Entender, refletir e redirecionar

Hudson Mendes
ProjetoCTA
Published in
4 min readJul 26, 2021

É interessante notar como, ao longo da vida, criamos ou adotamos pressuposições sobre determinados assuntos e disciplinas com que temos contato, sem pensar que a forma como isso está sendo apresentado a nós pode ou não ter sido distorcida pelo agente que fez uso daquela ferramenta para atingir certo objetivo. Esse foi o caso do Marketing para mim.

Ao reagir apenas como alvo, sem buscar conhecimento, ou tentar pensar de forma mais profunda sobre a disciplina do Marketing, eu acabei desenvolvendo uma percepção rasa sobre o marketing em si, afinal de contas somos bombardeados por todos os lados com informação e promoção de marcas, produtos e serviços, e alguns desses acabam utilizando de métodos um tanto quanto moralmente questionáveis para atingirem suas metas de alcance e vendas, reconhecimento e lucro. Mas qual a fonte dessa distorção? Pois, se em sua origem, o marketing é formatado como uma ferramenta de persuasão, por que muitas vezes associamos ele aos elementos de manipulação?

Segundo a autora Martha Gabriel:

“(…) o marketing é a ciência de entender necessidades e desejos de pessoas e atendê-los por meio de troca; o uso do conhecimento do cérebro humano no marketing deve ter como meta conseguir realizar a melhor troca possível (…) Se não for assim, não é marketing, é manipulação”

Para responder à essa questão durante o curso ‘Call to Action — Ética cristã aplicada ao marketing’ foi feito uso de teologia cristã. A disciplina da cosmovisão cristã nos apresenta uma narrativa que responde às principais questões ligadas à existência e a realidade e aponta para a origem do problema: A queda do homem. O estado de queda humano afirma que estamos todos condicionados à sermos falhos em nossas ações, devido ao desvio do nosso coração em relação à adoração, que se encontra com a bússola apontada ao desejo, ao orgulho, e tudo aquilo que está ligado à satisfação de nossas próprias vontades, nos distanciando da boa vontade do Deus criador. Se ainda é possível a administração de bondade em nossas ações, antes do contato direto com uma graça redentora, isso provém da graça comum que permanece na criação.

A ideia então é que todas as áreas da vida que provém do desenvolver de cultura criada pela humanidade estão sujeitas à corrupção, já que o coração humano se encontra corrompido, daí encontramos o motivo da distorção da estrutura do marketing que ocorre diversas vezes em nossa cultura, uma cultura influenciada fortemente pela busca de sentido através do consumismo.

O Consumismo é um estilo de vida impulsionado pela constante obtenção de bens e serviços de maneira desproporcional às reais necessidades do indivíduo, seja para sustentação de um status quo, ou simplesmente a busca por um conforto exagerado da vida cotidiano. O consumo assim se torna um objeto de adoração do coração humano, e a indústria se aproveita desse fator para obter mais lucro, na maioria das vezes sem pensar muito nas consequências de fomentar esse comportamento, mas se importando apenas com o contínuo giro da máquina econômica amoral, que entra no esquema de estruturas com a direção voltada para o sentido distante de uma ética cristã.

Assim vemos que o marketing é apenas mais uma ferramenta que foi distorcida nesse ciclo de ganância e ego do coração humano afetado pela queda. Mas qual seria a resposta para isso por parte daqueles que creem na narrativa de redenção presente na cosmovisão cristã?

Em meio a um mundo distorcido, o cristão foi alcançado por uma graça redentora manifestada por Cristo, graça capaz de redirecionar os desejos de seu coração, trazendo para ele uma responsabilidade sobre as estruturas com as quais ele possui contato e pode fazer uso dentro da sociedade. A base de conhecimento para como iremos conseguir redirecionar as estruturas que temos em mãos, entre elas o marketing, se encontra na Palavra que é fundamento da Fé Cristã, e Segundo ‘O Manifesto Cristão’, escrito por Francis Schaeffer, o caminho para trazer essa verdade e servir ao próximo é claro:

“É preciso que a Bíblia seja considerada a Palavra de Deus, em tudo o que ela ensina — tanto em questões de salvação quanto de história e ciência e moralidade. E, se for fraca em qualquer uma dessas áreas, o que infelizmente se aplica a muitos que se chamam evangélicos, estaremos destruindo o poder da Palavra de Deus e colocando-nos a nós mesmos nas mãos do inimigo.”

Referências Bibliográficas:

GOHEEN, Michael; BARTHOLOMEW, Craig. Introdução à cosmovisão cristã: vivendo na intersecção entre a visão bíblica e a contemporânea. Tradução: Marcio Loureiro Redondo — São Paulo: Vida Nova, 2016.

GABRIEL, Martha. Marketing na Era Digital. São Paulo: Novatec, 2010.

SCHAEFFER, Francis, A Christian Manifesto. USA, Illinois: Crossway Books, 2005.

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