Hábitos: O Que São e Como Criar

É comum estabelecer a criação de novos hábitos como meta pessoal, mas, para isso, é preciso primeiro saber o básico sobre eles

Amanda de Vasconcellos
O Prontuário
5 min readJul 26, 2020

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Não foram poucas as vezes em que falei de hábitos neste blog, mas sempre toquei no assunto en passant. Hoje, porém, resolvi me aprofundar um pouco mais nesse tema, até para poder ter uma base para conteúdos futuros.

Boa parte do que pretendo explicar hoje foi retirado desse vídeo acima, que eu já havia mencionado no meu post sobre produtividade durante a quarentena. Caso você fale inglês, fica a recomendação tanto dele quanto de outros conteúdos do canal How to ADHD, que fala de estratégias de manejo do TDAH, mas acaba trazendo boas informações sobre organização pessoal também para quem não tem esse transtorno — eu mesma não tenho.

Sem mais delongas, o que é um hábito?

Um hábito é uma rotina de comportamentos que acontece regular e subconscientemente, ou seja: algo que você faz automaticamente.

Essa automação do comportamento tem algumas características. A primeira, e mais óbvia, é que a pessoa não precisa pensar na tarefa para executá-la, e, por isso, muitas vezes nós sequer percebemos que estamos fazendo algo que já se tornou automático para nós. Além disso, comportamentos automáticos tendem a ser eficientes, não intencionais, e até mesmo incontroláveis — o que explica porque é tão difícil quebrar um mau hábito, como roer as unhas ou checar as redes sociais logo pela manhã.

Por que você deveria criar hábitos?

Em suma, para dar um descanso ao seu cérebro. O processo de escolha ativa daquilo que é bom para nós — como comer uma fruta em vez de um chocolate, ou ler um livro em vez de ler um post da sua rede social favorita — nunca é fácil, a menos que estejamos motivados. Como a motivação é algo que sai do nosso controle, precisamos de estratégias melhores para nos tornarmos a melhor versão de nós mesmos.

O hábito tira de nós o peso da disciplina, pois, como já foi dito, ele trata-se de um comportamento automático. Por um lado, a empolgação inicial do estabelecimento de novas rotinas é inconstante, e, pelo outro, ter que tomar decisões difíceis todos os dias é exaustivo. Criar hábitos é uma maneira de usarmos as “armadilhas” do nosso cérebro ao nosso favor. Assim, conseguimos tomar as rédeas de nossa vida sem esgotar nossa energia.

Primeiro passo para um hábito de sucesso: o sinal

Você pode decidir que realizará o seu novo comportamento — o futuro hábito — em um horário fixo todos os dias, mas há outra opção: você pode definir um sinal em sua rotina, que significará que está na hora do hábito.

Esse sinal pode ser um alarme, um post-it, ou até mesmo um comportamento-âncora, ou seja: você usará um hábito que já possui como sinal de que está na hora de executar seu hábito novo. Assim, você pode, por exemplo, criar o hábito de ler um livro todos os dias após o almoço, ou de meditar antes de trocar de roupa pela manhã. Nesses casos, vale ressaltar que é mais eficiente realizar o novo hábito depois do antigo, de modo que o sinal seja anterior ao comportamento.

Já no caso de alarmes, post-its, ou lembretes, o mais importante é que você se organize para que o sinal ocorra em um horário em que você possa realizar de fato o que se propôs a realizar. Não adianta, por exemplo, ser lembrado às 18h que você deveria tocar violão se você costuma estar preso no trânsito às 18h.

Segundo passo: a rotina

Qualquer atividade envolve em si uma pequena rotina, por mais básica que seja. Pense, por exemplo, em escovar os dentes: você caminha até o banheiro, pega sua pasta de dentes, abre a tampa, coloca a tampa na pia, pega sua escova, coloca a pasta nela, coloca a tampa de volta na embalagem de pasta de dente, recoloca a pasta no lugar… E tudo isso antes de começar a escovação propriamente dita!

Para incorporar uma nova atividade ao seu cotidiano, portanto, é preciso ter em mente que você estará, na verdade, incorporando várias pequenas atividades, e pensar em quais são elas e em qual sequência elas se encontram é parte importante do planejamento. Fazendo isso, você terá uma ideia dos obstáculos que poderá encontrar, e saberá melhor como contorná-los.

Você não deve, porém, se preocupar em saber cada mínimo passo de sua atividade antes de começar, ou você nunca dará o primeiro passo. O que é preciso é saber, ao menos, o que é necessário para dar esse primeiro passo, de modo que você saiba o que exatamente deve ser feito depois que tiver recebido o seu sinal. E, claro, nada te impede de adaptar essa rotina à medida que for fazendo progresso.

E, finalmente: a recompensa

Mas, para tudo isso funcionar, é preciso que o seu cérebro decida usar o sinal para realmente executar a nova rotina. E ele precisa tomar essa decisão várias vezes para que essa decisão finalmente se torne automática — o que era a nossa meta no início do texto, lembra?

A intenção aqui não é usar força bruta, porque há evidência de que os hábitos aos quais verdadeiramente aderimos são aqueles que trazem alguma recompensa, e não aqueles que fazemos porque “são importantes”, ou porque “é nossa obrigação”.

Isso não significa, claro, que podemos deixar de fazer o que é necessário por não recebermos nenhuma recompensa por isso. Algumas tarefas possuem recompensa intrínseca, ou seja: fazê-las é algo prazeroso por si só, ou a satisfação em vê-las concluídas é grande o bastante para nos motivar. Quando, porém, estamos falando de obrigações mais amargas, a recompensa precisa ser extrínseca.

O que é necessário, então, é premiar seu cérebro por fazer a atividade correta. A recompensa não precisa ser grande, mas ela precisa ser dada rapidamente após a missão ser cumprida, para que o seu cérebro acabe associando executar o novo hábito a ser recompensado.

Às vezes, acompanhar o progresso pode ser um prêmio suficiente: marcar todos os dias no seu calendário que a tarefa foi feita. Para outras pessoas, pode funcionar melhor tomar um banho relaxante, ou comer algo saboroso (só escolha algo saboroso e saudável). A decisão é sua, porque o importante aqui é descobrir, por tentativa e erro, o que é que funciona para convencer o seu cérebro de que trabalhar para você ser a melhor versão de si mesmo vale o esforço.

Obrigada por ler este texto! Espero que ele tenha te inspirado a criar um novo hábito, e, se tiver, comenta aqui embaixo qual será esse hábito!

Não se esqueça também de deixar seus aplausos (de 1 a 50) se tiver gostado, e siga-me nas redes sociais se quiser acompanhar este blog e ficar sabendo dos textos futuros. Até semana que vem :)

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