A Grande Onda
Estou correndo, tentando achar um bom lugar para me esconder. Todos estão fugindo, entram em seus carros e saem acelerados, é hora de se salvar.
Uma sirene está tocando, pessoas gritam, avisam sobre a grande onda que se aproxima.
Encontro um automóvel vazio, me escondo no banco de trás e percebo que não estou sozinha, peço que me ajudem, me levem com eles. Saímos correndo, posso ver a onda pelo retrovisor, no horizonte.
Seguimos para a serra, é o local mais alto e mais próximo em que podemos chegar. Encontramos uma pousada, subimos as escadas correndo, tropeçando, enquanto as ruas são inundadas. Estamos ilhados, nós e os hóspedes, mas isso não significa segurança, precisamos fugir, ir para o centro do país, onde a água não nos alcançará.
Começamos a pensar num plano de fuga, reunimos todos no salão de eventos, teremos meia hora para juntar o que é mais importante e nos encontraremos lá novamente, partiremos em comboio e pelo meio do asfalto, que é mais alto do que as beiradas da rua e, portanto, mais raso. O subsolo foi alagado, temos à disposição somente os veículos que estavam no primeiro piso da garagem, mas é o suficiente, nem que tenhamos de ir um pouco apertados.
Seguimos batendo de porta em porta, avisando a todos, encontramos vários tipos de pessoas e aprendemos um pouco mais sobre os “humanos”. Uma moça vem nos avisar aflita que o canil da pousada está cheio, pois algumas pessoas, na correria, abandonaram seus bichinhos de estimação. Decidimos: levaremos todos! Cada um levará dois por carro, eles não ficarão para trás.
Um senhor de idade, cadeirante, nos pede ajuda, alguém precisa carregá-lo. Pede desculpas, pois sabe que estamos correndo contra o tempo. Mas ninguém se importa com o relógio, ele é posto dentro de um furgão, juntamente com sua cadeira, e preso com cintos.
Faço uma revista em todos os cômodos da pousada, estou à procura de mantimentos. Pego tudo o que encontro, isso incluiu alguns pacotes de biscoitos salgados e doces que ficavam à disposição dos hóspedes em seus quartos.
Estamos prontos! Cada grupo dentro de seu veículo, sairemos em fila, seguindo o dono da pousada, temos um objetivo traçado: o planalto central.
Ouço um alarme, o que seria aquilo? Talvez um novo aviso?
Abro os olhos, estou em minha cama…