sara brunelli
SHIFT
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2 min readJun 5, 2016

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death to the stock photo

Convites pra festa e biblioteca, passando por filmes em dias mais livres e almoços coletivos que amenizam o curto tempo — nossa relação com os amigos (e quem eles são) também muda junto com a gente.

Dos amigos de antes eu guardo a quantidade, o tempo livre de conversas que duravam horas e horas , e que às vezes nem precisavam fazer muito sentido: só precisavam estar ali. Quanto mais, melhor, o importante era não me sentir sozinha-rejeitada-excluída. Conheci muita gente assim, muita gente bacana e que carrego comigo num cantinho que o relógio e calendário não destroem. Mas, como sempre é, penso em como aguentei muita coisa só pra me sentir incluída.

O tempo passando e a vida de agora me fizeram uma pessoa mais seletiva. O melhor se tornou mais. Os poucos que guardo no peito e conto no dedo, que dividem almoços e risadas, que aguentam meu mau humor das oito e que me xingam se eu furo um compromisso, mas entendem que a lua às vezes vira e a gente quase não se aguenta, eles também tem vida e compromissos capitalistas que nem sempre nos fazem ser muito presentes. Mas olha, eles me aguentam.

A gente é mais sincero. Machuca mais, mas perdoa mais. Não temos tempo pra falsas simpatias e sorrisos forçados. Nos aproximamos de quem é confortável estar próximo. A gente confere o signo e julga sem saber, vai pela posição política e gosto musical. Dá umas duas chances, talvez não três. E segue feliz na escolha.

Tem gente que considera amigo um termo meio forte pra rotular qualquer um, mas a verdade é que você sente carinho/empatia/conforto pelas mais diferentes pessoas. Seu professor que te ouve e te ajuda, que até te acompanha na mesa de um bar. O porteiro do seu prédio que você não nega um bom dia e um obrigada. Todas essas relações — que você não precisa chamar de amizade se não quiser — e que são uma forma do universo te fazer um carinho no dia. E, às vezes, é só isso, e ainda assim é tudo.

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