tayná
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3 min readMay 22, 2016

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De repente há nas costas um peso que antes não estava ali e nesse momento não dá pra ignorar: nos tornamos jovens. Aquelas pessoas que estiveram contigo desde o nascimento não vão mais conseguir te acudir com o mesmo cuidado. Seus problemas não são mais os mesmos e às vezes é tudo tão abstrato e confuso que você pode se sentir a pessoa mais perdida do mundo.

Não há tempo certo pra isso. Não é na virada dos dezessete para os dezoito e a juventude não dura necessariamente até os vinte e nove anos como as cartilhas formais marcam. Para cada um acontece num tempo diferente, de formas diferentes e até mesmo o peso é diferente. Mas o fato é: acontece.

Talvez essa falta de habilidade de lidarmos com a transição para a vida adulta seja reflexo da própria sociedade que demarca formalmente em qual idade é adequado fazer determinada atividade.

“Existe, de fato, uma cobrança do indivíduo bem sucedido. Mas com isso criamos um problema sério, embutimos a ideia de felicidade em formar na universidade, seguir uma carreira de sucesso e casar. Mas o que é ser feliz? Será que é ter ou ser? Nossa sociedade é a do consumo, é ingênuo fugir dessa ideia.”

Bartomélio Martins, sociólogo, 31 anos.

Por exemplo, após os 14 anos não pega bem continuar brincando com os mesmos brinquedos da infância: essa é a idade das festas, das descobertas e de começar a pensar o que vai ser quando crescer — ou melhor, no curso que vai prestar no vestibular daqui há 3 ou 4 anos.
Com 18, a Universidade é o melhor caminho, afinal uma graduação é o mínimo para ser um profissional bem sucedido. Nesses 4 a 6 anos de ensino superior, tirar a carteira de motorista é indispensável e com 26 é melhor já ter alguém pra te acompanhar, alguém que pense em casamento e filhos.
Pra fechar com chave de ouro: durante todo esse caminho em busca da felicidade consuma.

“É um estereótipo, um livrinho passo a passo para a felicidade. Os comportamentos, as regras sociais e as instituições são mecanismos que exercem pressão sobre o indivíduo. Ele, por sua vez, não se enxerga na rotulagem que a sociedade cobra.”

Bartomélio Martins, sociólogo, 31 anos.

Na juventude, vemos o tempo todo nossa identidade se confrontando com aquilo que esperam de nós. É doloroso, porque estar perdido é tão pesado quanto não corresponder às expectativas dos outros, porque encontrar o próprio caos dentro de si é subestimado pela sociedade. Mas o caos é só uma nova forma de organização.
E se você se sente assim é possível que esteja no caminho certo: aquele que seu eu mais verdadeiro te direciona.

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caio o tempo todo, tento respeitar a gravidade