O sorriso é a alma do marketing

Você já deve ter se deparado com alguns perfis de dentistas que fazem questão de colocar um antes e depois de um paciente onde antes ele apresentava um sorriso opaco, meio amarelado e depois uns dentes bem brancos e perfeitos. Provavelmente, a legenda prometia o mesmo sorriso para os seguidores e persuadia qualquer um a marcar uma consulta.

Será que isso é correto mesmo? É possível trazer o mesmo padrão para todas as pessoas e trazer um promessa de “sorriso colgate” para todos? Bem, para o Código de Ética odontológico, tal comparativo se quer é permitido. No Art. 44, do Cap. XVI, ele mostra que:

Art. 44 — Constitui infração ética: I — fazer publicidade e propaganda enganosa, abusiva, inclusive com expressões ou imagens de antes e depois, com preços, serviços gratuitos, modalidades de pagamento, ou outras formas que impliquem comercialização da Odontologia ou contrarie o disposto neste Código;

A partir disso já podemos traçar alguns pressupostos:

1. Há manipulação, pois o profissional faz promessas vazias de um sorriso perfeito.
2. Há omissão por não trazer naquela propaganda as possíveis complicações para cada paciente.

De forma mais clara, a propaganda por si só não é garantia de uma prática coerente, a mesma acaba enganando o público quando usada sem clareza. A ideia principal desse tipo de publicidade é provocar uma necessidade irracional, ou melhor, uma dissonância cognitiva onde a escolha é feita irracionalmente, mas a sua justificativa é dada de forma racional buscando trazer um motivo para a necessidade da realização de tal procedimento.

Por um lado, vemos profissionais agindo conforme desejos e vontades do consumidor. André D’Angelo, em A Ética no Marketing (2003), alerta que isso nem sempre é agir de forma ética.

Mas você deve estar se perguntando, como é possível ter uma boa estratégia de marketing que demonstre profissionalismo e seja chamativa sem infringir o código de ética? Primeiramente, é de grande importância ter em mente que todo indivíduo possui uma característica ímpar de “não poder fazer nada sem o tipo de orientação e direção que uma cosmovisão dá”. (Albert Wolters, em A Criação Restaurada, 1985).

Os profissionais da área não devem impulsionar seus clientes a agirem por emoções momentâneas ou com qualquer comparativo ou expectativa criada em sua mente. Entretanto, dentro da publicidade para tais profissionais, deve-se trazer ideias moderadas, e refinadas, trazendo conhecimento e gerando boas ações.

O marketing não tem controle sobre os compromissos religiosos do coração do público, e nem sobre o quanto ele está ou não em harmonia, quem controla isso é o nosso coração. Uma vez que nós reconhecemos isso, nossas práticas precisam ser direcionadas não para explorar e abusar, mas para auxiliar e contribuir, no conhecimento do público-alvo.

Por fim, quando você ver um antes e depois de um dentista ou centro de estética odontológico, não se deixe ser levado pelo “calor do momento” por emoções passageiras, mas por decisões éticas, racionais, contundentes e moderadas diante das Escrituras. Levando em conta, os seus valores, a real necessidade de realizar aquilo e o seu desejo no momento.