Como a negatividade corrói seu desenvolvimento profissional?
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Então, topa um papo reto? Porque eu não vou falar da negatividade dos outros, ou da negatividade do ambiente. Eu vou falar sobre você ser negativo, beleza?
Caso você esteja meio sensível, meio no canto, meio “ó vida / ó céus / ó azar / ninguém me ama / ninguém me quer”, melhor deixar pra ler outra hora.
Mas se por outro lado você topar analisar o cenário em terceira pessoa, bora pro rolê, vai valer a pena.
Pra começar, deixa eu te dizer que não se trata de análise fria, nem de passar adiante algo que eu tenha lido ou ouvido.
Vou dividir contigo aqui, numa boa, uma parada que eu vivi na pele uns anos atrás, e também te dar uns toques sobre como contornei a parada. Ou seja, depoimento de gente que faz, e não julgamento leviano.
Na minha primeira mudança de emprego entre multi nacionais, eu saí quebradão mesmo, sofria pra caramba com o fato de ser vacilão demais no meio de um monte de cobra criada.
Daí você já imagina né, um jovenzinho cheio de energia, boa vontade, firmão nos valores pessoais, sendo sapateado sistematicamente.
Beleza, tomei coragem, mudei de firma, mas não mudei como indivíduo. Daí é aquilo né, só carreguei o problema pro novo endereço, e a história obviamente se repetiu.
Nego pisando na minha cabeça, me fazendo de trouxa, e eu lá, todo tristonho achando que o problema eram os outros e não eu.
E o pior de entrar nessa vibe não é o fato em si, mas sim a atitude de terceirizar a culpa pelo que estava acontecendo. Eu achava mesmo que a vida deveria ser o fantástico mundo de Bob, e ficava mal em ver que não era bem assim.
Foi quando entrou na minha mente aquele que considero o mais tóxico dos pensamentos: comecei a achar que não tinha jeito, que eu tinha que me resignar e dançar conforme a música.
Tipo, se o mundo é mau e eu sou bonzinho, então que assim seja. Vou ficar firme aqui no meu comportamento, e se os outros me pisarem, fazer o que né?
Pra entrar numa depressão pesada foi um pulinho. E quando eu falo pesada, to falando daquela que você nem consegue definir como depressão, aquela que te pega de surpresa sabe?
Quase não dormia de noite, e quando cochilava meu bruxismo era tão forte que várias vezes minha mulher me acordava com medo de eu morder a língua, de tão barulhenta que era a cacetada que meus dentes davam quando eu batia eles.
E rangia também, muito. De acordar com o maxilar travado no outro dia, dor de cabeça… cabelo caindo, olheira, tipo isso.
Eu tinha só 28 anos.
Cheguei no fundo do poço mesmo quando comecei a trazer marmita de casa, pra poder almoçar dentro do meu carro — no estacionamento — pra não ter que interagir com ninguém, tamanha a vontade de me isolar que eu sentia.
Daí pra ter queda de performance foi outro pulo. E quando você faz hedge de contratos futuros, quando você atua no mercado de derivativos, um erro pode significar prejuízos de milhões. Obviamente que essa pressão toda me corroía ainda mais.
Mas chegar no fundo do poço tem suas vantagens. Ou você levanta e tenta sair dele, ou acaba com tudo, deita, e fica por ali mesmo né?
Ainda bem, ainda bem mesmo, que eu tinha gente boa do meu lado — pouquíssimas no ambiente profissional, e várias fora dele — que me ajudaram a enxergar através de muito papo reto que o problema era o que eu construía na minha mente, e não o que acontecia ao meu redor.
Duro de encarar hein? Muito mais fofo jogar a culpa em alguém, ir pro canto e se resignar porque “o mundo não muda mesmo, fazer o que”, e viver aquela vida barroco-dramática que quando você conta todo mundo fica com peninha e te dá migalhas, pra que pelo menos na míngua você não fique.
