tayná
SHIFT
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3 min readJun 8, 2016

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— O que você quer ser quando crescer?

Essa é uma pergunta comum feita pelos adultos. Nós, enquanto crianças, respondemos aquilo que mais parece combinar naquele momento. Eu já devo ter respondido que queria ser veterinária, professora, jornalista, policial ou simplesmente alguém que trabalha com computadores — minha vó costumava me dizer que eu tinha dom pras tecnologias.

É uma pergunta aparentemente engraçadinha na infância, mas a medida que vamos crescendo ela pode se tornar um monstrinho, cada vez maior. Deve ser a partir dessa pergunta que internalizamos que devemos fazer uma faculdade. Tomamos esse caminho como comum, como bom e muitas vezes até como único. Nesse processo surge uma outra versão dessa pergunta:

— Qual curso você vai fazer? Você sabe né, se com faculdade já está difícil conseguir emprego, imagine sem!

Na adolescência, lutamos para nos identificar e fazer boas amizades, enquanto espinhas brotam no nosso rosto e ainda nos cobram que, antes dos 18, decidamos algo tão importante. O último ano de ensino médio é, sem dúvidas, o mais crucial, aquele que esperam sua resposta e mesmo que você não responda, as inscrições dos vestibulares estão chegando e você vai precisar escolher seu curso, mais cedo ou tarde.

“Eu decidi cursar faculdade porque confio naquela história de que a gente precisa disso pra ‘ser alguém na vida’. Na verdade, acho que tem a ver com aproveitar a possibilidade (ter como pagar/passar no vestibular) e porque acho que pra mim é uma parte importante de autoconhecimento, conseguir identificar o que realmente te desperta interesse e poder explorar aquilo, estudar a fundo por cinco anos e depois trabalhar na área.”

Guilherme Zanoni, 19 anos, estudante de psicologia

Não sei em que ponto escolhi fazer Comunicação Social, mas acabei voltando ao meu raciocínio de infância: era o que mais combinava comigo naquele instante da minha vida.

“Se um diploma de graduação atualmente é apenas um pré-requisito na vida profissional, é difícil imaginar uma vida com menos que isso.”

Márcio Reis, 18 anos, estudante de matemática

Faz três períodos que vivo nesse ambiente universitário e foram/continuam sendo meses de experiências únicas. Não imaginava que encontraria tantas pessoas com a mesma vontade, dúvidas e sonhos e muito menos que elas se tornariam tão próximas de mim. São amigos, professores, textos e até mesmo desconhecidos que nos mudam e nos ensinam uma melhor versão de nós mesmos.

“A rotina de estudante é tudo isso que sempre falaram. Aulas, provas, trabalhos, convivência. Todos complicados, todos exigindo um esforço máximo. Nem sempre você se sai bem, mas o importante é não desistir. Você cai, e isso faz parte. No primeiro dia de aula, alguns veteranos disseram algo que levo comigo: ninguém se forma sozinho. Crie laços, cultive amizades. Você verá essas pessoas diariamente pelos próximos quatro ou cinco anos. E mais do que a maioria (incluindo eu) não terá contato com a própria família. Não faça da faculdade um fardo. Aproveite!”

Márcio Reis, 18 anos, estudante de matemática

Muitas vezes me questiono se meu curso é o certo, se eu vou conseguir me sustentar, se eu sou realmente boa nisso e as respostas nem sempre são as mesmas. Também não sei porque resolvi fazer faculdade ao invés de procurar sustento com qualquer outra habilidade em mim que independe disso. Talvez seja só o caminho mais fácil pra alguém como eu ou talvez eu ainda esteja tentando me encontrar.

ESCOLHAS é a segunda série do SHIFT.
Essa é a primeira postagem, e para não perder as próximas postagens, você pode
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