Carta ao meu avô William — eu sinto sua falta

Essa semana eu perdi a correntinha que o senhor me deu e eu já revirei tudo aqui, não sei mais onde procurar.
Perdê-la me fez sentir um vazio enorme. Como se eu tivesse que, pela primeira vez desde a sua morte, lidar com a sua partida.
Eu coloco a mão no meu pescoço na esperança de encontrá-la e nada.. já pedi a São Longuinho, fiz promessa, tentei de tudo…
A verdade é que eu te sentia perto de mim quando usava esse colar. Era acolhedor.
Já se passaram 2 anos…
Sabe vô, eu sinto saudade de você. Do seu abraço apertado, de chegar em SP e saber que encontraria a geladeira cheia de frutas e de te ver sentado na poltrona apenas observando a família toda reunida.
É vô, a sua partida me fez em pedaços e eu não consegui me recompor por inteiro ainda, mas eu to tentando… dia após dia!
Passei muito tempo martelando na minha cabeça detalhes da sua morte e buscando lógica onde não existe nenhuma explicação.
Eu me culpei por não ter tido capacidade de te ajudar e por não ter conhecimento de primeiros socorros. Realmente acreditei que se eu soubesse o básico, as coisas seriam diferentes.
Mas não foi assim que aconteceu e por isso eu peço desculpa.
Desculpa por não saber o que fazer naquele momento. Ver o seu sofrimento, sem poder ajudar, me destruiu…
Nos últimos 2 anos eu tentei não mexer muito nas lembranças que tinha com o senhor, te deixei guardado a 7 chaves e só queria esquecer tudo, coisas boas e ruins.
Só que perder essa corrente me fez perceber que não quero te esquecer, eu não quero perder as lembranças, eu quero carregá-las comigo, porque eu te amo tanto!!!
Eu me blindei para não precisar sentir, mas eu te escrevo agora, chorando, e com uma saudade imensurável.
Meu avô querido, me perdoe por me distanciar… te quero comigo sempre!!!
Talvez não encontre nunca mais essa corrente, mas o que vivemos juntos ninguém conseguirá tirar de mim.
Um beijo enorme da sua pitchuquinha.
Gabi