Percebe a sutileza?
Interpretar tudo ao seu redor de forma negativa te põe pra dentro de um mundo virtual, criado por você e que só existe dentro da sua própria mente, sendo essa de fato a causa real de toda a intoxicação que você passa a sofre a partir dali.
É você, sabotando você mesmo.
Cara, quando caiu essa ficha, foi muito bad. Confesso que de cara eu não tentei escalar o poço não, eu deitei gostosinho lá no fundo, na escuridão, numas de esperar a morte chegar mesmo sabe?
Passou um tempo, eu olhei ao redor e comecei a ver que tinha algumas coisas que continuavam exatamente iguais ao que estavam antes de eu deitar, eu outras pioraram.
Num click de consciência eu concluí que se ficar deitado não resolvia, talvez ficar em pé poderia fazer a diferença.
No começo nada mudou tá. Nada mesmo. Não, péra, teve uma coisa que mudou sim. Mudou a forma como eu passei a encarar o cenário.
Meus bullies continuavam lá, as atitudes deles continuavam as mesmas — agressividade passiva, ironia, sarcasmo, sabotagem — mas eu não reagia da mesma forma. Comecei a dar o troco e ver que ninguém morria, que eu não era demitido, e que na verdade o jogo era exatamente esse. Quem me tratava bem esperava ser bem tratado em troca, mas que me tratava mal meio que já esperava porrada devolutiva, era assim que a vida funcionava, feliz ou infelizmente.
Quando os contratos futuros começavam a oscilar e minha cobertura ficava ameaçada, mais simples ainda. O que eu tinha aprendido na faculdade? Vende aqui, compra ali. Faz conta, liga pras mesas dos bancos, olha Londres, olha NY, olha BMF&Bovespa, sei lá, dá seus pulos poxa, você tá aqui pra isso afinal, ou tá aqui pra ficar desesperado chorando as pitangas?
De repente você tá passando por isso agora, de repente já passou… pensa bem: a forma como a gente interpreta os fatos faz ou não faz diferença nos efeitos que eles passam a ter na nossa vida?
O que quero dizer é que quando fatos negativos — sobre os quais a gente nem sempre tem gestão — se transformam em pensamentos recorrentes negativos, é que a gente se envenena de verdade.
E do mesmo modo que a gente não tem gestão sobre os fatos, por outro lado a gente tem gestão total sobre os nossos pensamentos. Pode até ser difícil e trabalhoso, mas cara, essa responsabilidade é nossa.
A forma como a gente encara o que acontece é que pode, de verdade, destruir ou construir a gente de vez, concorda?
Profissionalmente é a mesma coisa. Já estive desempregado, mal empregado, empregado, e se hoje estou bem é muito mais porque eu quis que fosse assim, do que porque alguém teve peninha de mim e decidiu que era hora do meu sofrimento acabar.
Sabe por que? Porque a partir do momento que eu resolvi definir como as coisas me afetariam, eu pude de verdade ser o cara gente boa com quem merece, e gente dura com quem merece também. Eu pude expressar minha criatividade e meu potencial sem me importar com o que diriam ou pensariam. Eu pude aceitar e recusar as coisas sem ofender ninguém, e pude me dedicar de corpo e alma ao que aceitei fazer, debaixo de chuva ou debaixo de sol.
Só quando eu decidi que não queria mais alimentar pensamentos negativos, eu pude criar as oportunidades de viver a vida positiva que sempre quis — e continuo querendo — viver.
E você, no que está pensando agora?
Esse pensamento aí, te constrói ou te destrói? A decisão é só sua, a responsabilidade também.
E os frutos também.
Rodrigo Giaffredo
Co-fundador da Super-Humanos Consultoria, a empresa criada pra fazer do Brasil a maior escola de agentes da transformação digital do mundo! Conhece alguém que se interessaria por algo assim? Indique a gente!
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