Flora Ngunga
projetoagostinhas
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5 min readJun 19, 2020

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As implicações do“JÁ e AINDA NÃO” no COMBATE ao RACISMO

“e eis aqui uma multidão, a qual ninguém podia contar, de todas as nações, e tribos, e povos, e línguas, que estavam diante do trono, e perante o Cordeiro” Apocalipse 7:9

Toda cultura possui uma história. Toda história tem um início. E é a história dessa cultura que define como a vida de um indivíduo e de uma nação será construída.
Existem 195 países no mundo. Se, porventura, fizermos as seguintes perguntas: “O que é lindo? O que é verdade? O que é bom?”, aos 195 países, todos responderão essas questões partindo de sua cultura, de sua história e de sua cosmovisão.

O Brasil possui uma história e, consequentemente, uma cultura. Não podemos nos esquecer de um detalhe importante: Deus criou todas as nações. Dito isso, existe algo que aponta para Deus, em todas as culturas, em todas as nações.
Do mesmo modo, há um evento anterior à história de todas as nações que trouxe implicações dramáticas — a QUEDA. A história do Brasil possui vestígios da Criação e da Queda, assim como qualquer outra cultura mundo afora.

Como exemplo, ao trazermos para conversa um evento histórico que deixou marcas profundas na cultura brasileira — a escravidão negra — vemos como satanás entrou em cena e contou mentiras, ideias e crenças para escravizar a cultura. O Racismo é fruto desse evento e, TAMBÉM, obra da NATUREZA CAÍDA do ser humano.

Arthur de Gobineau, um filósofo francês, escreveu um livro com o seguinte título “Ensaio sobre a desigualdade da raça humana”, considerada a bíblia do racismo moderno, o qual circulou pelo mundo afora, inclusive no Brasil. Carregado de crenças contrárias às Sagradas Escrituras, tal livro circulou durante um tempo considerável, comunicando e transmitindo uma cultura que é incompatível com o Reino de Deus.
As culturas ao redor do mundo têm respondido, de forma equivocada, o que é belo, o que é verdade e o que é bom. Como consequência, falsas identidades foram criadas; brasileiros, outras nacionalidades, homens e mulheres criados à imagem e semelhança de Deus, classificados pela cor da pele, traços físicos, textura de cabelo. Aquilo que, intencionalmente, fora feito para evidenciar a multiforme graça de Deus, passou a ser um motivo de separação, de iniquidade.

Quem nunca ouviu a frase PECAMINOSA, “fulano tem cabelo ruim”? Se tudo que Deus fez, na história da CRIAÇÃO, é perfeito, uma frase como essa não é compatível com o Evangelho. É, sem dúvida, uma mentira de Satanás na cultura, absorvida e reproduzida pela maldade do coração dos homens e mulheres. Lembrando que, não podemos dar muito ipobe para Satanás. Ele é coadjuvante nessa trama. Sabemos bem que somos protagonistas na história da QUEDA. O raciocínio do nosso coração é rebelde por culpa nossa. Satanás só amplia o que já está quebrado. Então, temos que abraçar a nossa responsabilidade pela destruição dos fundamentos deste mundo, individualmente e coletivamente.

Como podemos olhar para os 300 anos de escravidão negra, tanto tempo de opressão, e as consequências deste evento pecaminoso, os grupos de ódio aumentando, e ainda crer que o Deus soberano está no controle de todas as coisas? Olhamos para um Brasil onde ainda há tantas disparidades, onde há hostilidade, preconceito. Onde vulnerabilidades se enroscam com diferentes opressões. Por que ainda não temos um final feliz? Ainda não temos, pois Deus está AINDA escrevendo a história.

As Sagradas Escrituras nos contam sobre a existência de uma única HISTÓRIA. Na verdade, não é qualquer história. É a história de Deus. A verdadeira história. A história do REINO. Onde essa história começa? Em um jardim. E onde esta história termina? Em uma cidade, a cidade-jardim de nova Jerusalém.

A parte sublime desta história é: eu, você, nós, brasileiros, americanos, europeus, africanos, asiáticos, todas as nações, fomos inseridos dentro desta única e perfeita história. Sendo assim, temos aqui a premissa de que a história de um indivíduo ou nação, não tem seu ponto de partida com o seu nascimento, mas, sim, com a criação dos céus e a terra. Consequentemente, fica claro que precisamos procurar saber quem é esse CRIADOR, sua história, suas intenções. Bem como procurar saber o que DEUS quer nos dizer; o que ele espera de nós hoje. O racismo faz parte da história do Brasil, e, igualmente, a história do Brasil faz parte de uma única história com final feliz.

Agora, não podemos deixar de pontuar qual papel queremos desempenhar nessa história? Temos duas opções: ser a Ester que tem medo de arriscar a sua vida, entrando no palácio do rei para salvar seu povo ou a Ester que diz: “se perecer, pereci”, ao entender que todos fomos plantados intencionalmente em uma determinada cultura e tempo. Floresça onde foi plantado!

Em Apocalipse 7:9, vislumbramos o Reino no qual tribos, nações, povos e línguas adoram o Cordeiro juntos. Com essa visão em mente, somos levados, INTENCIONALMENTE, a buscar essa realidade no hoje; buscamos o Reino que “já é, mas ainda não completamente”, o Reino multicultural, multinacional de justiça e amor.
Será que conseguimos imaginar um Brasil, onde grupos, tribos, classes vivem em dignidade, em amor e equidade? Nós não vemos, mas cremos que Deus está escrevendo, conduzindo esta história. E essa certeza nos leva a uma adoração que prepara o nosso coração para receber cura, trazendo renovação da nossa mente, e nos engajando para tornar real o Reino que está por vir.

Uma esperança que movimenta a igreja de Cristo na terra. Uma esperança que, embora não esteja neste mundo, não significa uma evasão das responsabilidades da Igreja de Cristo no mundo de hoje. Mas, sim, uma igreja que funciona como TERMOSTATO ao invés de termômetro; sendo parte da transformação dos costumes da sociedade, das estruturas caídas; sendo “restaurador de veredas para que o país se torne habitável”. Uma igreja que antecipa o Reino de justiça ao manifestar vislumbres de respeito e hospitalidade já agora, que entre seus cidadãos vive sem preconceitos de raça ou cor, sendo também um canal de cura e transformação, além de manifestação de uma verdade que um dia brilhará de modo perfeito.

Portanto, temos uma pergunta para responder. O que você pode fazer para COMBATER essa MENTIRA e os efeitos dela na realidade de hoje?

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