Morning News. MORA, Francis Luis (1912)

editorial: prosa sobre o futuro

Bruno Seri
prosajornal
Published in
4 min readOct 5, 2017

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Editorial edição_um

AApresento a vocês a segunda publicação do prosa. Direto das nossas cabeças fervilhantes de tanto pensar para fechar os textos. Nas últimas semanas temos pensado sobre a situação da USP, e como o Brasil não aguenta ficar um dia sem dar uma notícia bombástica na política (já concorrendo com House of Cards), também foi inevitável pensar onde tudo isso vai parar. Fugindo um pouco do caos a nível federal, e aproveitando o processo de troca de gestão na reitoria da nossa amada universidade, focamos na questão sobre futuro da USP.

Como não se vive só de coisas sérias, preparamos um guia de lazer pela ilustre São Carlos. Mas também descemos para as raízes do Brasil, demos uma volta por Minas e ainda deu tempo de ver o circo (quase) pegar fogo no debate entre os reitoráveis. Nosso querido CAASO também apresenta aqui a mais nova chapa eleita.

Nessas próximas linhas, traço um quadro das impressões sobre o que acontece e o que virá:

TTodos sabemos que a USP passa por uma crise financeira. Participando do debate entre os reitoráveis hoje (05/09) de manhã, vejo que alguns estão esperançosos e ativos para sair da crise, mas outros parecem ignorar completamente os efeitos negativos das propostas de austeridade para a USP. No meu segundo ano de universidade, já ouvi várias vezes e de diversas formas a frase “Isso era pra acontecer mas infelizmente não temos verba”. No meu departamento, disciplinas não são oferecidas mais por falta de verba. Em diversos cursos da FFLCH, salas são lotadas além da capacidade para conseguir oferecer disciplinas a todos os matriculados, em razão da falta de docentes. A terceirização de alguns serviços, como o Restaurante Universitário em São Carlos, foi feita sem nenhuma transparência ,levantando muitas dúvidas a respeito da real razão. Alunas do curso de obstetrícia reclamam de estágios ameaçados por falta de docentes, parte essencial da formação para se exercer a profissão após o egresso.

Cada um segue uma vida universitária diferente, porém penso que um sentimento comum entre todos é a distância da USP como instituição. Nossa identificação é muito mais forte com os Centros Acadêmicos, e a falta de transparência que ainda existe em muitos órgãos e institutos nos deixa ainda mais desamparados, sem saber das discussões e decisões que irão afetar nosso futuro. Apesar de sermos pouco ouvidos e deixados de lado em várias decisões, nós como estudantes também queremos uma USP forte. Nós queremos contribuir com o tripé pesquisa, ensino e extensão. Para citar exemplo, o CA da Engenharia de Produção- EESC colabora ativamente e leva questões para o departamento sobre melhorias no curso de graduação.

O Centro Acadêmico Oswaldo Cruz (Medicina- capital) compareceu ao debate dos reitoráveis, pedindo aos candidatos das chapas que assinassem um termo de compromisso com o Hospital Universitário. O Hospital realiza atividades de pesquisa, é essencial no ensino dos cursos de saúde, e ainda oferece atendimento a 600 mil habitantes na zona Oeste de São Paulo. É o único hospital secundário da região, atende às deficiências do SUS, e sofre dos graves cortes no quadro de funcionários com os programas PIDVs, além das tentativas de desvinculação do HU da universidade por parte da reitoria.

Numa instituição que tem como tripé a pesquisa, a docência e a (elusiva) extensão, um corte de recursos humanos, que são a base de cada um desses fundamentos, me parece um caminho certo para a perda de qualidade. Tenho plena consciência dos desafios de uma baixa arrecadação no ICMS (e consequente baixo repasse às três Estaduais), porém demitir sem nenhum planejamento de futuro é destruir o maior bem da USP: o capital humano e conhecimento. Isso não me parece uma solução sustentável se a universidade quer chegar ao seu centenário, em 2034, como uma universidade soberana e de referência nacional e mundial.

No debate de hoje um dos candidatos afirmou que na eleição para reitoria da USP há opções tanto para a mudança, a reestruturação, com propostas de diálogo e de restaurar sua soberania e excelência, quanto continuar às cegas o projeto que aí está, e manter as práticas da gestão Zago. Cabe a nós pressionar pela melhor opção dentre ambas, e esperar que a escolha do governador Geraldo Alckmin reflita os anseios da comunidade Uspiana. De qualquer forma, eu continuarei defendendo a USP como instituição exemplar e vital para o país, e assim espero que seja por muitos anos além.

Agradecimentos especiais ao FoCA: Grupo de Fotografia CAASO; e ao CAOC: Centro Acadêmico Oswaldo Cruz, que nos ajudaram nesta edição.

Fazem o prosa: Bruno Seri, Luiza Martins, Carolina Troncon, Carolina Moraes, Luiza Furlan, Luísa Scrideli, Isabela Fernandes, Bruno Motta

comente que ficamos felizes :)

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