um complementando o outro.

As situações que ambos passam após este acontecimento, se tornam maiores e cada vez maior, ao ponto de roubarem um carro e assaltarem uma loja de um posto de gasolina. Temos uma mudança, até na perspectiva da série, indo para um drama muito forte. E aí que temos a guinada final da série, onde percebemos que o que a série queria transmitir: NÃO CONFIE EM NINGUÉM. E é basicamente isso ocorre quando Alyssa e James encontram o pai dela, sendo que a polícia já esta em seu encalço, comandada por duas investigadoras: Eunice Noon (Interpretada por Gemma Whelan) e Teri Donoghue (Interpretada por Wunmi Mosaku).

O final da série foi muito bom, da uma sensação de ser um final aberto, mas que pode se tornar fechado, trabalhando muito o pensamento do espectador em relação ao que acontece no final. Mas, ao meu ver, abre um precedente para uma futura segunda temporada. Ficamos com aquela sensação de que os oito episódios que essa temporada teve foi pouco, pois dá a vontade de querer mais, porém ao mesmo tempo, é o suficiente para não deixar a história arrastada e fraca. A Netflix está de parabéns por mais esta série e eu recomendo muito, para quem quer ver algo, no mínimo interessante.

The End os the Fu***ing World já esta disponível, com todos seus oito episódios, na Netflix.

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Eder Rodrigues
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Jornalista em Formação, curte Cinema, ama Games, fissurado por Séries e Viciado em Animes! Pois É, Este Sou Eu!!