Organização: O Peso que Tiramos de Nossos Ombros

Manter nossas vidas em ordem não é um peso extra, mas sim uma forma de buscarmos àquilo que verdadeiramente amamos

Amanda de Vasconcellos
O Prontuário
4 min readAug 9, 2020

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Após meses me dedicando exclusivamente a projetos pessoais, tive, nessa última semana, minhas primeiras aulas na modalidade de Ensino Remoto Emergencial na UFMG, e era grande o medo que eu sentia de ser incapaz de continuar desenvolvendo meus hobbies. Afinal de contas, meu tempo seria mais restrito, como conciliar mais uma atividade, como inserir uma nova prioridade? Como fazer tanta coisa quando o dia possui apenas 24 horas? Como fazer tanta coisa e não surtar em apenas 24 horas? A angústia era grande, mas, contra todas as minhas expectativas, eu vivi uma semana de… Sucesso.

Enfatizemos principalmente o último ponto: como não surtar quando temos tão pouco tempo? Talvez o maior problema das pessoas que reclamam da falta de tempo (eu inclusa) seja a possibilidade do estresse, que não tarda a se concretizar. Todos já vivemos a situação em que a carga de trabalho era tão grande que as 24 horas do dia passaram a parecer insuficientes. O cansaço começa a nos consumir, e nenhuma quantidade de horas vagas é suficiente para aliviar a estafa causada pelos compromissos. Cada instante é mais uma chance de pensar em todas as milhares de tarefas que se acumulam, em todas as centenas de projetos inconcluídos, e em quanto o tempo nos parece insuficiente, e o cansaço só aumenta. Não há tempo, é o que repetimos a toda hora para nós mesmos, sem nunca, porém, verdadeiramente avaliar como nossas escassas horas vêm sendo empregadas.

Foi esse o pensamento que me guiou a fazer da última semana um sucesso, mesmo com vários fatores que se colocaram em meu caminho: a carga horária foi mais alta que eu pensava que seria, surgiram mais tarefas que eu esperava que surgissem, e a minha vontade de fazer qualquer uma delas era baixíssima — para ser sincera, a vontade de sequer sair da cama esteve ausente na maior parte dos dias. A grande questão que nos causa tanto estresse, que torna o uso de nosso tempo um problema — um peso — é, majoritariamente, a desordem. Temos dificuldade com a ideia de colocar nossa vida em ordem, consideramos exaustivo avaliar como tem sido o gasto de nosso tempo, mas não refletimos nem por um instante antes de desperdiçar nosso tempo livre com tais avaliações. Vemos a organização como um peso extra, quando ela é, na verdade, a única arma que temos contra as dezenas de pesos mentais que nos são constantemente impostas.

Mas é claro, a organização não é uma cura universal para todos os problemas de gerenciamento de tempo, e tampouco é algo fácil. Se organizar não é uma tarefa, é um processo, e um processo longo. Precisamos testar várias formas de colocar as atividades em ordem, e errar — muito! — antes de encontrar a forma ideal — e nem mesmo ela será perfeita. Depois, precisamos ter a disciplina de seguir nosso planejamento, e a flexibilidade de adaptá-lo às intercorrências do dia-a-dia. Por fim — e esse talvez seja o maior desafio — precisamos, ainda, decidir nossas prioridades, e decidir o que tem ocupado nosso tempo em vão — e abandonar aquilo que não nos agrega nada.

Todavia, é extremamente gratificante conseguir vencer algo que poderia ter sido uma barreira intransponível, e me traz um gigantesco alívio saber que a volta às aulas não foi — ao menos a princípio — um impedimento para minhas paixões. Coloquei minhas tarefas no papel, analisei cuidadosamente o tempo que vinha gastando com minhas atividades, elenquei prioridades da melhor forma que pude… Enfim, me organizei da melhor maneira possível. Tirei das minhas costas o peso de pensar a todo momento no que tinha de ser feito e pude apreciar o que já tinha feito. Tirei da minha mente a culpa por não estar fazendo o melhor uso do meu tempo e pude preenchê-la com a sensação de dever cumprido. E, finalmente, pude aproveitar melhor os bons momentos, e continuar a busca por fazer aquilo que amo.

Para encerrar este texto faço, então, um convite àqueles que alegam sentir-se oprimidos pela rotina ou pela organização. De fato, a diversidade humana deve compreender também àqueles feitos para o caos. Se você, contudo, se sente constantemente estressado ou ansioso: já tentou arrumar um pouco a bagunça dentro de si? Não por moralismo, mas pelo simples motivo de que a vida sozinha é pesada o bastante, para que acrescentarmos às nossas costas o peso mental da constante reflexão sobre o tempo? Ora, fazer o que amamos não devia gerar culpa, e buscar a satisfação pessoal não deveria parecer impossível — que dirá nos gerar ansiedade. Então você, leitor, me responda: que tal soltar esse peso gigantesco e sacudir os ombros?

Obrigada por ler este texto! Me diga de você: qual sua relação com a organização? Você a trata como obrigação ou justamente como uma estratégia de aliviar o peso dos seus demais compromissos? E que estratégias você usa para se organizar? Me conte aqui nos comentários!

Como sempre, se tiver gostado, não se esqueça de deixar seus aplausos (de 1 a 50) e de mandar para algum amigo que você acha que pode se beneficiar lendo isso. E, caso queira acompanhar os próximos textos, me siga nas redes sociais. Até semana que vem!

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Blog movido para o prontuario.substack.com. Posts no Medium são anteriores a 2021, no Substack estou buscando “outra pegada”. Mas gosto desses textos, e espero que gostem também!

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